O professor propõe despertar as pessoas sobre possíveis riscos de consumo que podem causar reações adversas como alergia, aversão e/ou intolerância a componentes dos alimentos (Foto: Caique Cahon)

O professor propõe despertar as pessoas sobre possíveis riscos de consumo que podem causar reações adversas como alergia, aversão e/ou intolerância a componentes dos alimentos (Foto: Caique Cahon)

Você sabe quanto de sódio você deveria consumir em uma refeição? O que são gorduras saturadas? E o que é o ácido pantotênico? Investigar o rótulo do alimento industrializado mais inocente pode ser um desafio hoje em dia, tornando comum que consumidores incautos acabem ignorando as letras miúdas e ingerindo produtos pouco saudáveis ou até mesmo perigosos.

Dando continuidade à programação da 5ª Jornada de Divulgação Científica: Ciência alimentando o Brasil, o professor Carlos Henrique Fonseca (UFJF-Governador Valadares) apresenta, na próxima quarta-feira, 19, a palestra “Riscos Alimentares: principais alimentos envolvidos e novos desafios”. O professor propõe despertar as pessoas para o fato de que é possível cuidar da saúde a partir da alimentação — não só com uma dieta balanceada, mas também estando atento a possíveis riscos de consumo que podem causar reações adversas como alergia, aversão e/ou intolerância a componentes dos alimentos.

Desinformação colocando consumidor em risco

Conforme o professor, a ideia de riscos alimentares está associada a doenças causadas por micro-organismos e suas toxinas, como o botulismo e infecções causadas por salmonelas. No entanto, o público geral não costuma fazer uma relação entre os sintomas dessas enfermidades com os micro-organismos que os causam. “Essa desinformação coloca em risco o consumidor. Nós temos o exemplo do mel mal conservado que ingerido por crianças menores de dois anos pode causar botulismo infantil. Além disso, vemos doenças reemergindo, como a cólera. Essa está associada ao consumo de água e alimentos contaminados, inclusive gelo,  que vem acompanhando a prática de engarrafar clandestinamente água mineral”, explicou Fonseca.

“Não existe ainda no Brasil um hábito de ler os rótulos dos alimentos. Quando o consumidor lê, não entende. E, quando ele não entende, não tem importância.”

Além do perigo da contaminação, a miscelânea dos alimentos que compõe a dieta do brasileiro apresenta problemas como os resíduos de substâncias químicas utilizadas em sua produção. Mais icônicos, os agrotóxicos vêm incomodando a sociedade, que teme estar consumindo “venenos”. Resíduos de drogas veterinárias encontradas em produtos de origem animal e vegetal também afetam a saúde dos consumidores e estão sob monitoramento constante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo o professor, a legislação sanitária brasileira é uma das melhores do mundo, mas, ainda assim, devemos nos informar mais para solicitar aos órgãos responsáveis providências sobre irregularidades ou informações duvidosas ao consumidor. Caracterizar o alimento industrializado com apelo saudável atende ao novo estilo alimentar do brasileiro, que associa praticidade à qualidade de vida. 

Um dos segmentos que vem aproveitando as brechas na regulamentação é o de suplementos alimentares. Alguns destes produtos não costumam declarar os ingredientes e os efeitos adversos do consumo de forma clara e continuam a venda.

Fonseca ainda é otimista sobre os avanços na regulamentação e na formação de consumidores mais conscientes. “A partir de 2007, o Ministério da Saúde em conjunto com a Anvisa e com o apoio da Associação Brasileira das Indústrias (ABIA) firmaram um acordo para implementar ações a fomentar estilos de vida saudáveis que inclui uma alimentação saudável e adequada”. Como resultado, em 4 anos foram retiradas 14.893 toneladas de sódio dos produtos alimentícios. Até 2020, a meta é que as indústrias do setor promovam a retirada voluntária de 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro.

Oficina na praça

Além da palestra, o professor coordena a oficina “Que sabor tem a sua comida? Entenda o rótulo dos alimentos, seja mais saudável”, realizada na Praça Antônio Carlos ao longo da próxima semana. Durante essa atividade, os alunos do curso de Farmácia da UFJF Governador Valadares estarão dando orientações de saúde sobre a relação dos alimentos com a hipertensão, alergias, diabetes e obesidade e distribuindo as cartilhas sobre riscos alimentares e rotulagem de alimentos.  Esse material produzido no Núcleo de Inovação em Tecnologias: Alimentos, Saúde e Cultura (NIHTA-Doce) será, posteriormente, disponibilizado na página da UFJF. Fonseca também recomenda o Guia Alimentar para a População Brasileira, produzido pelo Ministério da Saúde e por especialistas no tema.

Ciência na praçaCiência na Praça

A palestra integra a programação da 5ª Jornada de Divulgação Científica, que marca a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e também é composta por uma série de oficinas, oferecidas entre os dias 22 e 23 de outubro. Como parte do projeto “Ciência na Praça”, essas exposições serão realizadas na Praça Cívica da UFJF e na Praça Antônio Carlos, visando aproximar a comunidade geral dos temas tratados. Nas oficinas, os participantes poderão interagir (e até mesmo realizar) os experimentos propostos pelos professores, que irão tratar de assuntos como nutrição, física e química na cozinha, e qualidade do leite.

A participação nas exposições não requer inscrição prévia. Para as palestras, que irão ocorrer Auditório do Instituto Estadual de Educação, as inscrições podem ser feitas no telefone (32) 3229-7606, do Centro de Ciências da UFJF, até o dia 18.

Confira o ciclo de palestras da 5ª Jornada de Divulgação Científica: