A Diretoria de Inovação (Dinova) tem como atribuições conduzir a política de inovação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), envolvendo três esferas de atuação. A primeira, que responde pela maior parte de suas ações, está associada ao trabalho desenvolvido pelo Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), cujas atividades principais são a proteção ao conhecimento e a transferência de tecnologia (reunidas no Núcleo de Inovação Tecnológica – NIT); o fomento ao empreendedorismo; e o treinamento, que mira o atendimento à demanda de capacitação de pessoas e de empresas em temas variados, favorecendo o incremento da formação para o mercado e a elevação do desempenho das empresas, associações e órgãos públicos que interagem com a UFJF.
Em segundo lugar, cabe, também, à Diretoria de Inovação, conduzir ações mais abrangentes na Universidade, ligadas às empresas juniores e equipes de competição, bem como a atores diversos com atividades que impactam no desempenho da UFJF na área de inovação. Assim, a Diretoria opera como esfera de mediação entre tais atores, a Administração Superior e parceiros externos. Nesse caso, conta também com a interação com o Grupo de Trabalho Inovação, Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia (GT-Inovação), do campus avançado de Governador Valadares.
Por fim, a Dinova cumpre um papel importante na articulação da UFJF com a sociedade, mirando o desenvolvimento regional e a dinamização do ecossistema de inovação e empreendedorismo de Juiz de Fora e Governador Valadares e das regiões que abrigam a Universidade.
Proteção ao conhecimento e à transferência de tecnologia
No Critt, os números obtidos no ano de 2019, na proteção ao conhecimento e à transferência de tecnologia foram significativos: 13 patentes depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI); quatro concedidas (num total de oito, em toda a história da UFJF); dois pedidos de registro de software e um pedido de registro de marca. Na transferência de tecnologia, sem mencionar os projetos em tramitação, foram firmados 27 contratos de prestação de serviços, dois de Pesquisa e Desenvolvimento e ainda encontra-se em curso a negociação de um contrato de licenciamento de tecnologia gerada na Universidade
Segundo o diretor de Inovação da UFJF, Ignacio Delgado, o setor passou por uma profunda reestruturação, com o agrupamento da Proteção ao Conhecimento com a Transferência de Tecnologia, em meio à tramitação da política de inovação tecnológica no âmbito da Universidade, o que, naturalmente, gerou alguma incerteza no andamento dos acordos com parceiros externos. “Todavia, avançou-se bastante nas medidas para mapeamento e valoração das tecnologias existentes na Universidade. As iniciativas projetadas para fortalecimento do setor – combinadas à aprovação da política de inovação da UFJF, em março de 2020 – prometem, para este ano, um incremento expressivo no desempenho da proteção ao conhecimento e da transferência de tecnologia na UFJF”, afirma o diretor.
Ignacio acrescenta, ainda, que “vale registrar as inúmeras atividades desenvolvidas pelo NIT – workshops, cursos, seminários, apresentação de trabalhos em eventos, representação da UFJF em redes no estado e no país – orientadas à promoção da cultura da proteção ao conhecimento na Universidade e junto a parceiros externos”.
No Setor de Empreendedorismo do Critt, o destaque foi o programa Speed lab, uma iniciativa cujo foco é a pré-aceleração, mirando a formação de novas startups. Foram realizadas três edições no ano de 2019, com mais de 100 participantes, 39 startups inscritas, sendo que, delas, 20 concluíram o programa. Foram promovidas, também, três oficinas de ideação e modelagem de negócios, além da promoção e participação em diversos eventos de fomento ao empreendedorismo, como o Hackathon Saúde, Gestão e Inovação, em Governador Valadares; a Maratona Cidade Empreendedora e Sustentável; o E-Cidades, em parceria com o Sebrae; e o Class to Market, em parceria com a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, cujo intuito foi identificar projetos de pesquisa, com potencial de mercado, de professores, alunos de iniciação científica, mestrandos e doutorandos.
O Critt teve aprovado, também, na Fundação de Amparo è Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o Programa de estímulo à criação de Spin-offs acadêmicas na UFJF, que irá mapear os recursos e a infraestrutura científica e tecnológica da Universidade e desenvolver, em parceria com o Centro de Educação a Distância (Cead), um curso de aperfeiçoamento em Empreendedorismo Tecnológico para capacitar alunos, técnicos, professores e pesquisadores em tais temas.
Em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF-Sudeste), o Setor de Empreendedorismo mobilizou a comunidade acadêmica para programas como o Tríplice Hélice e o Centelha, do Governo Estadual. Nesse último, que visa capacitar e financiar os primeiros passos de novas startups, o Critt foi credenciado como parceiro. “Importa, também, mencionar o credenciamento nos programas Nexos, do Sebrae e Creative Startups, da Samsung com a Anprotec. São programas de conexão entre grandes empresas e startups de tecnologia, que poderão contar com o suporte da Incubadora de Base Tecnológica (IBT)”, salienta Delgado.
Adensamento do empreendedorismo
O diretor ainda registra a introdução de uma nova dinâmica de interação das startups e empresas incubadas com potenciais parceiros, com a realização de encontros no Critt com empresas da cidade e órgãos públicos, como a Santa Casa, a Unimed e a Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, em alguns casos resultando em tratativas para realização de parcerias. “Hoje, cinco empresas estão incubadas no Critt e três já estão graduadas e com parcerias com a UFJF, vinculadas ao condomínio de empresas”.
Para adensamento do setor de empreendedorismo, foram negociados recursos de emenda parlamentar, a serem utilizados em 2020, visando a montagem plena do Laboratório de Ideação e Prototipagem Rápida, cuja instalação já foi iniciada e será concluída no ano em curso. Nesse sentido, dando materialidade a uma grande aspiração dos colaboradores do Critt, da comunidade acadêmica e de todo o ecossistema de inovação e empreendedorismo de Juiz de Fora e região, em novembro de 2019 foi inaugurado o Coworking do Critt, que ficará sob a gestão do Setor de Empreendedorismo, mas vai estimular, também, as ações para a transferência de tecnologia e o treinamento. O lançamento do edital para sua utilização está previsto para janeiro de 2020.
Dinamização do setor de Inovação
Em outubro do ano passado, o Setor de Treinamento no CRITT promoveu a Semana Qualifique-se, que alcançou sua 5ª edição, além de diversos cursos, versando sobre Propriedade Intelectual, Aplicações Financeiras de Startups, Planejamento 5W2H e SWOT, Programação Neurolinguística, Gestão de Mídias sociais, SCRUM, Contabilidade, Gestão ágil de projetos, e Auditor Líder. “Também foi concluída a tramitação do convênio firmado entre a UFJF e a Fadepe que vai permitir a dinamização do setor, com uma oferta mais diversificada de cursos para pessoas da UFJF e parceiros externos. O ano de 2020 promete muito para o Setor de Treinamento no Critt”, vislumbra o diretor.
O CRITT viveu, em 2019, um intenso processo de debate sobre sua atuação. No início do ano foram definidas as perspectivas básicas para seu planejamento estratégico. Retomou-se com força a gestão da qualidade, mirando a certificação ISO 9001:2015, procedimentos foram refinados e encontra-se em curso a formulação de medidas para aperfeiçoar, ainda mais, a gestão na área de informática e comunicação. Segundo Delgado, a conclusão de tais processos depende da aprovação da política de inovação da UFJF e da finalização de parcerias com a Fadepe, “que acentuem a flexibilidade operacional do CRITT na gestão do setor de empreendedorismo, na gestão de recursos associados à transferência de tecnologia e que fortaleçam, em seu conjunto, a atuação do órgão na identificação de possibilidades de interação com empresas, órgãos públicos e associações da sociedade civil, envolvendo mais intensamente a UFJF, com a disseminação da cultura e das atividades ligadas à inovação em seu interior. Mas caminhou-se bastante em 2019 e em 2020 o impacto da atuação do Critt será ainda maior”.
Apoio às equipes de competição e empresas juniores
Em 2019, a Diretoria de Inovação deu continuidade às medidas de apoio às equipes de competição e empresas juniores para participação em eventos, conforme regulamentação definida em 2017 e 2018, num quadro, contudo, de restrições orçamentárias. Estão em andamento, também, tratativas para minimizar os dilemas de espaço que afetam a atuação das equipes de competição e empresas juniores, bem como formatadas medidas de apoio mais permanente a esses atores de enorme relevância para a inovação e o empreendedorismo na UFJF. “São dois desafios a enfrentar com mais vigor em 2020”, projeta.
Em colaboração com a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC), o Critt participou da montagem do MBA em Inovação e Empreendedorismo, inspirado no modelo do Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico (Miete) da Universidade do Porto, em Portugal, a partir de interações estabelecidas pela Diretoria de Inovação.
Projetos com impacto em Juiz de Fora e região
Articulações mais abrangentes foram iniciadas com o propósito de envolver pesquisadores da UFJF em projetos que podem ter profundo impacto para o desenvolvimento de Juiz de Fora e região. Um dos destaques foi a atuação conjunta com a Fadepe e a Prefeitura de Juiz de Fora para a criação de ambientes promotores de inovação em áreas diversas, que vão desde a agricultura familiar até a produção de biocombustíveis, no âmbito da Plataforma de Bioquerosene e Renováveis da Zona da Mata Mineira.
Na mesma direção, destaca-se o envolvimento da UFJF, através da Diretoria de Inovação e da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp) – também com participação da Fadepe e da PJF – no programa Combustíveis Alternativos sem Impactos Climáticos (ProQR), uma parceria do Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear (BMU), da Alemanha, com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) brasileiro.
Duas visitas da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) – Agência Alemã de Cooperação Técnica – foram feitas à UFJF, para apresentação de expertises da Universidade e para conhecimento, de seus pesquisadores, da iniciativa Power to Anything, em curso na Europa, e da rota Fischer-Tropsch para produção de combustível limpo para a aviação. Torsten Schwab, representante alemão no ProQR, esteve na UFJF nas duas oportunidades e tem participado de interações com a administração da UFJF e pesquisadores da Instituição para verificar as possibilidades de integração da Universidade no Programa.
Participação da Dinova em arranjos coletivos de cooperação
Outras ações para o desenvolvimento de arranjos coletivos de cooperação, com impacto no desempenho da UFJF nas atividades de inovação, têm sido conduzidas, envolvendo diversas agências, “sinalizando para projetos marcados por um perfil de maior colaboração entre pesquisadores da Instituição”, argumenta Delgado. Em mira, a construção de ambientes promotores de inovação – no momento, destacadamente – nas áreas de saúde, agricultura, energia, combustíveis, soluções ferroviárias, mas com a permanente perspectiva de sua ampliação, considerando as expertises existentes na Universidade.
A Diretoria de Inovação tem participado, também, ativamente, em fóruns ligados à promoção do desenvolvimento local e regional. Um dos destaques é a presença no Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação (Comdeti), através da qual colaborou na formulação da proposta a ser objeto de deliberação, pelo Legislativo Municipal, da política de inovação de Juiz de Fora.
Na Agência de Desenvolvimento de Juiz de Fora e Região (ADJFR), a Diretoria de Inovação representa a UFJF e colaborou na promoção de seu fórum regional. Em 2019, teve continuidade a atuação do Grupo de Trabalho Desenvolvimento e Inovação na Mata Mineira (GDI-Mata) que se ampliou – e se converteu – ao que veio a ser denominado GDI-Mata e Vertentes, com a incorporação das universidades federais de Viçosa (UFV) e São João del-Rei (UFSJ), além do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet) de Leopoldina.
Há perspectiva, ainda, de integração da Universidade Federal de Lavras (UFLA), reunindo instituições de pesquisa, associações empresariais e poder público das duas regiões. De acordo com o diretor de Inovação, “no início de 2020 está previsto o primeiro encontro da nova rede”. Por fim, o Setor de Empreendedorismo do Critt participa da Rede Mineira de Inovação (RMI), que reúne incubadoras e parques tecnológicos do estado, enquanto o NIT participa da Rede Mineira de Propriedade Intelectual (RMPI), que agrupa os NITs das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) mineiras, além da presença em fóruns nacionais como o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC), a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), dentre outros.
Para Delgado, é importante registrar as iniciativas do Grupo de Trabalho Inovação, Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia, (GT-Inovação) do campus de Governador Valadares da UFJF. Além do Hackaton Saúde, Gestão e Inovação, o GT-Inovação, criado em 2018, realizou seminários, como o Fórum Inovação; colaborou com o Desafio de Inovação de GV, com participação de docentes e estudantes do campus, bem como promoveu o I Simpósio IDEA – Inovação, Divulgação e Empreendedorismo Acadêmico. “Ademais”, continua o diretor, “articulou um protocolo de intenção de cooperação, junto com outras Instituições de Ensino Superior (IES) locais e a Prefeitura de Governador Valadares para ações de fomento à inovação na região, atestando o compromisso do GT-Inovação com o desenvolvimento regional”. No momento, está em planejamento a montagem do 1º Coworking no campus avançado, para fomentar projetos da UFJF-GV.
Política de Inovação deve impulsionar atuação da UFJF
Ignacio Delgado afirma que, mesmo com todas as dificuldades, 2019 foi um ano profícuo. “Além do que foi exposto, diversas tratativas têm sido realizadas para viabilização do Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região (PCTJFR)”, informa. No âmbito da UFJF, em Juiz de Fora e Governador Valadares, foram intensamente debatidas as minutas que devem regular a política de inovação da Universidade.
O diretor aponta que está prevista para março de 2020 a deliberação do Conselho Superior (Consu) sobre tal política. “É um passo decisivo, que permitirá que as ações já em andamento tenham um salto de qualidade e a Universidade eleve sua presença nas atividades de inovação à escala estadual e nacional, colaborando ainda mais para o desenvolvimento regional e o alcance de capacidade de inovação endógena do país, condição básica para seu desenvolvimento soberano e democrático”, finaliza.
Outras informações: Diretoria de Inovação