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Mergulho Teatral do Grupo Divulgação marca 60 anos do Golpe de 64 em “Censura, não!”

Espetáculo faz retrospecto da história da censura no Brasil, desde a época da colonização (Foto Márcia Falabella)

Como forma de marcar os 60 anos do golpe civil-militar de 1964, o Grupo Divulgação apresenta o espetáculo “Censura, não!”, nesta sexta-feira, 5, às 20h, no Teatro do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O espetáculo tem texto e direção de José Luiz Ribeiro. A única apresentação encerra os trabalhos do Mergulho Teatral, imersão no teatro destinada a universitários, que integra o projeto de extensão “Centro de Estudos Teatrais – Cursos e Oficinas”. A entrada é franca e sujeita à capacidade de lotação do espaço. Os convites devem ser retirados na bilheteria do teatro no dia da apresentação, a partir das 19h.

Em “Censura, não!”, José Luiz Ribeiro faz um retrospecto da história da censura no Brasil, desde a época da colonização, com a restrição à liberdade religiosa dos indígenas, por parte do colonizador católico português; passando pela ação censória à produção artística que existiu no Brasil Império (1822-1889), na Era Vargas (1930-1945) e na Ditadura Militar (1964-1985), até chegar a casos recentes, ocorridos após a redemocratização. Um dos episódios denunciados no espetáculo é o caso do livro “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, recolhido de colégios públicos em Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.

“Censura é um ato vergonhoso em que um ser humano impõe o silêncio a outro ser humano. Os perigos da censura existem. E depois de 60 anos de momentos muito difíceis para a cultura, é preciso lembrar sempre e dizer: isso não deve acontecer mais. O ser humano tem que dialogar para fazer a sociedade avançar”, afirma José Luiz Ribeiro, também coordenador do Grupo Divulgação.

Também na sexta, 5, o público poderá conferir o último dia de visitação à mostra com o mesmo nome e temática da peça. A exposição está em cartaz na Galeria de Arte do Forum da Cultura, que fica localizada nas proximidades do teatro do centro cultural.

As atividades fazem parte de uma série de eventos realizados com apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais (OAB/MG) – Subseção Juiz de Fora, para celebrar, ao longo do mês de abril, a importância da defesa da democracia.

 

Canções próprias e clássicos nacionais permeiam o espetáculo (Foto Márcia Falabella)

“Preservar a liberdade”

Com o dinamismo do teatro de revista, o texto mostra a trajetória do ímpeto censório no Brasil, ligando fatos e canções. A trilha sonora é composta por músicas-símbolo de diferentes momentos históricos. Entre as obras selecionadas, estão joias como “Divino Maravilhoso” (Caetano Veloso/Gilberto Gil), imortalizada na voz de Gal Costa, e “Zé Corneteiro” (Lalá Araújo), marchinha de carnaval gravada pela vedete Virgínia Lane, além de músicas de espetáculos do Grupo Divulgação, compostas por José Luiz Ribeiro.

A ação da censura sobre o Grupo Divulgação também é relatada no espetáculo. Cenas de peças encenadas pela companhia no período ditatorial fazem parte da colagem que o texto apresenta. São os casos de “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, e “Diário de um Louco”, de Nikolai Gogol, em adaptação de Rubem Rocha Filho. Esta peça, inclusive, foi censurada no dia da estreia, em 1969, no Teatro da Casa d’Itália. Posteriormente o texto foi liberado com cortes. Uma das cenas cortadas pela censura na ocasião será encenada agora, em 2024. Outra peça retratada é “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes, cujo texto foi enviado para a necessária aprovação dos censores, mas não houve retorno.

Citando poema de sua autoria que pontua diversos momentos do espetáculo, José Luiz Ribeiro ressalta a mensagem de seu texto: “Em boca calada não entra mosquito. Mas em boca trancada, a palavra morre. Precisamos falar, inclusive, por conta desse momento de quase volta ao golpe. Temos que preservar a liberdade”, finaliza.

Na avaliação da atriz do Grupo Divulgação e professora do Departamento de Fundamentos, Teorias e Contextos da Faculdade de Comunicação (Facom), Márcia Falabella, a peça deve ser assistida por pessoas de “todas as gerações”.

“Pessoas que viveram o tempo da censura, que já passaram por algum tipo de censura, que acreditam que a censura não existiu. E sobretudo os jovens, por exemplo alunos do Ensino Médio. Que passem pela exposição, assistam ao espetáculo, porque pode ser um tema de redação”, acredita.

 

Elenco e equipe

O elenco é composto por Aian Cruz, André Felipe Duque, Ashley Assis, Bruna Leal, Bruno Schultz, Camila de Carvalho, Camily Vitória, Daniel Berg, Eveline Faria, Fernanda Borges, Helena Vasconcellos, Hiago Dias, Igor Santos, Kauê Fonseca, Laís Fonseca, Lendel Smânio, Letícia Rezende, Lúcio Araújo, Marcos Rocha, Maria Clara Almeida Santos, Mateus Omar, Maxwell Marcílio, Raíssa de Castro, Taynara Miguel e William Ribeiro.

Programa da peça, preparo corporal e sonotécnica são de Dowglas Mota; preparo vocal, cartaz, fotografia e registro videográfico são de Márcia Falabella. Texto, luminotécnica e direção são de José Luiz Ribeiro.

 

“Censura, não!”

Grupo Divulgação – Mergulho Teatral do 1º semestre de 2024

Entrada gratuita

Sexta-feira, 5, às 20h (sessão única)

Teatro do Forum da Cultura – Rua Santo Antônio, 1.112, Centro, Juiz de Fora

Outras informações: (32) 2102-6306 – Forum da Cultura da UFJF