A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) preza pela excelência da qualificação estudantil. Antes mesmo de finalizar a graduação, estudantes já participam de atividades, baseadas no tripé universitário: ensino, pesquisa e extensão, aprendendo, não apenas a teoria, mas a prática e o contato com as demandas sociais, retornando à sociedade o investimento público realizado na Instituição. Segundo a V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais, 9.128 alunos, representando 51,2% do total, atuam em alguma atividade ou programa acadêmico durante a graduação. O levantamento foi realizado pelo Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Estudantis (Fonaprace) da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

A formação dos graduandos da UFJF não acontecem apenas dentro das salas de aula. Atividades como empresas juniores, estágios, projetos de pesquisa, ensino e extensão ampliam a experiência do estudante e o prepara para o contato com a profissão e com as reais vivências do cotidiano. Liderando o ranking dos programas mais procurados estão os estágios não obrigatórios, abrangendo 2.246 (12,6%) estudantes; seguido dos projetos de monitoria com a participação de 2.150 (12,1% ) alunos e os projetos de pesquisa, com atuação de 2.138 (12,0%) discentes.

“A Universidade busca oferecer aos estudantes uma formação acadêmica completa, fortalecendo os compromissos com a sociedade”, aponta a pró-reitora de Graduação, Maria Carmem de Melo. Segundo a pró-reitora, é nessa perspectiva que todos os espaços formativos são criados e possibilitam crescimento acadêmico e pessoal do aluno. “A graduação, que prima pela qualidade, com ações de ensino, pesquisa, extensão, cultura, internacionalização e avanços tecnológicos, se reflete em profissionais com elevado grau de competência e amplas possibilidades de desenvolvimento profissional.”

Com mais de 575 ações atendendo à comunidade, os projetos de extensão apontam para uma dimensão na qual os discentes aplicam o conhecimento adquirido na Universidade e dialogam com a sociedade, propondo renovação na vida dos próprios alunos e dos beneficiários. De acordo com a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, “a extensão universitária traz transformação na vida das pessoas, sendo no campo da saúde, educação, direitos humanos e em muitas outras áreas. Quando o aluno participa de uma dessas atividades, tem contato imediato com a realidade social, que ele também está inserido, porém utiliza do saber obtido na UFJF para criar relações e transformar vidas.”

“Sempre sonhei em ser professora e essas atividades acadêmicas me proporcionam algo muito além do que aprendo na sala de aula”, diz Débora (Foto: Gustavo Tempone)

Além da sala de aula

A rotina da aluna do oitavo período do curso de Letras/Libras, Débora de Freitas Ribas, é bastante intensa. Há dias nos quais ela permanece mais de 12 horas na Instituição. Além de estudante, trabalha como técnico-administrativa interpretando libras na UFJF e se desdobra para participar de atividades extras, como monitorias, projetos de extensão, cursos e, atualmente, atua como pré-docente no Programa de Universalização (PU) da Universidade. “Eu estou na segunda graduação, sou formada em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de Viçosa, onde tive contato com projetos de pesquisa e extensão na área de libras. Eu tenho um irmão surdo, que apesar de ser oralizado, me ajudou a criar sensibilidade na área. Essas experiências fizeram eu me descobrir na profissão.”

Mudou-se para Juiz de Fora, no intuito de estudar e aprimorar os conhecimentos na área, principalmente, pela escassez de profissionais. “Descobri que a UFJF era a primeira Universidade de Minas Gerais a oferecer graduação em Libras. Vim estudar e acabei sendo aprovada no concurso para a função. Sempre estou envolvida em algum projeto, já fui monitora de várias disciplinas, participei de Treinamento Profissional (TP) na área de tradução, e agora estou no projeto de Universalização (PU), como professora de quatro disciplinas de Libras. Gosto de ensinar. Sempre sonhei em ser professora e essas atividades acadêmicas me proporcionam algo muito além do que aprendo na sala de aula.”

“Todas as teorias, técnicas e práticas são voltados para criarem uma base profissional para nós. A pesquisa amplia meu conhecimento acadêmico, mas também abre as portas para o mercado de trabalho”, explica Thiago (Foto: Gustavo Tempone)

Pesquisa acadêmica e profissionalizante

Natural de Divino (MG), o estudante da Faculdade de Letras Thiago Souza Montes foi integrante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e, atualmente, participa de um grupo de pesquisa na área de tradução entre as línguas portuguesa e inglesa, coordenado pela professora, Carolina Magaldi. O estudante aponta os ganhos oferecidos pelo projeto a sua formação acadêmica. “Eu participo do grupo, pois tenho acesso a muitas pesquisas e teorias que contribuem para a formação técnica na área de tradutor, além das possibilidades de crescimento pessoal e profissional dentro da Universidade.”

Sobre a carga horária acumulada da grade curricular, Montes afirma que o grupo é pensado para evitar conflitos com outras atividades, além de ter uma caráter acadêmico e profissionalizante. “Todas as teorias, técnicas e práticas são voltados para criarem uma base profissional para nós. A pesquisa amplia meu conhecimento acadêmico, mas também abre as portas para o mercado de trabalho.”

Para a pesquisadora Iluska Coutinho, o aprendizado universitário deve ser construído em diferentes instâncias,  com dinâmicas aplicadas que ofereçam conteúdos extracurriculares, de uma maneira reflexiva e com o contato entre o pesquisador e o mundo real. “A interação em programas de extensão e pesquisa agregam a experiência vivida pelo estudante e faz com que o conhecimento produzido tenha uma aplicação. A UFJF não é um espaço para resolver problemas já existentes, mas para desenvolver soluções para as questões que ainda estão por vir.”

“Eu sempre quis fazer fotojornalismo, uma área pela qual sou apaixonada. Fico muito realizada, pois este projeto de extensão me proporcionou algo que eu não esperava”, conta Maria Otávia (Foto: Gustavo Tempone)

“Subi um degrau na minha carreira”

Vinda de Faria de Lemos (MG), a estudante do Instituto de Artes e Design (IAD) Maria Otávia Santos Rezende desde cedo sonhava em seguir carreira na área de fotografia. Ao ingressar na UFJF, encontrou uma oportunidade no projeto de extensão da Revista A3. Após a tragédia de Brumadinho, foi a convidada a acompanhar a equipe de jornalismo e registrar os estragos do ocorrido, e se sentiu realizada ao ver as fotos, frutos do seu trabalho, serem compartilhadas nacionalmente pelo jornal de Folha de São Paulo e National Geographic Brasil. “Eu sempre quis fazer fotojornalismo, uma área pela qual sou apaixonada. Fico muito realizada, pois este projeto de extensão me proporcionou algo que eu não esperava.”

Após a boa repercussão do trabalho, conseguiu transformar as fotos em uma exposição já exibida na UFJF e com agenda fechada para exposição no Colégio Loyola e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ambos em Belo Horizonte. “A prática adquirida me ajudou muito a crescer profissionalmente. Estar em contato com Mariana e Brumadinho aguçaram minha visão como fotógrafa. Além disso, trabalhar em um ambiente com jornalistas também me ajuda a melhorar minha forma de me comunicar. Subi um degrau na minha carreira.”

Acompanhando o trabalho realizado pela estudante, o diretor de Imagem Institucional, Márcio de Oliveira Guerra, reitera a importância de iniciativas que ampliam a atuação e participação dos estudantes fora de sala de aula, como projetos de pesquisa e extensão, trabalhos voluntários e nas mais diversas oportunidades. Atividades de complementação do que é aprendido dentro de sala de aula são os diferenciais de uma universidade pública. Aqui o saber é compartilhado e vai além da sala de aula. Nossos alunos têm uma formação diferenciada ao chegarem no mercado de trabalho.

“Essas ações me motivam a ter experiências fora da caixa fechada que, às vezes, o curso se encontra. Me possibilitaram ter contato com diferentes áreas de interesse e com profissionais com os quais dividirei trabalho no futuro”, diz Morel (Foto: Gustavo Tempone)

Pensando fora da caixa

Com uma bagagem extensa de participação em programas e atividades acadêmicas, o aluno do oitavo período do curso de Arquitetura e Urbanismo Morel Gustavo Fabri atualmente participa em um projeto de monitoria e em um grupo de competição sobre robótica. Além disso, já ingressou uma empresa júnior, fez estágios e intercâmbio. “Essas ações me motivam a ter experiências fora da caixa fechada que, às vezes, o curso se encontra. Me possibilitaram ter contato com diferentes áreas de interesse e com profissionais com os quais dividirei trabalho no futuro.”

Segundo Fabri, as atividades são pontos positivos para compreender a profissão na prática, pois oportunizam o contato multidisciplinar, ensinando a parte técnica da profissão e contribuindo no aprendizado sobre gestão, empreendedorismo e contato com o público. “A monitoria me traz a familiaridade em como ser um bom professor e isso me enriquece, pois tenho vontade de seguir a área acadêmica. Os outros projetos me direcionam para uma maior proximidade com o mercado de trabalho e trazem uma vantagem absurda no quesito de confiança e certeza na hora de executar um projeto. Além disso, me fazem ter a certeza do que eu quero seguir para o resto da vida.”