Com as notícias sobre o alto número de casos de pessoas curadas do novo coronavírus (Covid-19), o médico infectologista do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rodrigo Souza, aponta sobre as possibilidades da utilização de anticorpos de pacientes já infectados para o avanço de pesquisas na busca por medicamentos e vacinas e explica que até o momento a reinfecção pelo vírus é considerada improvável.
Segundo dados coletados pelo Centro de Ciência e Engenharia de Sistema da Johns Hopkins Whiting School of Engineering, há 145.696 casos de pessoas curadas do coronavírus em todo o mundo. O dado é significativo por equivaler a um número 4,5 vezes maior do que o número de óbitos. Em relação às possibilidades de tratamento do quadro epidemiológico, o infectologista do HU explica que os anticorpos contra o coronavírus são formados a partir do décimo dia da aquisição da doença, sendo que, cinco dias depois do aparecimento dos sintomas, os anticorpos IGG e IGM começam a atuar na defesa do corpo. “Esses anticorpos, após serem purificados, podem representar uma possibilidade de tratamento, mas serão necessários estudos de toda a imunoglobulina e todo o soro que é aplicado, pois existe o risco de reações, por exemplo, as alérgicas, que variam de uma pessoas para a outra.”
Souza aponta que a reinfecção pela Covid-19, desconsiderando alguma possível mutação do vírus, é improvável, sendo que estudos têm sido realizados a partir da ideia de que as pessoas já infectadas se tornam imunes. Apesar dessa possibilidade, alerta sobre a rotina de cuidados com a higiene, pois existem outras doenças que também são transmitidas por vias respiratórias, como é o caso da Influenza. “É necessário manter os mesmos cuidados como a higienização das mãos, a utilização de álcool em gel quando não houver água e sabão, e também manter a etiqueta ao tossir. Todas as viroses podem ser transmitidas da mesma maneira, inclusive o influenza H1N1.”
O fato de o doente não sentir mais os sintomas não significa a cura do problema. Souza alerta que para avaliar a situação de recuperação total seria demandada a realização de exames repetidos mais de uma vez, mas com a falta desse recurso a recomendação é cumprir o prazo de isolamento e ficar atento aos possíveis indícios. “Consideramos, em regra geral, que 14 dias após o início das ocorrências, a pessoa já pode voltar para o convívio. Mas também há uma recomendação que, caso haja contato com pessoas de um risco maior, talvez esse distanciamento deva ser prolongado para quatro semanas. Já para os profissionais de saúde, há uma discussão sobre a realização de alguns exames antes de poderem voltar aos atendimentos.”
Além disso, Souza afirma que todo o conhecimento sobre esse novo coronavírus está sendo construído e ainda não existem verdades absolutas. “Todas as pessoas que afirmam ter certezas de alguma coisa estão baseadas em regras gerais, dos outros coronavírus, ou de outras viroses respiratórias. Só vamos ter muito claras as regras depois que os estudos que estão sendo conduzidos neste momento estejam publicados. Até o momento temos estudos sem muito controle e sem muita informação de metodologia científica. Só o futuro vai garantir uma informação de qualidade inequívoca.”
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