Área tem ganhado destaque, servindo como base para geração de dados e planejamento de ações contra o coronavírus (Foto: Géssica Leine/UFJF)

Em tempos de crise, como a disseminada pela velocidade da propagação de contágio da Covid-19, o conhecimento baseado na análise, no processo e no entendimento de números, permite compreender a mutação do vírus, assim como estimar o impacto causado pela doença e como medidas protetivas, por exemplo, o isolamento social, podem diminuir a quantidade de vítimas. Para abordar o tema, o professor do curso de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com atuação no campo da Saúde Coletiva, Alfredo Chaoubah, aponta como os profissionais têm trabalhado junto ao enfrentamento do novo coronavírus.

Para compreender a utilização das estatísticas é necessário rever todo o histórico do contágio da doença. A partir de um primeiro momento, um vírus sofre uma mutação e consegue saltar de um animal para um ser humano. Em seguida, surge o primeiro caso de infecção e, em um espaço de aproximadamente cinco meses, passa a existir uma pandemia mundial que deixa mortos e curados pelo caminho. Todas essas questões podem ser descritas por fórmulas, como, por exemplo, as de número básico de reprodução, intervalo serial, razão caso-fatalidade, entre outras, desenvolvidas a partir de temas mais específicos a serem considerados diante de cada grupo, região ou país.

“São utilizados modelos matemáticos para estimar o número de casos em diversos cenários, auxiliando os tomadores de decisão”

De acordo com Chaoubah, a área tem ganhado muito destaque diante da pandemia, pois a definição das políticas de enfrentamento vem sendo baseadas em estudos epidemiológicos. “São utilizados modelos matemáticos para estimar o número de casos em diversos cenários, auxiliando os tomadores de decisão, por exemplo, a determinar o número de vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) necessárias em determinadas regiões. Ao observar a tendência da quantidade de casos, podemos avaliar o melhor momento para o relaxamento da política de afastamento social.”

Para a realização do trabalho, inúmeros fatores são considerados para perceber o quanto o vírus pode afetar determinados grupos ou localidades. Chauobah ressalta a importância de se considerar aspectos sociais, culturais, ambientais e econômicos para o desenvolvimento dessas estatísticas. “Isso nos permite estudar os fatores que influenciam diferentes taxas de letalidade da covid-19 entre regiões. Por exemplo, ao analisar a evolução do número de casos em Los Angeles e Nova Iorque, observou-se determinados aspectos na estrutura das cidades e que as formas de utilização de meios de transporte eram as possíveis causas da grande diferença nas taxas de incidência.”

Aplicabilidade
A aplicabilidade estatística é uma ferramenta utilizada em todos os campos de conhecimento, ao qual, os responsáveis são preparados para se comunicar adequadamente com profissionais das mais diversas áreas, que embora utilizem ferramentas em comum, possuem uma linguagem específica. Chauobah explica como o trabalho tem sido fundamental na oferta de possíveis soluções para a diminuição de casos. “As análises estatísticas mostraram que as políticas de afastamento social são as mais adequadas para a redução de casos. Foram elas que forçaram os governos de Itália e Reino Unido a adotar políticas de restrição, a partir do estudo da curva de tendência de mortalidade. 

Além disso, o professor explica como os dados estatísticos contribuem para determinar se uma medicação pode ser eficaz ao enfrentamento do vírus. “A cloroquina apresentava-se como algo muito promissor para os tratamentos. Porém, para que um medicamento seja utilizado em certa doença, são necessários testes clínicos. Nestes casos observou-se que o medicamento não vem apresentando resultados satisfatórios. Para chegarmos a essa conclusão foram utilizadas ferramentas estatísticas em suas diversas fases”, finaliza.

Acompanhe a UFJF nas redes sociais
Facebook: UFJFoficial

Instagram: @ufjf

Twitter: @ufjf_

Youtube: TVUFJF