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Juiz de Fora teve 27% de índice de perda de água em 2011

Juiz de Fora teve 27% de índice de perda de água no ano passado, o que corresponde a quase 10,2 bilhões de litros do recurso, se for considerado que a Cesama produz algo em torno de 1.200 litros por segundo. Os dados são da própria companhia e apontam para um desperdício menor do que a média nacional, de aproximadamente 40%, levando em conta a diferença entre a produção e o consumo no município. Ainda de acordo com a Cesama, os números consideram tanto as perdas físicas, referentes a vazamentos no sistema de produção e distribuição, quanto as comerciais (decorrentes de ligações clandestinas, os “gatos”, e de problemas em hidrômetros).

Para o professor do curso de engenharia ambiental da UFJF, José Homero Soares, a porcentagem apresentada pela Cesama é um ótimo indicador, “sobretudo quando comparada à média nacional”. Também docente do mesmo departamento, Fabiano Leal argumenta no mesmo sentido. “É impossível haver um sistema de distribuição sem perdas. Em termos de Brasil, Juiz de Fora está muito bem posicionada.” José Homero destaca, entretanto, que é preciso sempre buscar meios para reduzir estas perdas. “Nos países desenvolvidos, este índice gira em torno de 20%. A meta deve sempre chegar a percentuais menores. Em tese, quanto menos for perdido, mais barato poderá ficar o serviço de distribuição, porque é o contribuinte que paga pela água jogada fora.”

A assessoria de comunicação da Cesama informou que trabalha constantemente na reforma de suas unidades e na substituição de redes e hidrômetros para reduzir o índice de perda, meta que consta no Planejamento Estratégico da Companhia para 2012. Ainda segundo a assessoria da pasta, os indicadores buscados ficam entre 10% e 12%. O professor Fabiano Leal destaca que, muitas vezes, a falta de investimento maciço no setor se deve ao fato de que, dependendo da perda constatada, a aplicação de recursos que seria aplicada para revertê-la seria maior do que a perda em si. “Pela própria estrutura das redes, o custo de qualquer reparo é muito elevado e o serviço, trabalhoso. Além disso, para qualquer reparo é preciso suspender abastecimento em determinadas áreas. Mas é claro que deve haver, sempre, controle e monitoramento da rede.”

Sustentabilidade

Para José Homero Soares, o investimento para reverter os efeitos da perda não deve levar em conta apenas os aspectos financeiros. “A água é um recurso finito e vulnerável. Qualquer desperdício, em maior ou menor escala, impacta a disponibilização deste bem, que vai se tornando cada vez mais raro frente à demanda crescente.” Já Fabiano Leal pondera que não é possível basear a aplicação de recursos usando apenas a sustentabilidade como critério. “A concessionária é uma empresa, e não fará uma intervenção financeiramente inviável, o investimento só vai ocorrer quando o desperdício for relevante e causar prejuízo significativo.”

O professor José Homero acrescenta que, mais do que o trabalho institucional para a redução de desperdício na rede, a sustentabilidade deve ser buscada no ambiente doméstico. “As pessoas devem fazer uso consciente da água, e o caminho para que isso aconteça é a educação ambiental.” A assessoria de comunicação da Cesama informou que não tem condições de medir o desperdício dentro das residências, já que o limite de sua atuação, neste sentido, vai até a leitura dos hidrômetros. A assessoria destacou ainda que a empresa vem, através de suas áreas social e de comunicação, fazendo campanhas sobre o uso racional da água em escolas, unidades de saúde, dentre outros locais, buscando a conscientização da população para minimizar o gasto desnecessário do recurso.

Fonte: Tribuna de Minas, 8.7.2012