O Dia Mundial sem Tabaco é comemorado no dia 31 de maio e, para lembrar a data, está disponível a nova versão do programa on-line e gratuito que auxilia fumantes a deixarem o vício. O projeto Viva sem Tabaco faz parte da linha de pesquisa de em saúde do Centro de Referência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Outras Drogas (Crepeia) em parceria com o Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O projeto segue o código de ética da Health on the Net Foundation, que diz respeito aos critérios de publicações de saúde na internet. A iniciativa nasceu da tese de mestrado do pesquisador Henrique Gomide e foi desenvolvida por especialistas em tabagismo, contando com a participação de fumantes e ex-fumantes. A plataforma está disponível em vários idiomas, incluindo inglês e alemão.
“O objetivo é oferecer, de forma clara e simples, as informações necessárias para o usuário dar fim ao vício”, explica Gomide. Segundo ele, uma das motivações para desenvolver o programa foi a falta de informação de qualidade disponível e conhecimento em relação às formas possíveis para dar fim ao vício. “Quando fizemos a revisão sobre o que está disponível em relação a programas para auxiliar no fim ao vício na internet do Brasil, verificamos muita coisa de má qualidade. O Viva sem Tabaco propõe oferecer informação confiável.” Ele ressalta, ainda, que os planos de saúde privados não têm seu foco nesse tipo de tratamento e o Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue abranger todos os que necessitam.
Plano de dicas personalizado
A pessoa interessada acessa uma vez a plataforma do programa e faz um plano de dicas personalizado. Inicialmente, há uma avaliação do nível de dependência, em seguida, o usuário estabelece uma data para parar de fumar. Os profissionais envolvidos sugerem várias técnicas que podem ser seguidas para que o objetivo seja alcançado, e o usuário é quem escolhe quais irá seguir. Ao decorrer do auxílio, o dependente recebe e-mail com mensagens motivacionais. Caso o tratamento não esteja indo bem, é possível realizar um novo plano.
Sobre o fato de a dependência do tabaco ser, além de química e física, psicológica e emocional, Gomide afirma que o programa conta com técnicas terapêuticas, que oferecem dicas em relação a situações como recaídas. Para isso, o site oferece um campo de texto em que o usuário redige sua experiência e, a partir daí, os profissionais sugerem dicas. Assim, o indivíduo pode aprender com o próprio erro, segundo Gomide. Ele ressalta que o programa não substitui o atendimento tradicional oferecido por um profissional da saúde, e que o programa pode fornecer dicas sobre quais outros atendimentos buscar.
O programa foi lançado em 2013, e o sistema já conta com cerca de 300 usuários cadastrados e mais de dez mil acessos. Para melhorar a experiência dos usuários, a nova versão do site conta com um novo layout e proporciona melhorias em seu fluxo, que passa a poder ser acessado também pelo celular. Gomide espera um aumento no acesso dos usuários e pretende melhorar, junto ao Departamento de Computação, ainda mais os mecanismos do site e criar um sistema de recomendações, como links indicados pelo programa Viva sem Tabaco.
Alerta mundial
A Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu 31 de maio para ser o Dia Mundial sem Tabaco, servindo como alerta sobre as doenças e as mortes relacionadas ao tabagismo que podem ser evitadas. Nesse dia, ações de prevenção e controle são divulgadas pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e articuladas com as secretarias estaduais e municipais de saúde junto à sociedade.
Segundo o Inca, o mal à saúde feito pelo tabaco deve-se ao fato deste, quando queimado, liberar cerca de 4.720 substâncias tóxicas, sendo dezenas delas cancerígenas e radioativas. A dependência ocorre pela presença de nicotina, que produz alterações no Sistema Nervoso Central e estimula uma sensação de prazer ao fumante. Com o tempo, este desenvolve um tolerância à droga e necessita consumir uma dose cada vez maior. Com a dependência crescem os riscos de se contrair doenças que podem levar à morte.
De acordo com a OMS, o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo e está relacionado a mais de 50 doenças. Ele é responsável por 30% de mortes por câncer de boca, 90% por câncer de pulmão, além de mortes relacionadas à doenças de coração, bronquite e derrame cerebral.