O reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus Vinícius David; o diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira de Oliveira; o presidente da Associação de Docentes de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), Rubens Luiz Rodrigues; a coordenadora de Educação e Formação Sindical do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf), Natália Paganini; e o coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Victor Victor, participaram, na manhã desta terça-feira, 28, da mesa de abertura do evento de instauração do Fórum de Diversidade da UFJF.
A atividade tem como objetivo a eleição de representantes da comunidade acadêmica – professores, técnico-administrativos em educação (Taes), alunos e terceirizados – e de movimentos e organizações sociais, para elaboração participativa e democrática da Política de Ações Afirmativas da UFJF.
“É com muita satisfação que participo deste momento. O significado da implantação desse Fórum é muito importante. Para que as instituições consigam avançar neste cenário nacional atual é preciso que unamos nossas forças. Não temos pretensão de construir a política universitária sem diálogo com a comunidade. Políticas afirmativas só vão ganhar consistência se forem debatidas de forma democrática”, destacou o reitor Marcus David.
O diretor de ações Afirmativas enfatizou os esforços recentes para inclusão de grupos historicamente discriminados, como a reorganização da Ouvidoria Geral, a criação da Ouvidoria Especializada e do Núcleo de Apoio à Inclusão da UFJF.
“Quando iniciamos a gestão em março de 2016, verificamos inúmeros problemas nos processos de inclusão à UFJF. Um deles era a ausência de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A instituição, na ocasião em que tinha mais recursos, não se planejou para receber os grupos historicamente excluídos”, afirmou Oliveira.
Os representantes da Apes, Sintufejuf e DCE saudaram a iniciativa de instauração do Fórum de Diversidade e a proposta de construção democrática da Política de Ações Afirmativas da UFJF. “É uma conquista significativa para toda a comunidade universitária. Um dia simbólico e importante de luta, além disso, véspera do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Relatório recente, elaborado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta o crescimento dos casos de lesbocídio, assassinato de mulheres que se relacionam com mulheres em virtude de sua orientação afetivo-sexual. É fundamental que as universidades se posicionem no combate às violências e discriminações. Nossa presença no evento de hoje é muito importante para que possamos consolidar o Fórum de Diversidade da UFJF”, afirmou a coordenadora do Sintufejuf, Natália Paganini.
Papel da Universidade na luta contra o racismo
A conferência de abertura do Fórum de Diversidade foi realizada pelo professor titular sênior da Universidade de São Paulo (USP), Kabengele Munanga. O docente, que é referência na pesquisa das ações afirmativas, e das culturas africanas e afro-brasileiras, falou aos participantes sobre o papel da Universidade no combate ao racismo.
“Os intelectuais devem disponibilizar seus conhecimentos para solucionar os problemas das sociedades nas quais estão inseridos. O que têm feito os estudiosos da Universidade, para enfrentar o racismo na sociedade brasileira?” Kabengele Munanga
“Universidade, como o próprio nome já diz, é uma instituição de caráter universal. Os intelectuais devem disponibilizar seus conhecimentos para solucionar os problemas das sociedades nas quais estão inseridos. O que têm feito os estudiosos da Universidade, para enfrentar o racismo na sociedade brasileira?”, indagou Munanga, que teve importante contribuição em participação na Audiência Pública do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade do sistema de cotas nas instituições federais de ensino brasileiras.
Na avaliação de Munanga, democratizar a Universidade é permitir o acesso dos grupos historicamente excluídos. “É descolonizar o pensamento e romper com a estrutura epistemológica do eurocentrismo. A independência política não implica à independência do pensamento. O pensamento pode estar aprisionado ao racismo que hierarquiza, fundamentado no sujeito branco do conhecimento e no objeto negro do discurso científico. É importante que a Universidade invista na vivência pluriepistêmica, ou seja, que produza pensamento pluriversal, integrando outras culturas, histórias e subjetividades. E isso não será possível sem a presença de negros e indígenas, ou sem a construção de um diálogo com os saberes populares”, destacou.
O evento de instauração do Fórum de Diversidade continua durante toda a tarde desta terça-feira, no Instituto de Ciências Humanas (ICH).
Confira a programação e a dinâmica de eleição dos representantes aqui.
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Outras informações: (32) 2102-6919 – (Diretoria de Ações Afirmativas – Diaaf) / acoesafirmativas@ufjf.edu.br