Em mais uma matéria da série “Ciência 24h”, nossa equipe focou no tema economia e políticas públicas. Para tal, visitou o Núcleo Interinstitucional de Estudos em Trabalho e Economia Social (Nietes). “Se a alocação de recursos for direcionada para o locais errados, isso pode colocar a vida de milhares de pessoas em risco até de morte, como seria o caso de uma má alocação do financiamento voltado para o setor de saúde”, exemplifica Ricardo Freguglia pesquisador do Núcleo. “Da mesma forma que existe um medicamento que salva a vida de milhares de pessoas, também existem medidas econômicas que salvam e ajudam a melhorar a vida dos cidadãos.”
Líderes do Nietes e professores da Faculdade de Economia da UFJF, Freguglia e Flávia Chein esclarecem que o Núcleo trabalha assuntos que evidenciam os princípios da economia presentes no dia a dia das pessoas, e não apenas nas empresas e instituições financeiras. Dentro do grupo, são discutidas questões como a importância da escolha de onde o seu filho irá estudar, o que devemos levar em consideração ao optar por uma alimentação saudável ou não, e até mesmo o que faz com que optemos por morar em uma cidade A ou B. O núcleo demonstra como os conhecimentos da ciência econômica podem ajudar a melhorar a vida das pessoas e compreender melhor porque, muitas vezes, elas ou o próprio governo tomam decisões que reduzem o bem estar econômico.
“Da mesma forma que existe um medicamento que salva a vida de milhares de pessoas, também existem medidas econômicas que salvam e ajudam a melhorar a vida dos cidadãos” Ricardo Freguglia
Tanto para Flávia quanto para Freguglia, o que chama atenção na linha de pesquisa é a proximidade da realidade, a possibilidade de observação da realidade pela lógica da racionalidade econômica e de suas limitações. “Nós pesquisamos, em última análise, os comportamentos dos indivíduos frente a situações diversas e suas consequências em termos não apenas dos ganhos individuais, mas também do bem estar da sociedade”, pondera Flávia. “Fazemos avaliações de programas de governo como o Bolsa Família, políticas de cotas e outas ações afirmativas. Analisamos e apontamos possibilidades para o indivíduo já inserido no mercado de trabalho”. A pesquisadora usa como exemplo uma das dissertações que orienta, cujo tema envolve a avaliação do efeito de ciclos políticos, ou do alinhamento entre prefeitos, governadores e presidente, sobre a assistência à saúde nos municípios brasileiros. “A economia está inserida em vários setores e cenários, e, às vezes, não é percebida”, prossegue. “Nosso esforço é para produzir um conhecimento que seja aplicável e que gere um bom retorno para a sociedade.”
Oportunidade única
O núcleo surgiu de uma intercessão das linhas de pesquisa com as quais os professores e pesquisadores Flávia Chein e Ricardo Freguglia estão envolvidos. Ambos trabalham nas áreas de avaliação de políticas públicas e microenocomia aplicada, que é uma linha de pesquisa voltada para estudar a maneira como indivíduos se comportam diante de decisões diversas, como de entrada no mercado de trabalho, escolha de ocupação, opção pelo ensino técnico ou superior, morar em Juiz de Fora ou em um grande centro. A pesquisa abrange trabalhadores, empresas, consumidores, e produtores de bens e serviços, entre outros.
Sendo assim, o Nietes abarca uma ampla linha de pesquisa, abordando áreas variadas, desde de avaliação de políticas públicas até mercado de trabalho, educação e saúde. Composto por alunos da graduação e da pós-graduação, o grupo, segundo Flávia, estabelece “interfaces com empresas do setor público e privado”. “Nossos alunos têm a possibilidade de treinamento profissional e estudo científico”, aponta. “Ao mesmo tempo, focamos no estudo da metodologia e também a aplicamos, lembrando sempre que o método deve ser um instrumento, mas não um fim em si mesmo”
Laboratório de economia
Para a realização de suas pesquisas, o núcleo possui acesso direto ao Laboratório de Estudos Econômicos da UFJF, o Econs, do qual o professor Freguglia é coordenador. “É um laboratório que busca sistematizar os principais bancos de dados econômicos e sociais que são relacionados às linhas de pesquisa em economia, em especial a que envolve a questão do trabalho e dos estudos sociais”, ressalta.
Dentro dele, é possível o acesso a dados de instituições como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Ministério da Saúde, entre outros. Dessa forma, podem ser realizadas pesquisas voltadas para temas como emprego, desemprego, economia urbana, orçamento familiar, censo escolar e de educação superior, por exemplo.
“O que é feito dentro do Econs é sistematizar todos esses bancos de dados e subsidiar as pesquisas que os exploram para que, dessa forma, possamos tirar conclusões sobre questões socialmente importantes”, diz Freguglia. Além disso, o laboratório também disponibiliza à comunidade acadêmica um serviço de informação especializada, estimulando o maior contato entre alunos alunos de Economia e questões inerentes à sociedade.
Outras informações: Faculdade de Economia