Cristina Loyola: “Não creio que as redes (sociais) são a única causa (de suicídio e depressão), mas funcionam no interior de um campo social que acelera a nossa percepção de tempo, gerando ansiedade” (Foto: Twin Alvarenga)

O aumento do suicídio e sua relação com as redes sociais digitais foram o foco central da palestra “Práticas e saberes no cuidado psicossocial em Saúde Mental”, ministrada pela professora Cristina Loyola. O evento aconteceu no anfiteatro das pró-reitorias da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na noite da última quarta-feira, dia 24, durante a abertura do  II Encontro de Saúde Mental e o XI Encontro Científico do Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário (HU).

Cristina Loyola, que é Doutora em  Saúde Coletiva, ressaltou que falar de saúde mental é sempre um prazer, mas um desafio. Ela propôs uma reflexão sobre o que é cuidar em saúde mental e como pensar nesta questão no contexto atual, uma vez que nos últimos 40 anos houve um aumento de casos de suicídio, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A professora classifica o suicídio como um fenômeno mundial e busca entender quais os impactos das tecnologias da informação no que ela chama de ‘fábrica de infelicidade’ que vivemos atualmente. “O suicídio aumentou em 60% nos últimos 40 anos. Qual pode ser a explicação? Uma das hipóteses diz respeito a esse mundo em que  vivemos. Um mundo que nos deprime com a ideologia de felicidade que só está na internet. Esta ideologia não tem amparo com a realidade, mas produz um sentimento de exclusão por quem não está tão feliz assim.”

Para a docente, pensar neste mundo globalizado com rápida troca de informações entre os usuários da internet ajuda a refletir sobre os efeitos dessas tecnologias e das mídias sociais no crescimento de casos de suicídio e depressão, especialmente entre a população mais jovem. “Não creio que as redes são a única causa, mas funcionam no interior de um campo social que acelera a nossa percepção de tempo, gerando ansiedade.”

O objetivo do evento foi reunir profissionais da saúde para discutir o desenvolvimento dos serviços voltados para a Saúde Mental. De acordo com Cristina, é primordial discutir esta questão com os futuros profissionais da área, uma vez que “não há como pensar no ser humano apenas como um corpo com órgãos que funcionam. A saúde mental não é uma parte pequena da nossa vida”. Para Cristina, cuidar vai além de um conjunto de teorias e técnicas, mas diz respeito à capacidade de dar atenção e sentir empatia. E finalizou ressaltando que o trabalho dos profissionais de Saúde Mental é primordial na prevenção do suicídio. “O que pode nos salvar é a comunicação e o afeto. Não tem como um software substituir o calor e o carinho de um contato humano. E nossa função é cuidar da vida. A atenção é a melhor forma de solidariedade.”

Os encontros

A palestra foi parte do II Encontro de Saúde Mental e do XI Encontro Científico do Serviço de Psiquiatria, promovido pela Unidade de Atenção Psicossocial, Serviço de Psiquiatria e Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Liberdade do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF). A mesa de abertura contou ainda com a presença do pró-reitor adjunto de Graduação, Cassiano Caon Amorin, representando o reitor da UFJF;  do superintendente do HU, Dimas Augusto Carvalho de Araújo; da enfermeira Etelaine Pantaleão Leite, que representou a Unidade Psicossocial do HU; e da chefe de Departamento de Saúde Mental da Prefeitura de Juiz de Fora, Andreia Stenner.

Na ocasião o pró-reitor adjunto de Graduação, Cassiano Caon Amorim, parabenizou a organização do evento e ressaltou a importância de discutir a temática, sobretudo, no ambiente acadêmico. “Discutir a saúde mental é extremamente pertinente, principalmente, na Universidade. Precisamos entender sobre o assunto para que estejamos preparados para acolher nossos profissionais e alunos. As discussões de ideias e o diálogo é primordial para nos fortalecer enquanto instituição.”

O objetivo do evento, que continua até a próxima sexta-feira, 26, é  debater a reabilitação psicossocial, divulgar a produção científica do Serviço de Psiquiatria, discutir a necessidade de priorizar a participação dos usuários no tratamento, e, ainda, estabelecer diálogos para aprimorar as estratégias utilizadas pelos profissionais.

Confira a programação completa do II Encontro de Saúde Mental e o XI Encontro Científico do Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário (HU)

Outras informações: (32) 4009-5393 (Assessoria do HU)