Evento reuniu autoridades na discussão do esporte para pessoas com deficiência. (Foto: Pedro Drumond)

A prática de atividades físicas voltadas às pessoas com deficiência e as oportunidades e conquistas do esporte paralímpico foram tema de evento promovido neste fim de semana em Governador Valadares. Realizado pelo Núcleo de Estudos em Biodinâmica do Movimento e Saúde (NEBIMS), em parceria com o Conselho Municipal de Esportes, o 1º Congresso de Atividade Física do Leste de Minas contou com palestras, oficinas e debates entre profissionais, estudantes e atletas.

Meirele reforçou o legado deixado pelo evento na promoção do esporte. (Foto: Pedro Drumond)

A primeira edição do Congresso teve como tema o esporte para pessoas com deficiência. Segundo a coordenadora do NEBIMS, Meirele Rodrigues da Silva, a temática surgiu a partir de uma demanda urgente do município, tanto na formação de profissionais, quanto de politicas públicas que atendam as necessidades das pessoas com deficiência. “O Conselho Municipal de Esporte reconhece que Governador Valadares destaca-se em diversos segmentos esportivos, seja como esporte de rendimento, de participação, de promoção da saúde ou escolares. No entanto, o município não apresenta ações esportivas efetivas para esse público”, explicou Meirele, que também é coordenadora do curso de Educação Física da UFJF-GV.

Peterson destacou a atuação conjunta de instituições públicas na busca pela inclusão. (Foto: Pedro Drumond)

No primeiro dia do evento, autoridades e lideranças do esporte participaram da mesa de abertura do evento. Segundo o diretor-geral do campus GV, Peterson Andrade, iniciativas como essa são importantes “para trabalhar em conjunto com outras instituições a questão da acessibilidade, desenho universal e suporte necessário para a integração das pessoas com deficiências na sociedade”. Peterson destacou ainda o papel da Universidade em produzir e socializar conhecimento técnico, científico e cultural: “o maior ganho da UFJF em GV é formar profissionais sensíveis para as necessidades regionais  e estimular o desenvolvimento de parcerias que buscam a promoção da cidadania e qualidade de vida das pessoas”.

Para a presidente da Associação Mineira do Paradesporto, Lina Vitarelli, o evento traz a oportunidade de capacitar pessoas envolvidas diretamente no esporte, seja na Universidade, na Prefeitura ou escolas particulares e promover uma troca de conhecimento. “Nós da Associação Mineira do Paradesporto trabalhamos com pessoas com deficiência há algum tempo, então quando a gente capacita profissionais, é gratificante ver o retorno deles durante as oficinas, porque eles começam a acreditar, também, que é possível fazer o esporte para a pessoa com deficiência”.

Estavam presentes também o secretário de Cultura, Esporte e Lazer de GV, Guilherme Frossard; o diretor do Departamento de Paradesporto da Secretaria de Estado de Esportes, Cláudio Coelho; o presidente do Conselho Municipal de Esporte de GV, Nabill Narch, e a atleta paralímpica da Seleção Brasileira de tênis de cadeira de rodas, Meirycoll Duval.

Atividades promoveram debates sobre a inclusão das pessoas com deficiência
As apresentações abordaram o esporte paralímpico, como a palestra do professor Cláudio Roberto Coelho, da Secretaria de Estado de Esportes, com tema “Esporte para Pessoa com Deficiência” e da atleta paralímpica da Seleção Brasileira de Tênis de Cadeira de Rodas, Meirycoll Duval, que completou a programação da sexta-feira.

Foram três dias de oficinas, debates e palestras abordando o esporte para pessoas com deficiência. (Foto: Pedro Drumond)

Durante o segundo dia do evento, além das palestras, foram realizadas diversas oficinas com temas variados, como deficiência visual, deficiência intelectual e físico-motora. As atividades foram conduzidas por professores da Associação Mineira do Paradesporto, da Universidade Federal de Minas Gerais e também da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas).

Oficina de vôlei sentado. (Foto: divulgação)

A formação e a experiência do profissional de Educação Física e o desafio do trabalho com pessoas com deficiência foram tema da palestra proferida pela professora da PUC-Minas, Cláudia Barsand Leucas. Doutora em Ciências da Educação pela Universidad de Dessarollo Sustentable (Paraguai),  Cláudia abordou a necessidade de se repensar o papel da escola e do professor, o despreparo para atuar junto a pessoas com deficiência e a ausência de discussões sobre o tema na formação inicial. Segundo ela, há uma necessidade de preparação dos professores e profissionais da Educação Física para o processo de inclusão. “Nesse sentido, a Universidade em parceria com o poder público cumpre com esse compromisso legal ao oportunizar a reflexão sobre a temática entre profissionais e acadêmicos no seu processo de formação. São eventos como esse que despertam o interesse em futuros profissionais e proporcionam a qualificação com a excelência que o público em questão merece”.

Evento promove legado de conquistas e reconhecimento
Após três dias de palestras, oficinas e debates sobre a inclusão e o investimento no esporte para pessoas com deficiência, fica o legado de ações a serem implementadas em Governador Valadares. Lina Vitarelli destaca que, em sua opinião, a maior relevância do Congresso foi uma declaração vinda de uma participante do evento, durante uma das diversas oficinas ministradas. “Uma pessoa com deficiência que participava de uma oficina me disse: ‘eu não sabia que podia fazer esse tanto de esportes’. Apresentamos todos os esportes que uma pessoa com deficiência físico-motora poderia fazer, halterofilismo, esgrima, bocha, futebol de 7, etc. Acho que o maior legado é essa mudança de não ver o limite, e sim as possibilidades da pessoa com deficiência dentro da área esportiva”, comentou.

Segundo Meirele, o objetivo do Congresso era deixar o legado da promoção do esporte para pessoas com deficiência na cidade. “Identificamos a possibilidade de implantar, de imediato, três atividades: o Vôlei Sentado, na Praça de Esportes, o Futebol de 7 e a Dança Adaptada. Assim conseguiríamos atender públicos com diversos tipos de deficiência, como intelectual, motora, visual e auditiva”, pontuou a professora, que destacou a importância do evento para ressaltar o extenso campo de atuação pública na inclusão: ao mesmo tempo em que vimos os desafios de trabalhar com esse público, vimos quantas possibilidades temos, e o que é viável ser aplicado na cidade. Precisamos de boa vontade da gestão pública, dos profissionais e dos próprios deficientes”, finalizou.

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