Os candidatos que concorrem a uma vaga na UFJF pelo Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) estão receosos com a possibilidade de que a universidade altere novamente os resultados do terceiro módulo. Por determinação judicial, a prova de literatura do Pism III foi anulada, mas a universidade entrou com recurso, na tentativa de reverter a decisão. Se isso acontecer, a lista de aprovados será alterada, de modo que, por enquanto, os candidatos ainda não têm garantia de poderão ingressar na UFJF. A instituição informou que aguarda decisão sobre o recurso para definir os próximos passos. A polêmica começou depois que estudantes e cursinhos pré-vestibulares questionaram o conteúdo da avaliação de literatura do Pism III, que não teria seguido o edital do concurso. Noventa pedidos de recurso foram recebidos pela UFJF, que indeferiu todas as solicitações. Por causa disso, uma concorrente entrou na Justiça e conseguiu liminar garantindo a invalidação da prova.
A medida acabou prejudicando a candidata Tainá Sell, 17 anos. Se as notas não tivessem sido iguais para todos, ela teria conseguido a vaga pleiteada no curso de direito. Com a anulação, ficou como segunda excedente. “Isso foi ruim, porque, como já sabia quanto tinha feito em literatura, alimentei esperança de ser aprovada. Cheguei até a comemorar,” lamenta. A estudante conta que também não concordou com a prova aplicada, mas avalia que a decisão não foi justa. “Não sei qual é a melhor solução, mas acredito que a anulação favorece alguns e prejudica outros. O ideal teria sido a UFJF admitir o erro e tomar uma decisão imediata. Como fui aprovada em economia pelo Sisu, fico na indecisão do que farei, porque ainda posso conseguir a vaga no direito, caso o resultado mude.”
Para o diretor do curso Cave, Lawrence Gomes, alterar a classificação novamente só criaria mais problemas. “O erro do conteúdo da prova foi gritante, e a Justiça reconheceu isso. Infelizmente, faltou sensibilidade da comissão de seleção com esses adolescentes que têm o sonho de entrar na UFJF. Se a falha tivesse sido reconhecida a partir dos recursos, muito desgaste seria evitado.”
O coordenador do colégio e pré-vestibular Apogeu, Alfredo Portugal, faz coro. “O conteúdo da prova de literatura estava completamente fora do programado. A anulação das questões pela Justiça foi, de certa forma, uma resposta ao que já havíamos solicitado, sem sucesso, à UFJF. Ainda que a decisão de não levar em consideração o desempenho dos alunos nessa avaliação não seja a ideal – que seria fazer uma prova de acordo com o edital -, foi o menos injusto diante dos problemas que ocorreram.”
Fonte: Tribuna de Minas, 15.3.2013