Pressionadas pelos prazos da legislação ambiental e sem recursos suficientes para implantar e operacionalizar áreas para destinação final de resíduos sólidos, prefeituras da região têm recorrido ao aterro sanitário de Juiz de Fora. Localizado na BR-040, altura de Dias Tavares, na Zona Norte, e administrado pela Vital Engenharia Ambiental, do grupo Queiroz Galvão, o espaço recebe hoje resíduos domiciliares de Aracitaba, Barbacena, Mercês, Oliveira Fortes, Ressaquinha, Santos Dumont e Ubá. A quantidade equivale a um acréscimo médio de 200 toneladas de lixo por dia às 400 toneladas diárias recolhidas em Juiz de Fora. Conforme contrato firmado em 1997, o Demlurb recebe 5% sobre os valores pagos pelos municípios à Vital Engenharia Ambiental a título de outorga e outros 5% referentes à cobrança do Imposto Sobre Serviços (ISS).
O uso do aterro sanitário de Juiz de Fora por outros municípios atiçou a preocupação de ambientalistas quanto ao risco de redução da vida útil do local. Para o gerente da Vital Engenharia Ambiental, Fábio de Andrade, a preocupação não se justifica. O empreendimento foi projetado para uma vida útil de 50 anos, recebendo uma média diária de 1.500 toneladas de resíduos sólidos. A demanda atual, considerando todos os usuários, não chega a 50% desse limite. Para o professor de engenharia da UFJF Fabiano César Tosetti Leal, especialista em saneamento, meio ambiente e recursos hídricos, sem risco para a vida útil do aterro, o uso comum do espaço por outros municípios é benéfico para a região. “Isso diminui, por exemplo, a possibilidade de eventuais danos à bacia do Paraibuna do Sul em decorrência de ‘lixões’.”
Mesmo em relação à saúde pública, vai implicar em avanços, segundo o professor José Homero Pinheiro Soares, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFJF. Ele lembra que os chamados “lixões”, invariavelmente, atraem pessoas que podem contrair doenças. “Atuar de forma consorciada é uma prática incentivada pelos governos. Não vejo problema nisso.” Segundo ele, é grande a dificuldade para criar e manter um aterro do porte do de Juiz de Fora. “São várias licenças ambientais, há escassez de áreas por conta de lençóis freáticos, além da necessidade de uma boa infraestrutura. Para licenciar e iniciar as operações, são necessários em média dois anos e meio.” Quanto a isso, na sua avaliação, o município está bem-servido. “Temos outros problemas, como a varrição. Havia também o projeto de uma estação de transbordo que não saiu do papel.” No entanto, a maior mazela, segundo Homero, não é combatida. “É preciso conscientizar as pessoas quanto aos males do consumo. Ninguém está preocupado com isso.”
Fonte: Tribuna de Minas, 5.2.2012