A observação e a análise de cenários escolares com potenciais de estimular a criação e a imaginação das crianças ajudaram a fundamentar a tese de doutorado da acadêmica Gisela Marques Pelizzoni. No estudo, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora, a pesquisadora buscou compreender detalhes da construção dos saberes e das experiências das crianças na educação infantil, em um contexto de redefinição da cultura escolar.

Segundo a doutoranda, a discussão do tema é recorrente no debate educacional e nas mídias contemporâneas. “Muito tem sido discutido sobre os sentidos da infância, sobre o brincar, sobre a dimensão criadora e inventiva da infância.” Gisela ressalta, ainda, que “por outro lado, o apelo a uma escolarização acelerada e a uma infância conectada em novos objetos de consumo voltados às tecnologias da informação e comunicação têm provocado uma dispersão do sentido em torno do lugar da infância no desenvolvimento humano, entendendo-se aqui a infância enquanto uma experiência histórica universal, uma condição específica de experiência no mundo, que se faz de modo completamente distinto da condição vivida pelo mundo adulto.”

A pesquisa buscou encontrar, no arquivo da escola onde Gisela trabalha, alguns cenários onde a infância fosse capaz de se mostrar na sua potência criadora e poética. “A partir da seleção de três destes cenários documentados, foi realizada uma análise documental de base hermenêutica, por meio da qual se buscava ler naquelas fontes as maneiras como o gesto da infância era capaz ou não de estabelecer diálogos com a cultura daquela determinada escola.”

A acadêmica explica que os cenários relacionam três situações específicas: as histórias sobre um estudo de moluscos com crianças pequenas, a história de uma comunidade brincante surgida na escola e a história de uma tradição de nascimentos de borboletas na escola inaugurada por meninos. A partir da interpretação proposta, “a pesquisa foi capaz de dar visibilidade à potência regeneradora das poéticas da infância, sendo capaz de mostrar possibilidades de diálogos fecundos entre a escola e a cultura da infância”, enfatiza a doutoranda.

Para a acadêmica, o estudo é importante para a sociedade, pois traz contribuições para pensar outras possibilidades de se fazer a escola, não mais pautada em práticas canônicas, muitas vezes esvaziadas de sentido para a formação humana. “O que este estudo aponta diz respeito à possibilidade de uma escola que se mostre sensível aos gestos plenos de inventividade e criação das crianças, se constituindo em um espaço educativo que se coloque no fluxo de reinventar suas ritualísticas, seus ritmos, suas formas de organização de tempos e espaços de aprender e as suas formas de construção de conhecimento”, argumenta Gisela.

Para a professora orientadora, Sônia Regina Miranda, a tese se destaca pelo caráter inovador, da escrita à construção do trabalho. “Ao focalizar aspectos da vivência infantil em sua inteireza e detalhe, a tese lança um olhar interpretativo original e denso para o cotidiano da infância, depreendendo da voz e dos gestos das crianças aspectos centrais ao que pode ser uma experiência escolar criadora e redefinidora das bases da relação com o saber.”

Contatos:
Gisela Marques Pelizzoni (doutoranda)
gisapeliz@hotmail.com

Sônia Regina Miranda (orientadora)
soniareginamiranda@gmail.com

Banca examinadora:
Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Miranda (UFJF)
Prof. Dr. Maximiliano Valério Lopez (UFJF)
Prof.ª Dr.ª Maria Teresa de Assunção Freitas (UFJF)
Prof.ª Dr.ª Sandra Regina de Oliveira Garcia (UEL)
Prof.ª Dr.ª Carmen Teresa Gabriel Le Ravallec (UFRJ)

Outras informações: (32) 2102 – 3665 – Programa de Pós-Graduação em Educação