A OMS estima que a doença atinge cerca de 1,2 milhão de brasileiros. Em sua maioria, idosos acima de 60 anos (Foto: Bedneyimages / Freepik)

A OMS estima que a doença atinge cerca de 1,2 milhão de brasileiros. Em sua maioria, idosos acima de 60 anos (Foto: Bedneyimages / Freepik)

Descoberta há 110 anos, a Doença Alzheimer (D.A.) é uma doença neurodegenerativa que atinge as células cerebrais e as ligações entre elas, causando a perda da memória, mudanças comportamentais, desorientação temporal e espacial, entre outras funções cognitivas. Ainda sem cura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a doença atinge cerca de 1,2 milhão de brasileiros, em sua maioria, idosos acima de 60 anos.

“A doença Azheimer é  a principal causa de demência em idosos e sua prevalência e incidência aumentam de forma exponencial com a idade, sendo que a prevalência duplica a cada 5 anos, após os 60 anos. É bem democrática, não tem predileção por etnia,  sexo ou classe social”, aponta a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Laura  Maciel Almeida. Neurologista e psicóloga, Ana Laura estuda a doença há mais de 20 anos e se especializou em Neuropsicologia, interessando-se principalmente pela área da cognição.

A partir de uma bateria de testes de atenção — que observam a memória, a linguagem, a coordenação e eficiência motoras, e as funções executivas (como controle de pensamentos e reações diante de conflitos) dos pacientes –, a professora busca identificar insuficiências cognitivas que denunciem a Doença de Alzheimer.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do Alzheimer é sempre um diagnóstico de exclusão, verificando primeiramente todas as possíveis causas de déficits cognitivos, como alteração na tireóide,  deficiência de vitamina B12, traumas, infecções, AVC”, explica. De acordo com Ana Laura, a D.A. se diferencia das demais causas de demência por envolver mudanças estruturais nos neurônios e nos neurotransmissores: “Há alterações neurodegenerativas, envolvendo mudanças estruturais como os enovelados neurofibrilares, as placas neuríticas e as alterações do metabolismo amilóide e alterações nos neurotransmissores, principalmente déficit colinérgico.”

“O déficit tem que interferir nas atividades funcionais da vida diária da pessoa para o diagnóstico de demência.”

Quais são os sintomas específicos do Alzheimer?

Muitos casos da doença iniciam acompanhados de quadros depressivos nos idosos, alterações comportamentais e outras deficiências cognitivas, podendo dificultar o diagnóstico correto da doença. Por isso, a professora destaca, ainda, a importância da realização de testes de memória em pacientes com esses sintomas.

“A primeira e principal característica da demência de Alzheimer é o déficit de memória,  mas há prejuízo de outras funções como a linguagem, levando à anomia  (esquecer o nome das coisas), diminuição da fluência verbal, alterações comportamentais e desorientação temporal e espacial”, exemplifica. “O déficit tem que interferir nas atividades funcionais da vida diária da pessoa para o diagnóstico de demência. Quando ocorrem déficits cognitivos sem esse comprometimento funcional, consideramos a possibilidade de Comprometimento Cognitivo Leve, um estágio de transição entre o indivíduo normal e o paciente com demência.”

Veja dez tópicos sobre o Alzheimer ao clicar na imagem abaixo:  

“O diagnóstico e o tratamento precoces garantem um melhor resultado terapêutico”, afirma a professora Ana Laura Almeida (Foto: Katemangostar / Freepik)

“O diagnóstico e o tratamento precoces garantem um melhor resultado terapêutico”, afirma a professora Ana Laura Almeida (Foto: Katemangostar / Freepik)

Tratamentos

Os tratamentos atualmente utilizados buscam aliviar os sintomas e retardar parcialmente a evolução da D.A, por meio de medicamentos como anticolinesterásicos (rivastigmina, donepezila e galantamina) e  memantina, que também podem beneficiar pacientes com alguns dos outros tipos de demência, que não têm tratamento específico. “O tratamento da Doença de Alzheimer deve ser multidisciplinar dependendo do estágio da doença, incluindo reabilitação neuropsicológica, fonoaudiológica, fisioterápica. Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces garantem um melhor resultado terapêutico.”

Ana Laura irá ministrar a palestra “Será que é Alzheimer? Conversando sobre demências”, parte do II Congresso de Neurologia e Neurocirurgia da UFJF, que acontece até este sábado, 6.

Outras informações:

II Congresso de Neurologia e Neurocirurgia da UFJF

(32) 2102-3841 / 3845 (Faculdade de Medicina)