Hanbin Ku, da Coreia do Sul, comentou sobre as diferenças culturais encontradas no Brasil (Foto: Gustavo Tempone)

O painel de apresentação de alunos estrangeiros, no evento Janelas para o Mundo, fez o anfiteatro da Faculdade de Letras (Fale) se tornar palco para aprendizado sobre a diversidade cultural internacional. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ouviu as mais variadas vozes dos estudantes intercambistas, identificou diferentes pronúncias e sonoridades, conheceu pontos turísticos e histórias de outros países, e os desafiou a contar sobre as próprias visões de mundo, a compartilhar experiências e a falar sobre si mesmos. A atividade aconteceu nesta quarta-feira, às 19h.

De acordo com a professora responsável pelo setor Português como Língua Estrangeira, Denise Barros Weiss, a apresentação oral dos alunos estrangeiros representa a vertente de internacionalização em casa na qual é permitido o compartilhamento do próprio mundo para a comunidade. “Essas falas permitem às pessoas se conhecerem e esse é o único jeito de termos interação. Os alunos são desafiados a apresentar algo sobre seu país ou sua cultura, mas, certamente, o que eles fazem é falar sobre si mesmos e a maneira como enxergam as coisas.”

A professora explica que os obstáculos para o aprendizado da língua portuguesa variam  entre os estrangeiros. “Depende do aluno, mas a maior dificuldade é quando eles não se sentem seguros o suficiente para falar, a timidez, os bloqueios naturais, principalmente por estarem fora de casa, sobrepõem o desejo em aprender.”

Trazendo sua visão sobre a cultura mexicana, Andrea Betzabe Ayala Moncada, está em Juiz de Fora desde o final de fevereiro. Conta sobre as experiências com o país e o acolhimento oferecido pela UFJF, professores, colegas de turma e da Moradia Estudantil. Sobre o aprendizado da língua portuguesa, aponta os pontos fortes e fracos. “O mais difícil é a pronúncia, pois as palavras e o vocabulário são bem parecidos com o espanhol, mas  pronunciar como vocês fazem, os sons anasalados, a gente tenta, mas é bem complicado. Apesar disso, preciso dizer que adoro os brasileiros.”

Vinda da Coreia do Sul, Hanbin Ku, comenta sobre as diferenças culturais encontradas no Brasil. Acredita que os coreanos são mais fechados e os brasileiros são mais abertos ao contato com outras pessoas e bem gentis. “Gosto muito da UFJF! Acho a cidade muito tranquila. É um bom local para conversar com outras pessoas, mas o mais difícil para mim é  a parte de pronunciar os verbos. Eles são muitos e com muitas variações.”

Durante a apresentação, os colombianos Andrian Herrera e Juliana Gutierrez Lozano mostraram parte de suas culturas. Juliana compartilha a vergonha sentida anteriormente pelo seu país, por ser sinônimo de violência e ter um narcotraficante como referência. “A primeira vez que sai da Colômbia, percebi o quanto eu tenho motivos para falar bem do meu país. Nós somos maiores que a violência e que o Pablo Escobar”. Em contrapartida, Herrera apresenta a complexidade do significado da palavra “saudade” e conta sobre o quanto é difícil responder as pessoas quando perguntado se está gostando do Brasil: “Gosto, mas sinto saudades do meu país”.  Um consenso entre os dois, “há muitas similaridades entre Brasil e Colômbia, entre elas, a alegria e a vontade de ajudar os outros.”

O evento

Organizado pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI), a sexta edição do seminário acontece junto a primeira Jornada de estudos da Associação Mineira de Professores de Português para Estrangeiros (Ampplie), que congrega professores da língua portuguesa de todo o estado. O seminário contribui para o aumento do interesse dos graduandos em Letras no ensino do Português como língua estrangeira, além de oferecer espaço para os estudantes estrangeiros apresentarem aspectos culturais, políticos e sociais de seus países de origem.

Outras informações: (32) 2102-6929 – Diretoria de Relações Internacionais (DRI)