Diretor de Inovação da UFJF, Ignácio Delgado ressaltou o fato de os investimentos, no Brasil, ainda serem majoritariamente estatais, ao passo que, em outros países, a maior parte dos recursos chegam de empresas privadas (Foto: Divulgação/Critt)

Duas sessões dos Fóruns de Debate sobre a Política de Inovação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foram realizadas, nesta terça-feira, 7. As reuniões aconteceram no Centro de Ciências da Saúde e no Anfiteatro de Estudos Sociais e foram organizadas pelos integrantes da Comissão de Avaliação da Política de Inovação da UFJF, professores Marcelo Silvério e Cláudio Vasconcelos, diretores das faculdades de Farmácia e de Economia, respectivamente.

Nas duas reuniões, manteve-se o formato da sessão inaugural dos fóruns, ocorrida no Instituto de Ciências Exatas (ICE), na segunda-feira, 6. O diretor de Inovação da UFJF, Ignacio Delgado, fez uma apresentação inicial, mostrando dados que indicam o descompasso entre a produção científica brasileira – em posições de destaque no cenário internacional – e os indicadores de inovação no país, “que o colocam em posição subalterna, dependente de tecnologia estrangeira, matriz das dificuldades para se alcançar patamares mais significativos de desenvolvimento”.

Delgado ainda salientou o fato de o Brasil investir pouco em inovação, e de tal investimento vir, majoritariamente, do Estado, ao passo que, nos países que alcançam, simultaneamente índices elevados de produção científica e de inovação, a maior parte dos investimentos na área é realizada por empresas privadas.

“O debate sobre a regulamentação do Marco Legal da Ciência, Inovação e Tecnologia  nas universidades não têm conexão com seu financiamento. Em todos os casos de sucesso no alcance da combinação entre indicadores elevados de produção científica e de investimentos em inovação, o financiamento público é preponderante no custeio das instituições de ensino e pesquisa. O problema no Brasil é o hiato entre ciência e inovação, entre a academia e as empresas”. Segundo o professor,  “reduzir esse hiato é propósito do Marco, de modo a favorecer o aproveitamento, pelas empresas, de conhecimentos gerados nas universidades, elevando sua competitividade, reduzindo a dependência tecnológica do país e garantindo o seu desenvolvimento econômico”.

Documentos
Três documentos foram encaminhados ao Conselho Superior (Consu) para adaptação da UFJF ao Marco Legal da Ciência, da Tecnologia e da Inovação, sendo duas minutas de resolução e uma Portaria. Uma minuta estabelece as diretrizes da Política de Inovação da Universidade e institucionaliza a Diretoria de Inovação; a outra define os critérios para o compartilhamento e permissão de uso da infraestrutura da UFJF (os documentos podem ser conferidos na página do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia – Critt). Já a Portaria nº 571, estabelece os procedimentos para tornar mais ágil os processos de transferência de tecnologia no âmbito universitário.

Nos debates travados no Anfiteatro do Centro de Ciências da Saúde, foram destaques as indagações sobre a operação prática dos dispositivos definidos nos documentos propostos. “Como mensurar as horas em atividades de ensino e pesquisa que se entrecruzam com as de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nas parcerias firmadas”? “Por que a distinção entre Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) e bolsa nas remunerações de prestação de serviços e parcerias para P&D”? “Como será o procedimento nas parcerias, conforme os valores envolvidos”?

Os esclarecimentos foram ponderados pelo diretor de Inovação da UFJF, que esteve acompanhado de Ana Carolina Vidon, do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt); Fernanda Silva e Juliana Muller, da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe).

De acordo com Ignacio Delgado, a mudança mais relevante apresentada pela Portaria 571 se associa ao fluxo de tramitação dos diferentes tipos de parceria, como as que envolvem valores abaixo de R$ 17.600, tendo sua tramitação iniciada no Critt, o qual, amparado pelo Parecer Referencial Nº 3 da Defensoria Federal da UFJF, encaminha o acerto firmado à Fadepe. “Nas parcerias que envolvem valores de maior magnitude, o fluxo é inverso”, explica. “Nos dois casos, haverá um ganho expressivo de agilidade, já evidenciado em exemplos apresentados por mim em processos iniciados sob a vigência da Portaria”.

As proposições apresentadas foram recebidas com satisfação pelos presentes, que apontaram a importância de se elevar a sintonia entre a academia, empresas e outros órgãos da sociedade, para melhora geral de seu desempenho. “Fico muito satisfeito com o que ouvi aqui. O Brasil precisa de crescimento e emprego, para aspirar uma sociedade mais justa e a colaboração da Universidade é importante para isso, estimulando a inovação junto às empresas e permitindo-lhes se sustentar e crescer”, diz o professor da Faculdade de Farmácia da UFJF, Marcos Antônio Fernandes Brandão, criador da Ortofarma – empresa incubada no Critt.

Já o professor do Departamento de Nutrição do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Paulo Henrique Fonseca da Silva, considerou as propostas “um passo importante” e destacou que é “testemunha do esforço que a UFJF tem feito para intensificar a relação da academia com as empresas, o que vai ser muito positivo para o país”.

Ciências Humanas e Inovação
À tarde, o foco inicial dos debates foi a integração das Ciências Humanas com as atividades de inovação, como garantir que essas se dirijam também à resolução de problemas nacionais e não só a demandas do mercado, bem como a regulação das parcerias, para não provocar distorções na remuneração dos professores – preocupações levantadas pelo professor Elcemir Paço Cunha, diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (Facc).

A importância de construir ações compartilhadas e multidisciplinares para fomento das atividades de inovação, com dimensão institucional, foi salientada pela professora Cássia Viviani Silva Santiago, também da Facc. Já a diretora da Faculdade de Comunicação (Facom), Marise Pimentel Mendes, enfatizou a necessidade de unificação das ações e troca de experiências entre as unidades para diversos propósitos, inclusive em projetos voltados para a inovação.

O professor Ignacio Delgado assinalou que a inovação tecnológica não é um atributo exclusivo de algumas áreas e lembrou que receitas de royalties da UFJF provêm do Sistema para Administração e Controle Escolar (Sislame), um dispositivo que contribui para a avaliação de processos na área da Educação e foi gerado na Faculdade de Educação (Faced) da UFJF. Observou, ainda, que as parcerias não são específicas para as empresas, mas também para órgãos públicos, associações e pessoas físicas, além de destacar o Projeto Varejo Viável, que fez um diagnóstico profundo dos problemas do comércio em Juiz de Fora, de grande importância para a geração de emprego no município emprego na cidade, em parceria com o Sindicato do Comércio de Juiz de Fora, além de parcerias firmadas com Prefeituras.

Para o diretor de Inovação da UFJF, ao final das atividades, ficou evidenciada a importância de integração mais intensa da Universidade e a aproximação de suas diversas áreas. Os Fóruns de Debate sobre a Política de Inovação da UFJF têm continuidade nesta quinta-feira, 9, às 15 horas, no Anfiteatro 1 do Instituto de Ciências Humanas (ICH).

Confira a programação
Campus Juiz de Fora
– 9 de maio, às 15h: Educação, ICH, Letras, João XXIII, no ICH.

Campus Governador Valadares
– 17 de maio, às 14h: no auditório da Unidade da Unipac do Campus de GV

Outras informações
(32) 2102-34354 (Critt-UFJF)