Com expressiva participação de estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), de 24 cursos dos campi de Juiz de Fora e de Governador Valadares, o concurso “Viva a Vida, Combate ao Suicídio” dá origem à exposição de mesmo nome, que teve início no dia 5 de dezembro na Galeria Reitoria (no saguão da Biblioteca Central). Ao todo, inscreveram-se 98 alunos, com 166 obras apresentadas. A mostra contempla todos os trabalhos participantes.
A pró-reitora de Cultura, Valéria Faria, idealizadora do projeto, ressalta que o propósito do concurso foi cumprido. “A participação nas ações que se propõem a reverter o difícil cenário que se apresenta aos que sofrem de depressão mostra que a arte importa como meio de conscientização. Demonstra também que essa expressiva mobilização desperta para a força que a solidariedade assume quando o assunto é vital. Essa é a nossa proposta de resistência para tentar reverter a perversa equação da desesperança”.
Razão e sensibilidade
Ada Medeiros Dutra, do Bacharelado Interdisciplinar de Artes e Design, está entre os premiados e entende que o concurso e a exposição são ações de grande relevância para instigar a reflexão sobre um dos mais graves problemas hoje enfrentados pelas populações de todo o mundo, o suicídio. “Se, com meu trabalho, eu conseguir sensibilizar uma única pessoa que seja, fazendo-a repensar suas intenções, demovendo-a da ideia de morte, já terá valido a pena”, observa.
Durante todo o processo de criação da obra intitulada “Em espírito e em verdade”, Ada avaliou a importância e a necessidade de oferecer ajuda àqueles que se encontram em um estado emocional que os leve a desistir de viver. “Tenho uma forte ligação com a espiritualidade e, talvez por isso, veja um sentido especial nesse trabalho”. Ela lembra o valor de atividades que extrapolem o Setembro Amarelo, que se firmou na luta contra o suicídio, auxiliando na detecção dos sinais e oferecendo alternativas.
Enfrentando os monstros
Fernanda Terra Costa, também aluna do Instituto de Artes e Design, recebe a menção honrosa por seu trabalho “Enfrente seus monstros”, em que usa o amarelo e o roxo como cores contrastantes para representar uma batalha em que a vida sai vitoriosa. No primeiro quadro, um dragão se sobrepõe a uma pessoa e, no segundo, um instrumento de luta, a espada, lhe é dada por outras pessoas para enfrentar o monstro. Finalmente, no terceiro, a vitória contra o monstro se configura.
A mobilização conjunta de familiares, amigos e profissionais está representada na obra de Fernanda, que reconhece a importância de se abordar o drama do suicídio em caráter de continuidade como um alerta sobre o problema e a necessidade de se buscar soluções. “É fundamental ampliar as discussões em torno do tema”, diz, aplaudindo a iniciativa da Universidade Federal de Juiz de Fora de incentivar o enfrentamento de um mal que não escolhe idade, condição social, credo ou raça, afetando toda a sociedade em proporções mundiais.
Mãos que se estendem
Com o trabalho “Ikigai” entre os dez premiados, Júlia Perrotti, do curso de Rádio, TV e Internet, abre um caminho de superação com um cartaz em verde claro, evidenciando mãos que se estendem em complemento a frases como “Você não está sozinho” e “Talvez eu não entenda a realidade que você vive, mas estou aqui com você”. Para ela, é fundamental que as pessoas se sintam acolhidas e saibam que sempre há quem possa ajudá-las.
“Esse projeto da Pró-reitoria de Cultura tem uma importância muito grande, especialmente hoje em dia, quando há sempre um desgaste físico e psicológico a ser absorvido não apenas pelos estudantes, mas por todos que se sintam pressionados. Daí ser primordial a continuidade dessa campanha para que as pessoas se sintam queridas e saibam que têm com quem contar para superar suas dificuldades”.
É possível prevenir
Tabu que começa a se desconstruir com a conscientização sobre a relevância de se fornecer informações, oferecer ajuda, identificar sinais, o suicídio deve ser encarado como um mal de proporções alarmantes, que pode ser contido. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que nove em cada dez suicídios poderiam ser evitados com a ajuda e a atenção daqueles que estão ao redor.
Ainda segundo a OMS, o Brasil já é tido como o oitavo país com maior índice de suicídios, atrás apenas da Índia, da China, dos Estados Unidos, da Rússia, do Japão, da Coreia do Sul e do Paquistão. Ao todo, são mais de 30 mortes por dia, com um registro de aproximadamente 1.500 casos anuais. Reverter esse cenário demanda participar da prevenção, falar sobre o assunto, esclarecer, compreender e precaver.
Prêmios e menções
Os dez premiados são, por ordem alfabética, Ada Medeiros, Giovanni Vicente, Giuliano Pietro, Júlia Perrotti, Júlia Queiroz, Leandro Carvalho, Luiz Otávio Campos, Matheus Nogueira, Renata Dorea e Vitória Rios Baranda.
As 20 menções honrosas vão para Armando Júnior, Brian Luís Cristiano, Fellipe Pedrosa, Fernanda Terra Costa, Francesco Lemos, Gabriel Neves, Gilberto Medeiros, Giuliano Pietro, Guilherme Hagler, João Victor Cramonez, Luana Lyra, Lucas Ferreira, Lucas Obama Soares, Monique Victor de Oliveira, Naira Castro, Natália Novaes, Nickolas Garcia, Raizza Prudêncio, Richelle Pereira da Silva e Rodrigo Schmier.
Outras informações: (32) 2102-3964 – Pró-Reitoria de Cultura
Texto adaptado de https://www2.ufjf.br/noticias/2018/12/04/viva-a-vida-combate-ao-suicidio-premia-alunos-e-inaugura-mostra-na-reitoria/