O tema não é novo, mas a cidade continua mostrando dificuldades em gerir seus recursos hídricos e impedir a ocupação irregular do solo em torno de seus mananciais. Para que a Represa João Penido não termine como a de São Pedro, cuja desativação já está prevista, vai ter que colocar a pauta no centro da agenda pública. O assunto foi debatido, nesta quinta-feira (17) à tarde, na Câmara Municipal, em audiência proposta pelo vereador José Márcio (PV), que reuniu representantes da sociedade civil, especialistas e autoridades municipais. O principal consenso foi quanto à urgência de garantir, de maneira eficiente, a proteção da água que abastece Juiz de Fora, a fim de que o interesse público se sobreponha ao particular.
“Há uma degradação consistente e permanente dos nossos mananciais sem que haja uma reação do Poder Público. Temos que avançar com mais agressividade na fiscalização da Represa João Penido para dar um basta nessa situação irregular. Se não mostrarmos que somos capazes de cuidar do que é nosso, como vamos cuidar da Barragem de Chapéu D’ Uvas”, questiona José Márcio. O vereador refere-se à futura fonte de abastecimento da cidade, cuja localização não está no município e sim em outras três cidades: Santos Dumont, Ewbank da Câmara e Antônio Carlos. Onze vezes maior do que a João Penido, a Bacia de Chapéu D’Uvas é a grande aposta para as próximas décadas. No entanto, sem uma gestão compartilhada e planejamento do uso da área, a barragem também poderá ser ameaçada, como já acontece com a João Penido, cujo assoreamento das margens, proliferação de plantas aquáticas e descargas clandestinas de esgotos em seus afluentes já comprometem a qualidade da água. “É preciso agir com urgência para evitar a morte da João Penido”, salientou Maria Magaly Bucci, especialista da Secretaria de Meio Ambiente de Juiz de Fora.
Uma das respostas dadas pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB) para o problema da João Penido foi a publicação de decreto que impede temporariamente a suspensão da emissão de licenças e autorizações para novas construções, movimentações de terra, reforma de bens, instalação de atividades, entre outras ações na área que cerca o manancial. Restrições também foram adotadas em relação às áreas adjacentes à rodovia que está sendo construída para ligar a BR-040 ao entroncamento da MG-353, em Coronel Pacheco, passando por um terreno próximo à represa. Já o secretário de Meio Ambiente, Luiz Cláudio Santos Pinto, anunciou a intenção de contratação de novos fiscais e o reflorestamento em torno da área, com o plantio de quase 20 mil mudas.
Fonte: Tribuna de Minas, 18/10/2013