A V Turma da Especialização em Estudos Latino-Americanos está em sua fase preparatória, com final previsto para 29 de julho (Foto: Twin Alvarenga)

A V Turma da Especialização em Estudos Latino-Americanos está em sua fase preparatória, com final previsto para 29 de julho (Foto: Twin Alvarenga)

Quarenta alunos de cinco países, incluindo o Brasil, participam da V Turma da Especialização em Estudos Latino-Americanos. O curso é uma parceria da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com a Escola Nacional Florestan Fernandes – centro de formação política dos militantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) –, e tem como objetivo educar e formar militantes nas questões econômicas, políticas, sociais e culturais da América Latina.

Doze desses estudantes são militantes de movimentos sociais que vieram do Equador, Colômbia, Paraguai e Argentina. A diretora da Faculdade de Serviço Social da UFJF e coordenadora da especialização, Cristina Simões Bezerra, acredita que para a UFJF a experiência é importante para desenvolver a relação entre a instituição e os movimentos sociais latino-americanos. “Há uma dinamicidade das lutas sociais das quais não temos conhecimento no espaço acadêmico. Ao mesmo tempo em que nos aproximamos dos movimentos latino-americanos, a UFJF também ultrapassa seus muros, chegando em outros locais, por meio desses estudantes.”

"É preciso considerar a Universidade como um território de disputa e fazer parte dele", diz Gabriela Giacomelli (Foto: Twin Alvarenga)

“É preciso considerar a Universidade como um território de disputa e fazer parte dele”, diz Gabriela Giacomelli (Foto: Twin Alvarenga)

Membro do Pátria Grande, movimento popular de esquerda da Argentina, Gabriela Giacomelli, diz que sua participação no curso é uma aposta da organização que representa. “A integração latino-americana e a formação política têm um sentido estratégico para o Pátria Grande, que há muito tempo tem ligação com a Escola Nacional Florestan Fernandes. Os movimentos sociais são muito críticos à academia, de forma geral, mas é preciso considerar a Universidade como um território de disputa e fazer parte dele.”

"Essa oportunidade permite o fortalecimento das relações e dos vínculo", diz Alejandro Bedoya (Foto: Twin Alvarenga)

“Essa oportunidade permite o fortalecimento das relações e dos vínculo”, diz Alejandro Bedoya (Foto: Twin Alvarenga)

O colombiano Alejandro Bedoya procurou o curso em busca do intercâmbio de teorias, conhecimentos e missões sociais com alunos do Brasil e dos outros países participantes. Ele é membro do Congresso dos Povos, organização social que reúne outras entidades populares da Colômbia. “Essa oportunidade permite o fortalecimento das relações e dos vínculos, na medida em que podemos compreender a configuração daquilo que chamamos de identidade latino-americana.”

"As formações escolar e acadêmica tradicionais não dão tanto espaço para os estudos da América Latina", diz Franqueline Terto (Foto: Twin Alvarenga)

“As formações escolar e acadêmica tradicionais não dão tanto espaço para os estudos da América Latina”, diz Franqueline Terto (Foto: Twin Alvarenga)

A assistente social Franqueline Terto dos Santos é uma das brasileiras que participa do curso. Ela é membro do MST de Alagoas e diz ter se interessado pela proposta do curso. “Desde a minha inserção no MST, passei a ter essa certeza de pertencimento à comunidade latino-americana, mas as formações escolar e acadêmica tradicionais não dão tanto espaço para os estudos da América Latina. Então, essa é uma chance para aprender e apreender as nossas diversidades culturais, mas também identificar o que nos une: a terra, o campo e as origens indígenas e negras.”

A academia não pode estar dissociada dos processos sociais, na opinião de Cony González (Foto: Twin Alvarenga)

A academia não pode estar dissociada dos processos sociais, na opinião de Cony González (Foto: Twin Alvarenga)

Do Paraguai, Cony Oviedo González integra o Conamuri, Organização de Mulheres Campesinas e Indígenas daquele país. Ela acredita que a academia não pode estar dissociada dos processos sociais e, por essa razão, acredita que o curso abre uma janela para o diálogo entre a Universidade e as organizações sociais. “Essa relação coletiva entre vários tipos de organizações – com feministas, trabalhadores sem terra, grupos preocupados com os recursos naturais e outros – é essencial para discutirmos o que estamos construindo para disputar espaços acadêmicos e trazer as histórias e as vozes dos nossos povos para a Universidade.”

"O conhecimento crítico da realidade latino-americana nos faz enriquecer ainda mais a construção do que é a própria América Latina", diz Henry Magallanes (Foto: Twin Alvarenga)

“O conhecimento crítico da realidade latino-americana nos faz enriquecer ainda mais a construção do que é a própria América Latina”, diz Henry Magallanes (Foto: Twin Alvarenga)

O economista Henry Magallanes participa do curso, representando a Federação Nacional de Trabalhadores Agroindustriais, Campesinos e Indígenas Livres do Equador. Ele acredita que o curso é importante por resgatar a parceria entre o movimento popular brasileiro e as organizações sociais latino-americanas. “A Universidade, como um espaço construído socialmente, deve estar aberta a criar um conhecimento conjunto, não apenas academicista, mas que contemple um processo compartilhado de aprendizagem. O conhecimento crítico da realidade latino-americana nos faz enriquecer ainda mais a construção do que é a própria América Latina.”

A V Turma da Especialização em Estudos Latino-Americanos está em sua fase preparatória, com final previsto para 29 de julho. Outras quatro etapas são necessárias até que o curso seja finalizado. As aulas ocorrem sempre nos meses de julho e janeiro.