A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Daniela Auad, participou de uma série de quatro matérias sobre feminismo no programa “GloboNews Literatura”. De acordo com a pesquisadora, o convite surgiu a partir de suas produções literárias sobre o tema, que o colocam a militância sob a perspectiva histórica. Nesse sentido, a pesquisadora falou sobre “A Pré História do Feminismo no Brasil”.
“A abordagem do feminismo ao longo da programação de quatro fins de semana representa uma alternativa ao conteúdo massivo que vemos com frequência nesse meio”, avalia Daniela. “Reconhecemos isso como brechas na indústria cultural, onde movimentos sociais e pesquisadores podem usar esses tipos de veículo de comunicação, contribuindo para a construção da pauta, ao mesmo tempo em que evitam transmitir uma caricatura do movimento feminista e os estereótipos do senso comum”, diz.
Daniela pontua também que é uma oportunidade de combater a misoginia e promover visibilidade à luta de todas as mulheres. “Fiquei muito honrada em saber que fazemos um trabalho de referência para a grande mídia e para uma parcela da população que quer saber mais sobre o feminismo, mesmo que em tom informativo. Embora seja algo veiculado na grande mídia, não nos tornamos um feminismo produzido pelo mercado e deixamos a marca do trabalho que fazemos na UFJF”, enfatiza.
Uma vida na militância
No ano passado, Daniela foi eleita para a vaga de notório saber no Conselho Estadual da Mulher, órgão de participação da sociedade civil ligado à Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania do Governo de Minas Gerais, em prol de Políticas Públicas e outras ações. O posto é ocupado por mulheres que atuam, de diferentes maneiras, nas produções artística, cultural e de conhecimentos em prol dos direitos das mulheres.
A pesquisadora também é líder do Flores Raras, Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Feminismos, e participou da primeira reunião do Observatório de Gênero e Raça de Minas Gerais, realizada no ano passado, na Cidade Administrativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, que reuniu representantes de universidades e faculdades do estado. O Observatório foi criado em julho de 2016 e converge ações de pesquisa em prol de políticas públicas, pela igualdade de gênero.
Na Universidade, a professora explica que também orienta cinco estudantes de doutorado que perpassam, em seus projetos, a análise histórica do movimento feminista. Um deles tem como foco a participação das jovens que estão cursando o ensino médio, observando o fenômeno das ocupações das escolas. “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, essa iniciativa não começou na chamada ‘Primavera Feminista’, mas vem de muito antes. Temos também uma pesquisa sobre o feminismo lésbico e a luta dessas mulheres para serem reconhecidas no mercado de trabalho, na educação e na saúde”.
A professora acrescenta que o trabalho de outra orientanda coloca em pauta o direito à educação das mulheres, estudando a creche enquanto bandeira de luta e ambiente que assegura o direito das crianças à educação “Ainda temos um projeto que se debruça sobre a história das mulheres no ensino tecnológico e outro que analisa o surgimento do projeto ‘Escola Sem Partido’ que, embora tenha especificidades, é mais uma onda conservadora que atinge as mulheres. Como se pode ver, é impossível falar da realidade sem recorrer a acontecimentos históricos, ressignificando nossa situação atual e dotanda-os de saberes históricos, que nos permitem modificar nossa experiência futura, de modo a garantir uma sociedade mais democrática”, conclui.
O episódio no qual a professora Daniela Auad participa pode ser assistido na íntegra. É preciso ser assinante de algum dos serviços de TV por assinatura.