Evento propôs a reflexão acerca dos problemas psíquicos a que negros e negras estão submetidos (Foto: Twin Alvarenga)

Saúde Mental dos Sujeitos Negros: as nuances entre a resistência e o autocuidado”. Este foi o tema do debate que integra a programação da Semana da Consciência Negra que aconteceu no Anfiteatro das pró-Reitorias da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) na noite da última terça-feira, dia 20. O evento propôs a reflexão acerca dos problemas psíquicos a que negros e negras estão submetidos diariamente.

A mesa foi composta pela psicóloga e profissional do Instituto Vida Centro de Atendimento Psicológico, Naiara Santos; e pela integrante do Coletivo Odoyá de Psicólogos Negros de Juiz de Fora e Região, Emmanuella Calazans; e mediado pela integrante do Coletivo Resistência Viva, Estela Gonçalves.

Os desafios que negros e negras enfrentam no cotidiano se mostram potencializados pelo fato de também fazerem parte de um segmento historicamente excluído. Os reflexos da falta de emprego e saúde, aliados à violência, interferem diretamente no aspecto psíquico. Emanuella começou a lutar pela igualdade e respeito entre as raças há pouco mais de três anos, principalmente por entender que era necessário ir além. “Nós mulheres e, acima de tudo, mulheres negras, temos um desafio maior para conquistar as coisas, pois tudo é se torna mais complicado”. Segundo a integrante do coletivo, é importante investir na saúde, educação e segurança pública, pois “na maioria das vezes os negros compõem o público mais prejudicado com a falta de assistência e isso tem reflexo direto na saúde psíquica”.

Segundo Naiara Santos, os negros têm a necessidade  de mostrar que são capazes de resolver diversas tarefas em virtude da dificuldade de conquistar espaços em diversos âmbitos. Na avaliação da psicóloga, tudo começa pelo poder de dizer “não” e entender que não é necessário dar conta de todas as tarefas. “Existe a dificuldade de falar ‘não’ para coisas pequenas do dia a dia. Isso infelizmente desencadeia o acúmulo de várias tarefas, refletindo em problemas como ansiedade e depressão”. A profissional acredita que o uso de medicamentos para essas doenças deve passar por diagnósticos rigorosos, pois é preciso entender como os problemas enfrentados têm o poder de imobilizar uma pessoa. “É  necessário resistir, mas cada um vai resistir de uma forma diferente. Nós temos que entender que não é possível dar conta de tudo, todos temos limites e formas diferentes de lidar com os problemas”.

Outros eventos

A semana de consciência negra se estende com diversas atividades com temáticas direcionadas à saúde, direitos humanos e mercado de trabalho. Confira a programação completa da Semana da Consciência Negra.