Daniel Augusto Bartholomeu de Oliveira defendeu a dissertação “A representação da identidade étnica da população negra no Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (PAEBES) nas áreas de Ciências Humanas e Linguagens” (foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Uma pesquisa de mestrado buscou compreender a representação da identidade negra dentro dos instrumentos de análise do Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes), nas áreas de Ciências Humanas e Linguagens. O estudo foi realizado pelo mestrando Daniel Augusto Bartholomeu de Oliveira, no Programa de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A partir dos dados coletados nos anos de 2012, 2014 e 2016, o acadêmico verificou que as questões referentes à população negra têm um lugar insatisfatório dentro do Paebes. De 324 itens considerados nos três anos, apenas 12 abordaram a temática negra.

“Esse dado mostra que, apesar de termos a lei nº 10639, que inclui esse tipo de conteúdo, em 2016 ainda não temos itens suficientes para abordar a questão de maneira significativa”, ressalta Oliveira. Dessa forma, observa que, apesar do negro ter sido trazido como escravo no período colonial, “não haveria Brasil se não houvesse negro. Nossa cultura é fortemente marcada pela história e cultura negra. O negro tem que estar em todos os espaços”, pontua. 

A dissertação segue uma metodologia qualitativa, dividida em duas etapas. Primeiramente, foi feita uma análise documental acerca das questões das avaliações aplicadas no Paebes nos três anos. Nesse período, foram aplicadas provas tanto de Língua Portuguesa quanto de Ciências Humanas, que incluem História e Geografia. O segundo passo contou com entrevistas semiestruturadas destinadas aos analistas responsáveis por elaborarem as avaliações. Oliveira explica que “essa avaliação é feita em larga escala, tem caráter formativo e avalia um sistema educacional para gerar um banco de dados para a população escolar daquele Estado como um todo”. Daí a importância em colocar a população negra em evidência dentro de uma perspectiva educacional. 

O mestrando conta que sempre se interessou pela história e pela cultura da população negra. “Como vivemos numa sociedade historicamente racista, apesar da maioria da população ser negra, tudo relacionado ao negro é deixado no segundo plano ou marginalizado, o que se reflete também na Educação.” Verificar o tipo de estruturação social que possibilita o racismo também é uma atividade a qual Oliveira está ligado. “Racismo também se aprende na escola. Os currículos são estruturados a partir de uma visão eurocêntrica, em que temos a figura do branco europeu como central, e os outros povos são vistos como subalternos. Historicamente falando, o que se entende como participação do negro na história do Brasil é a escravidão e o sofrimento.”

Para o professor orientador, Cassiano Caon Amorim, “o estudo pode contribuir com melhorias importantes para a Educação no que tange ao tratamento das questões étnico raciais”, já que pode embasar a atuação de professores, gestores e coordenadores. Além disso, ele destaca o alerta que a pesquisa traz para o cumprimento da legislação que inclui essas reflexões no currículo da Escola Básica. Dessa forma, acredita que o trabalho reforça a necessidade de incluir as competências e habilidades relativas às questões étnico raciais na avaliação.

Contatos:
Daniel Augusto Bartholomeu de Oliveira (Mestrando)
daniel.augustojf@outlook.com

Cassiano Caon Amorim (Orientador)
cassianoamorim@hotmail.com

Banca examinadora:
Prof. Dr. Cassiano Caon Amorim (UFJF)
Profª. Drª. Rosângela Veiga Júlio Ferreira (Colégio de Aplicação João XXIII)
Profª. Drª. Lívia Nascimento Monteiro (UFAL)

Outras informações: (32) 4009-9359 – Programa de Pós-graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública