Palestra de abertura contou com a participação de Paulo Carrano, professor da (UFF) (Foto: Gustavo Tempone)

Quais os desafios da Educação em um contexto de restrição democrática e ataque aos direitos? Como superá-los? Visando à reflexão sobre a formação docente a partir de tais questionamentos, a palestra de abertura do Seminário dos Programas de Formação de Professoras e Professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), contou com a participação do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Paulo Carrano, que conduziu o debate. O evento aconteceu na terça-feira, 9, no Anfiteatro 1 do Instituto de Ciências Humanas (ICH).

O Seminário, que se estende até esta quarta-feira, 10, propõe discutir a formação docente inicial e continuada de alunos e professores dos Programas de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e de Residência Docente. Compuseram a mesa de abertura a coordenadora dos Programas de Graduação, representando o reitor, Marta Cristina da Silva; a coordenadora das Licenciaturas, representando a Pró-reitoria de Graduação, Angélica Cosenza; o diretor da Faculdade de Educação (Faced), Álvaro de Azevedo Quelhas; e a diretora de ensino do Colégio de Aplicação João XXIII, Margareth Pereira.

Na ocasião, a professora Marta Cristina da Silva, em nome da reitoria, reforçou o compromisso da UFJF com políticas e ações que fortaleçam a formação de professores e professoras. “Neste momento em que a educação é tão desvalorizada, investir em formação docente é um ato transgressor. E é muito importante que a universidade pública não se furte a esse papel”.

Na palestra principal da noite, o professor convidado falou sobre os desafios da formação de docente em um cenário de desvalorização. Carrano destaca a importância de discutir a temática, sobretudo com os futuros profissionais.

Educação plural e dialógica

Segundo Carrano, é preciso investir em qualificação continuada dos docentes, sobretudo da escola básica pois “não se faz uma educação pro povo sem valorizar seus professores. Precisamos ter a clareza de que há uma base que sustente o ser que aprende”. Para ele, muito mais do que português e matemática, a escola é lugar de empatia, de construir relações e exercer a cidadania. “É preciso enxergar o ambiente escolar como prática da liberdade, não da disciplina. A partir de uma formação humana, que aprenda também com os saberes plurais e com a história do outro. A educação não para, é pra vida a inteira. Ela se faz em ar, na relação com o outro, nos afetos e diálogos. Não tem porque não aproveitar isso”.

Para ele, um dos desafios do exercício da docência é formar novos cidadãos com visão crítica, para além de uma aprendizagem puramente técnica. Neste sentido, ele apresentou três pontos essenciais na formação para a cidadania. “Em primeiro lugar é a inclusão. Para ser cidadão, o sujeito tem que ser incluído. Mas, além de incluído, é preciso participação. E a democracia implica uma participação ativa. Não bastar estar incluído e participar, é preciso estar imbuído de valores democráticos. E esse é o meu terceiro ponto. Falhamos muito nessa introjeção dos valores democráticos quando, desde pequenos, somos ensinados que política não se discute. Nós, enquanto professores, devemos educar para a democracia, colocar isso em discussão”.

A sala de aula é lugar de reflexividade e do exercício da escuta e do diálogo entre alunos e professores, segundo Carrano. Para ele, o aspecto mais significativo da escola é o encontro da diferença entre diversas realidades, religiões ou classes sociais. “Nós não vivemos, convivemos. Não existimos, coexistimos. E o nosso maior desafio é viver com a diferença, abrindo mão de preconceitos. Não se constrói uma república sem uma nação plural e democrática. Por isso convocar o pluralismo de ideias e valores na educação é tão importante”.

Os programas

O Programa de Residência Docente é um projeto desenvolvido pela Pró-reitoria de Graduação (Prograd) que visa fortalecer a formação continuada de professores. O programa conta com bolsistas residentes recém licenciados e permite uma articulação entre professores de escola básica, como o Colégio de Aplicação João XXIII, e professores formadores.

Já o Pibid desenvolve ações de estímulo à formação de professores no Brasil. Para isso, o Programa concede bolsas a alunos de licenciatura, que participam de projetos de iniciação à docência desenvolvidos por instituições de Educação Superior, em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino.

Outras informações: (32) 2102-3975 – Pró-reitoria de Graduação UFJF