Foto: Flávia Carvalho

Foto: Flávia Carvalho

Com o objetivo de pesquisar as consequências do rompimento da barragem de Fundão sobre as populações urbanas e minorias das populações do campo e da floresta no entorno do município de Governador Valadares, o professor Henrique Queiroz, do Departamento de Administração da UFJF-GV, desenvolve o projeto “Exploração dos recursos naturais no Brasil: a história da dependência econômica para a atualidade das atividades extrativas de minério e as consequências à população atingida”.

Ocorrido em novembro de 2015, no subdistrito de Bento de Rodrigues, há 32 km do município de Mariana, o rompimento causou consequências graves à população que dependia do Rio Doce para obter renda, alimentação, abastecimento hídrico e lazer. “O tema dos impactos socioeconômicos para os atingidos pelo rompimento da barragem ainda é algo não pesquisado e aprofundado em pesquisas científicas de cunho sociológico, dada a sua relativa recente ocasião. O trabalho tem importância fundamental, pois abordará os impactos reais nas condições de reprodução de parte de trabalhadores camponeses e urbanos que foi diretamente ou indiretamente atingida. Disto decorre não apenas os impactos ambientais no modo de vida das populações do campo e da floresta, mas também os impactos urbanos na população de Governador Valadares, incluindo vários setores do comércio que se baseavam nas atividades referentes ao uso das águas do Rio Doce, como a pesca, a pecuária e agricultura. Assim, a elucidação dos impactos socioeconômicos servirá de subsídio para tomada de decisão para mitigação e reparação dos atingidos pelo poder público”.

Segundo Henrique Queiroz, o trabalho abordará também o contexto do desenvolvimento preconizado pelo Governo Federal desde o processo de redemocratização, de onde a dependência econômica nacional se vê aliada aos processos da globalização e interesses econômicos internacionais. “Os processos de privatização de grandes empresas estatais provocaram a mudança estrutural na orientação da exploração dos recursos naturais no Brasil, direcionando não mais ao desenvolvimento econômico e social do país. Esta mudança se qualifica pela orientação exclusiva para os interesses do mercado e de seus acionistas. Portanto, o trabalho tentará elucidar as relações existentes entre a história da mineração e as relações entre o Estado e empresa privada, levantando dados e informações que possam auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas para os atingidos”.  

Contemplada pela Fapemig, a proposta receberá verba de pouco mais de R$ 19 mil.  “A aprovação do projeto demonstra que o tema ainda possui impacto científico no Brasil. Se as abordagens principais foram no esteio das perdas ambientais irreparáveis, existem também as populações que tiveram e ainda têm alta ligação de sua vida cotidiana, seu próprio trabalho e fonte de renda, direta ou indiretamente ligados à existência do Rio. Não obstante, as populações locais não tem sido estudadas como parte integrante e essencial dos problemas advindos do rompimento criminoso da barragem. Acredito que a relevância do tema tenha pesado bastante na aprovação”.

Henrique Queiroz destacou que o projeto é uma iniciativa que resulta de atividades conjuntas de trabalho entre colegas docentes e discentes da UFJF-GV, que são executadas de forma gradual. “Execução esta que auxiliou de forma decisiva na construção e elaboração da proposta”.

Outros seis projetos de professores da UFJF-GV foram contemplados pela Fapemig. Confira.