Palestrantes destacam a importância de pensar a religião no âmbito escolar (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Palestrantes destacam a importância de pensar a religião no âmbito escolar (Foto: Twin Alvarenga/UFJF)

A discussão sobre a influência da religião e das questões de gênero na formação escolar marcou o encerramento do  I Seminário Sobre Religião e Educação da Faced, que ocorreu na tarde desta sexta-feira, 31, no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

O evento foi promovido pelo Diretório Acadêmico da Pedagogia e pelo Centro Acadêmico da Ciência da Religião, com o objetivo de incentivar o debate sobre a perspectiva religiosa nas escolas. O professor da Faculdade de Educação (Faced), Roney Polato, ressalta que este tema é pouco discutido nas licenciaturas e é essencial que a Universidade promova debates que ultrapassem a visão conservadora.  

Polato pesquisa gênero e sexualidade há três anos e participou da mesa “Gênero e religião” ao lado da professora da Ciência da Religião, Elisa Rodrigues. O professor focou sua fala na influência das experiências religiosas nas práticas educacionais, destacando polêmicas como o uso do termo ideologia de gênero. “Temos vivenciado um retrocesso muito grande em função da presença religiosa no âmbito político e público, porque isto constrói um pânico moral que interfere os modos de pensar as relações sociais, o que também afeta o modo como a escola pensa as questões de gênero”, afirma. De acordo com Polato, discursos considerados conservadores desencorajam a escola e os professores.

Já Elisa abordou “O sagrado feminino”, ressaltando como o desaparecimento da valorização do feminino na cultura religiosa cristã implica nos nossos entendimentos cotidianos. A professora apresentou imagens de deusas, os simbolismos e as narrativas que as cercam. “Certos pressupostos que definem as nossas opiniões em relação ao que é masculino e o que é feminino, o que pode e o que não pode, têm sim uma influência em uma série de sentidos construídos no ocidente por meio de uma visão judaico-cristã. E essa perspectiva, de alguma forma, tenta orientar nossa prática docente”, comenta.

Ao longo de dois dias, o seminário abordou a suposta oposição entre religião, laicidade e escola pública e o ensino religioso como área de conhecimento.