Áreas de reflorestamento da primeira fase do projeto “Cidade verde” da Prefeitura apresentam falhas na manutenção que podem prejudicar o processo de regeneração das matas. A Tribuna visitou alguns desses locais e ouviu moradores das vizinhanças. Na maior parte dos casos, os residentes reconhecem a importância da área verde, mas não têm informações precisas sobre o espaço. Além disso, afirmam não terem visto acompanhamento do programa após o período de plantio da nova vegetação. Nos terrenos, há mato alto, lixo e falta proteção contra incêndios. Representantes da Agenda JF reconhecem a situação. A expectativa, agora, com a nova fase, é de que os danos sejam reparados.
O “Cidade verde” vem sendo executado desde 2009, quando foi iniciada a primeira etapa, ocasião em que foram replantados cerca de 70 hectares (o equivalente a 70 campos de futebol), em dez diferentes áreas, até meados de 2010. Atualmente, o projeto encontra-se na segunda fase, em que a proposta é o plantio de cerca de 250 hectares espalhados por quase 30 pontos. Conforme dados divulgados pela Prefeitura, a proposta é que 137 mil mudas de árvores sejam plantadas até o fim dos trabalhos.
O primeiro ponto visitado pela Tribuna foi a Reserva Municipal Verbo Divino, na divisa entre os bairros Nova Benfica e São Judas Tadeu, na Zona Norte. Segundo dados divulgados pela Agenda JF, trata-se de uma área de 6,4 hectares, onde foram plantadas 7.040 mudas. Ao acessar o terreno, a reportagem encontrou algumas espécies em estágio inicial cercadas por mato alto, sobretudo na parte mais elevada do terreno, e acúmulo de lixo em alguns pontos. A artesã Rosinei da Silva, 50 anos, mora bem próximo à entrada da reserva e conta que o plantio foi feito há cerca de dois anos. Depois disso, as equipes de trabalho retornaram duas vezes para a manutenção. Mas, como ela relata, já faz cerca de seis meses desde a última visita. “Até deixaram um telefone de contato caso houvesse incêndios, mas, quando telefonamos, por conta de uma queimada, ninguém atendeu. Acho que tinha que haver um monitoramento mais rigoroso, sobretudo na época da seca. Caso contrário, as mudas não vão para a frente.”
Já na Floresta Municipal São Damião, que fica no bairro homônimo, também na Zona Norte, foi divulgado o plantio de 4.752 mudas, em um área de 4,32 hectares. No lugar, tomado pelo mau cheiro, também foi encontrado lixo. Nesse caso, o mato está tão alto que fica difícil transitar entre as novas árvores, escondidas pelo capim. Além disso, alguns espaços que seriam destinados aos novos exemplares de plantas estão vazios. O pedreiro Eliude dos Santos, 36, é vizinho ao local e conta que, desde o plantio, feito há cerca de dois anos, não notou a presença de profissionais na reserva. “O trabalho poderia ser mais benfeito, já que algumas árvores sobreviveram, e essa área será muito importante para o bairro, trazendo mais verde e oxigênio.” Segundo ele, como o espaço está nesse estado, ratos têm aparecido. Com isso, quando o capim fica seco, a população ateia fogo. “Se fizessem uma capina, isso seria evitado.”
Na mesma região, a Área de Preservação Permanente Cidade do Sol, no bairro de mesmo nome, também provoca descontentamento nos moradores. Segundo a Prefeitura, o espaço recebeu 1.717 mudas, em 1,55 hectare. “Este ano, ainda não vi ninguém trabalhando. Acho que faltam cuidados, sobretudo por ser uma área de encosta”, disse a dona de casa Camila da Silva, 56, que mora em frente. Ela se recorda apenas de duas capinas feitas por profissionais, no ano passado. De acordo com Camila, é comum haver queimadas na área, principalmente em períodos mais secos. Para ela, os moradores do entorno deveriam ter sido conscientizados para que pudessem colaborar com a manutenção do espaço verde.
Fonte: Tribuna de Minas, 16.5.2012