O Trio Villani fará uma celebração à música de câmara (Foto: Divulgação)

A atração noturna do 30º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, desta segunda-feira, dia 22, no Teatro Paschoal Carlos Magno, é uma celebração à música de câmara. O concerto do Trio Villani – formado por João Carlos Ferreira (viola), Jovana Trifunovic (violino) e Eduardo Swerts (cello) – investe em composições que exploram as características dessa formação, a começar por uma obra chave do repertório para trio de cordas: a “Serenate in C – op.10”, de Dohnányi. 

O concerto começa às 20h, com entrada franca, mas é necessário retirar o convite no Centro Cultural Pró-Música-UFJF, entre 8 h e 18h, sendo o máximo de quatro por pessoa. É importante ressaltar, também, que todos os concertos noturnos serão precedidos de palestras ministradas pelo professor do curso de Música da UFJF, Rodolfo Valverde, com início às 19h, nos locais das apresentações.

Segundo João Carlos Ferreira, Dohnányi é um compositor de imaginação fértil que sabe transportar os ouvintes para os seus locais sonoros. A importância de sua obra está no fato de que o trio de cordas era uma formação que não tinha alcançado relevância desde os trios de Beethoven: “Alguns compositores passaram pela formação nesse período, mas não houve uma grande obra até o momento em que Dohnányi se baseia mesmo em uma forma de Beethoven para criar sua bela Serenata.”

Na sequência do programa, os instrumentistas convidados Cássia Lima (flauta) e Marcus Julius Lander (clarinete) se unem ao trio para a interpretação de uma composição de autoria de João Carlos Ferreira. “Poética” é baseada na poesia de Vinicius de Moraes e busca unir universos musicais distintos, como a música de concerto e as trilhas sonoras. “Nesse período composicional, optei por trilhar um ambiente sonoro que buscasse unir diferentes vertentes com as quais lidamos no dia a dia. Sem optar por uma música popular, tentei fazer um apanhado que não fosse mera reprodução”, antecipa o autor.

Experimentações de diálogos musicais como esse vencem fronteiras de gêneros e, assim, ampliam o repertório musical do público. Para Ferreira, o público precisa ser apresentado a todas as formas de repertório cultural e, por isso, todos os movimentos nesse sentido são válidos. “Não pretendi criar um caminho padrão para que eu possa seguir, até porque acho que estou novo para compor sempre dentro de parâmetros estabelecidos. Mas a decisão de investir em buscar o novo, que é o fazer artístico, me motiva e acompanha na vida.”

No encerramento do concerto, o trio conta com as participações de Marcus Julius Lander (clarinete) e Joanna Bello (violino) para o grande “Quinteto para Clarinete e Cordas” de J. Brahms, considerado um dos grandes pilares do repertório de música de câmara. 

A apresentação marca o retorno do Trio Villani a Juiz de Fora, onde o grupo esteve pela última vez em setembro de 2016, quando do lançamento do CD “Três Tons Brasileiros” na cidade. O Trio Villani homenageia o professor Edmundo Villani-Côrtes por sua obra e importância para a música brasileira. 

Apuro

Na opinião de Ferreira, as formações menores de música de câmara proporcionam ao músico realizar um trabalho apurado dos elementos constitutivos básicos da produção sonora. “Precisão nos ataques, mudanças de cores e timbres, os pormenores harmônicos, tudo parece soar mais claro e aparente, ainda que haja um volume sonoro menor. O fraseado, como consequência, torna-se mais fluido e dinâmico”, ressalta o violista. 

O músico também acredita que o tom mais intimista das apresentações contribui para aproximar o público da música erudita. “De certa forma, podemos dizer que na música de câmara ocorre uma ligação mais direcionada ao ouvinte, em parte por caráter técnico, em parte pela própria linguagem. Na música com uma instrumentação maior, como nas orquestras, existe certa distância do ouvinte, talvez por consequência do tamanho da massa sonora”, afirma Ferreira. Ele lembra que, muitas vezes, a música de câmara é utilizada dentro de partes orquestrais como forma de chamar a atenção do ouvinte. “Mas é um fato que a música orquestral tem que se desdobrar um pouco para soar leve e ágil como a forma de câmara.”

Ferreira também tem participado do Festival como professor de oficina. Para ele, em seus 30 anos de existência o evento de Juiz de Fora proporcionou local de intenso convívio, troca de conhecimentos e amadurecimento artístico aos estudantes de música, além de ter sido palco das primeiras apresentações de muitos músicos que hoje integram as orquestras e os ambientes de concertos no Brasil. “Durante toda minha caminhada como músico, cruzei e trabalhei com músicos que passaram pelo Festival e, tenho certeza, ainda vai continuar sendo assim. Um acontecimento artístico de tamanha amplitude deve ser defendido, um dos únicos locais de encontro para a música colonial e antiga no Brasil, e continua sendo um dos grandes festivais de música do país.”

Programa

  1. Dohnányi  – Serenate in C – op.10
  2. Marcia: Allegro; II. Romanza: Adagio non troppo; III. Scherzo: Vivace; IV. Tema con variazioni: Andante con moto; V. Rondo (Finale): Allegro vivace

João Carlos Ferreira – Poética

Convidados: Cássia Lima, Flauta; e Marcus Julius Lander, Clarinete

  1. Brahms – Quinteto para Clarinete e Cordas em Si Menor, op. 115; I. Allegro; II. Adagio; III. Andantino; IV. Con moto; 

Convidados: Joanna Bello, Violino; e Marcus Julius Lander, Clarinete

Integrantes: Jovana Trifunovic, Violino; João Carlos Ferreira, Viola; e Eduardo Swerts, Cello

Convidados: Cássia Lima, Flauta; Marcus Julius Lander, Clarinete; e Joanna Bello, Violino

O Teatro Paschoal Carlos Magno fica localizado na Rua Gilberto de Alencar 97, no  Centro da cidade. 

O Centro Cultural Pró-Música/UFJF fica localizado na Avenida Rio Branco 2.329, no Centro da cidade

Confira a programação completa do 30º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga 

Confira as fotos da abertura do Festival

Outras informações: (32) 3218-0336 (Centro Cultural Pró-Música/UFJF)