projeto Anderson Ferrari - Gesed em escola Pública (Foto: Crédito: Vinícius Augusto Martins)

Professor Anderson Ferrari, líder do grupo de pesquisa, acompanha as discussões na Escola Municipal Antônio Faustino da Silva, no Bairro Três Moinhos (Foto: Vinícius Augusto Martins)

De adolescente para adolescente, da escolha do tema das reuniões semanais à condução dos debates realizados pelos estudantes da Escola Municipal Antônio Faustino da Silva, localizada no Bairro Três Moinhos. Essa é a proposta do projeto de pesquisa “Temas contemporâneos para as adolescências”, organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade (Gesed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF): fomentar o protagonismo dos jovens do oitavo ano do ensino fundamental.  

Desde o início do ano, um professor, uma doutoranda e uma mestranda da Faculdade de Educação (Faced) frequentam a escola semanalmente. “É um projeto que a gente pretende que ‘contamine’ a escola. A gente vai à escola, faz uma dinâmica inicial com os estudantes do oitavo ano. Neste primeiro semestre, são dez quartas-feiras até julho. De cara, o assunto mais escolhido pelos adolescentes foi educação sexual. Em seguida, futebol, robótica, preconceito, amizade. Há uma variedade de temas escolhidos”, conta o professor da Faced e um dos líderes do Gesed, Anderson Ferrari.  

Ferrari explica que a dinâmica pretende privilegiar a participação dos jovens nos debates. “Não é um projeto no qual eles levantam a temática e um adulto vai ensinar. Trabalhamos com eles também responsabilidade, compromisso. Então, elencamos os temas, elencamos dentro da turma três ou quatro alunos responsáveis por conduzir cada temática, e vamos à escola durante a semana para preparar tudo com este grupo menor. No dia do debate nós vamos à escola também, mas é esse grupo menor que organiza o discussão entre eles.”

Para a doutoranda em Educação na UFJF, integrante do Gesed e coordenadora da Escola  Municipal Antônio Faustino da Silva, Nathalye Nalon, o projeto “Temas contemporâneos para as adolescências” é um meio de retribuir à instituição os investimentos em sua formação acadêmica. “Trabalho na escola há quase 20 anos. Estou afastada de uma de minhas atribuições, para me dedicar ao doutorado. Aqui também realizo a minha pesquisa que resultará na tese. De certo modo, o projeto surgiu da minha pesquisa e da vivência que meu orientador, Anderson Ferrari, já tinha no Colégio João XXIII, quando atuava lá como docente.”

A vez da robótica

Esta semana foi a vez de os adolescentes debaterem  sobre robótica.  O tema é um dos preferidos pelo estudante Gustavo de Moura Fernandes, 14 anos, que já foi premiado em competições de robôs na UFJF e no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).  Para despertar o interesse da turma sobre o assunto, o jovem confeccionou um robô. “Ele é ativado pela luz. A interação com a luz gera energia. São usadas oito pilhas no total. Gastei mais ou menos R$ 50 nas peças todas.”

Na semana que antecedeu ao debate, a aluna Reyslla Fernandes, 13, sugeriu e ficou encarregada de recolher as dúvidas dos colegas de sala sobre robótica. “Fizemos uma caixa e cada um podia colocar as suas dúvidas escritas ali. Eu e mais três colegas de sala ficamos responsáveis por pesquisar as respostas e falar sobre o assunto durante o debate. Este projeto é muito bom. A gente aprende e o pessoal da Universidade, que vem aqui se reunir com a gente, aprende também.”

Troca de experiências: redes pública e privada

Desta vez, para enriquecer a troca de experiências, a atividade contou, ainda, com a presença de um professor de Física e Matemática e estudantes da rede privada de Santos Dumont. “Esta vivência é importante para os adolescentes. É fundamental que possam conhecer outras realidades”, destacou o professor Diego Moreira.

A avaliação é compartilhada pela estudante de Santos Dumont, Ana Laura Oliveira, 13, quando questionada sobre o aprendizado que levaria da visita à Escola Municipal Antônio Faustino da Silva. “Eu aprendi que, se você tem interesse por um assunto, você deve correr atrás para aprender. O Gustavo fez isso para conseguir montar um robô.”

Outras informações:  Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade (Gesed)  

educasexualidade@gmail.com