Pesquisadora Michèle Farage visita Escola Estadual Duarte de Abreu pelo projeto “A ciência que fazemos”. (Foto: Twin Alvarenga)

“Homem, branco, com capacete”, é com esta imagem que muitos estudantes do ensino básico descrevem os profissionais da área de Engenharia. Concepção, no entanto, refutada na manhã de sexta-feira, 23, quando os alunos da Escola Estadual Duarte de Abreu receberam a visita da professora da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Michèle Farage. A palestra faz parte do projeto de extensão “A ciência que fazemos”, promovido pela Diretoria de Imagem da UFJF, e visa desconstruir estereótipos acerca dos pesquisadores acadêmicos e levar para alunos da comunidade as pesquisas que estão sendo desenvolvidas na Universidade de forma descontraída.

No pátio da escola, a pesquisadora da área de Modelagem Computacional de Estruturas provocou um bate-papo com os alunos, estimulando o pensamento e a troca de ideias sobre materiais alternativos que podem ser utilizados no processo de construção. Em meio a exclamações de surpresa, ela mostrou que uma ponte feita de papel é capaz de suportar uma carga igual a cem vezes o próprio peso. Nesse processo, porém, é necessário fazer uma série de estudos e pesquisas que resultem em edificações eficientes e sem riscos. “É preciso saber extrair o melhor de cada material”, explica, fazendo uma analogia com materiais usados em construções reais.

Com a ajuda da aluna de graduação em Engenharia Civil, Giovanna Bartels, os alunos da E.E. Duarte de Abreu puderam constatar como a estrutura de um dos protótipos da ponte feita inteiramente de papel, de apenas 46 gramas, foi capaz de sustentar o peso de 6Kg. Ela também compartilhou suas experiências na formação de estruturas edificadas a partir do uso de macarrão, ou até mesmo, de palitos de picolé, ambos capazes de sustentar até 200kg.

A apresentação também contou com a divulgação das Olimpíadas de Engenharia Civil e do Concurso de Pontes nas Escolas, que consiste na construção de pontes por alunos do nono ano de escolas públicas. Segundo Giovanna, que também integra o Programa de Estudo Tutorial (PET) Civil, existe uma competição dentro da universidade, feita por alunos da graduação, e existe o concurso que a gente faz como projeto de extensão, o ‘Pontes nas Escolas’”. “Organizamos e auxiliamos as equipes nos projetos que elas nos enviam, verificando se está tudo correto na hora da montagem”, completa.

Michèle revela também a importância da divulgação científica para a comunidade, estabelecendo o contato direto entre o pesquisador e os alunos. Outro ponto importante de ser ressaltado no projeto, é o incentivo à igualdade de gênero no espaço do campo de trabalho e no estudo da Engenharia. “Percebo, para meu espanto, que o sentimento das estudantes que eu tenho hoje não é muito diferente do que eu tinha. Nós mesmos, quando pensamos na Engenharia Civil, imaginamos um homem branco e de capacete. Temos muito o que trabalhar para mudar esse mito e trazer mais mulheres para as Ciências Exatas, incluindo as Engenharias”, completa.