A indústria farmacêutica passou por grandes reformulações e evoluções nos últimos anos, principalmente no que consta ao tratamento de diabetes. Existe, atualmente, uma ampla gama de opções de tratamentos e formas de se ingerir a insulina necessária ─ como as ampolas, canetas e bombas ─, mas todos eles ainda se baseiam na forma de aplicação cutânea, ou seja, por meio de injeções na pele do indivíduo diabético. A criação da “Afrezza” surge, então, como uma alternativa ao tratamento padrão, apresentando uma forma de aplicação inalável.   

A proposta foi tema de debate nesta sexta-feira, dia 4, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Juiz de Fora (UFJF), compondo a programação do I Congresso de Ciências Farmacêuticas – que também comemora os 115 anos da Faculdade de Farmácia –  que começou na quinta-feira, 3, e se prolonga até o sábado, 5. Com o tema “Insulina Inalável: uma alternativa ao tratamento de diabetes”, a palestra foi ministrada pelo farmacêutico da empresa Biomm, Ciro Massari, abordando quais são as novas tecnologias para o tratamento da doença, especificamente a “Afrezza”, nome escolhido para a insulina inalável. 

Durante a palestra, Massari narrou um histórico da diabetes e de seus tratamentos, e, após apresentar a insulina inalável, explicou como seu funcionamento ocorre. O medicamento teve sua comercialização no Brasil aprovada pela Anvisa em junho de 2019, e será comercializada em pó, por meio de refis cujas dosagens serão ministradas pelo próprio diabético. O tratamento será realizado por um inalador, no qual será encaixado um cartucho para que o pó seja aspirado. A substância será levada ao pulmão e absorvida pela corrente sanguínea, reduzindo os níveis de glicemia. Por possuir efeito rápido, a Afrezza deve ser usada sempre antes de refeições, sendo contra-indicada para fumantes e proibidas para portadores de asma. Dessa forma, portanto, uma das maiores vantagens da insulina inalável seria a possibilidade que o diabético terá de não realizar injeções na própria pele. 

A chegada da insulina inalável também pretende surgir como uma alternativa à alta produção de lixo hospitalar causada pelo método das canetas descartáveis. No Brasil, apenas Uberlândia tem uma coleta voltada para esse tipo específico, alarmando a necessidade de uma maior preocupação ambiental. O ciclo da insulina inalável, assim, baseia-se em quatro etapas: a seleção dos refis adequados; o carregamento dos mesmos; a inalação da insulina pelo indivíduo; e o descarte do refil usado. A previsão de chegada da Afrezza no Brasil é para 2020, fazendo com que seja o segundo país a recebê-la. 

Para Massari, o 1º Congresso de Ciências Farmacêuticas, onde pôde ministrar sua palestra, é um lugar importante de troca de opiniões e informações. “A Universidade é o local ideal para que isso aconteça. Um evento como esse que está ocorrendo aqui na faculdade de Farmácia faz com que se debata mais coisas, que se coloque diversas opiniões, além de exercer o principal papel de uma universidade: conectar ensino, pesquisa e sociedade.” 

Confira a programação completa do I Congresso de Ciências Farmacêuticas