Confira este pequeno vídeo que explica por que devemos parar de nos referir a certos desastres como “naturais”. Estes desastres são frequentemente resultados das ações humanas, como mudanças climáticas, degradação ambiental e falta de governança no uso e ocupação do solo. É hora de assumirmos a responsabilidade pelo nosso impacto no planeta e trabalharmos para prevenir essas tragédias anunciadas e recorrentes. Vamos espalhar a conscientização e as responsabilidades de cada um na construção de cidades resilientes e fazer a diferença! #DesastresNãoSãoNaturais #MCR2030 #UNDRR
Vivemos em um mundo onde as palavras têm poder. A maneira como escolhemos rotular e descrever eventos tem um impacto significativo na forma como os percebemos e respondemos a eles. Um exemplo perfeito dessa “questão semântica” pode ser encontrado no termo “desastre natural”.
À primeira vista, “desastre natural” parece ser uma descrição neutra e objetiva. Trata-se de fenômenos da natureza – como terremotos, furacões e inundações – que causam danos ou perdas. No entanto, quando olhamos mais de perto, percebemos que a própria terminologia pode ser enganosa e potencialmente perigosa.
Ao rotular esses eventos adversos como “naturais”, corremos o risco de naturalizar também suas consequências devastadoras. Há uma sugestão subjacente de que, sendo “naturais”, esses eventos e seus danos são inevitáveis, um fato da vida com o qual devemos simplesmente nos conformar. Essa mentalidade pode levar a uma complacência generalizada, onde a responsabilidade de se preparar para tais eventos ou de mitigar seus impactos é minimizada.
Governos ao redor do mundo, muitas vezes, escondem-se atrás dessa terminologia para justificar a falta de preparação ou ação. Afinal, se um desastre é “natural”, então, em teoria, ele está além do controle humano, certo? Errado. Enquanto o evento em si pode ser um produto da natureza, nossa resposta a ele é definitivamente uma escolha humana.
É vital ressaltar a importância dos aspectos socioeconômicos e políticos na determinação da gravidade e impacto dos desastres. Desigualdades sociais, acesso limitado à educação, e corrupção, por exemplo, podem aumentar a vulnerabilidade das populações aos desastres. Em áreas onde a corrupção é rampante, podemos ver a má gestão de recursos, infraestruturas inadequadas e a ausência de medidas preventivas essenciais.
Por que, então, muitos governos estão falhando em implementar medidas adequadas de preparação para desastres ou em construir resiliência? Talvez porque, enquanto esses eventos forem vistos como “naturais”, haverá menos pressão para agir. Se a sociedade aceitar a ideia de que mortes em desastres “naturais” são, de alguma forma, um resultado aceitável ou inevitável, então a motivação para investir em prevenção e mitigação diminui.
A participação da sociedade civil é crucial para garantir a eficácia das políticas públicas. Ao questionar e desafiar terminologias inadequadas, podemos enfatizar ainda mais a natureza antropogênica dos desastres e a importância de abordar os fatores subjacentes que contribuem para eles.
Dizer que um desastre é “natural” pode ser uma meia-verdade. Muitos desastres que testemunhamos são, em parte, produtos da negligência, da má gestão e da falta de planejamento antropogênico. Essa intervenção humana, seja ela por ação ou omissão, torna a sociedade mais vulnerável a eventos adversos.
Portanto, ao refletirmos sobre os desastres recorrentes que observamos ano após ano, é imperativo reconhecer que eles não são meramente eventos adversos naturais. Eles são o resultado da interação entre a força incontrolável da natureza e a omissão antropogênica. E enquanto o primeiro pode ser inevitável, o último certamente não é. As mortes e os danos não são apenas consequências “naturais”; são, muitas vezes, produtos de decisões humanas falhas.
Concluir que os desastres são inevitáveis é não só um erro, mas também uma grave injustiça àqueles afetados por eles. Precisamos reconhecer e agir sobre nossa própria responsabilidade nos desastres que enfrentamos. Somente assim poderemos realmente aspirar a um futuro mais seguro e resiliente para todos.
#NoNaturalDisasters #DesastresNaturaisNãoExistem
NOME DO ALUNO | ORIENTADOR | TÍTULO DA MONOGRAFIA | |
ANA CAROLINA MARINI MAGALHÃES DE TOLEDO | Jordan Henrique de Souza | Desastres não são naturais: reflexões sobre as terminologias internacional e nacional por meio de revisão bibliográfica simplificada |