Waltencyr da Silva, 57 anos, é servidor e trabalha como bombeiro hidráulico na Universidade Federal de Juiz de Fora desde 1982. Filho de Otávio Paulino da Silva e Elza Mechler da Silva, já falecidos e com três irmãos nasceu e cresceu na Colônia São Pedro, antigo nome do bairro São Pedro. O pai era ajudante de caminhão e a mãe tecelã.
Aos seis anos de idade, Waltencyr, lembra que já auxiliava o pai: “eu carregava tijolos para ajudar na construção da nossa casa própria”. Na época, dona Elza precisou vender a máquina de costura para contribuir na compra dos tijolos: “nossa antiga casa era de sapê e aos poucos estava caindo”.
O primeiro emprego que conseguiu, foi na empresa LM Engenharia como servente de obras, logo depois, foi trabalhar na Serraria Maza Ltda, como ajudante de caminhão.
Em 1976, precisava ajudar em casa no sustento da família, pois o pai havia falecido. Na década de 80, mudou-se para a casa da irmã Nelza Maria, em Santo Amaro – São Paulo, a fim de conseguir um trabalho e melhores condições de vida, sendo nessa época que tirou carteira de identidade. Waltencyr declara que ficou muito ansioso ao esperar pelo novo emprego, mas não se adaptou à cidade grande e logo retornou para Juiz de Fora.
Ao regressar, conseguiu emprego em uma Conservadora de Juiz de Fora que prestava serviços para a UFJF, e esse foi seu primeiro contato com a Universidade.
No ano de 1982, foi efetivado na Prefeitura da UFJF (antigo nome da PROINFRA), como auxiliar de manutenção por meio da “verba de obra”, nome dado ao extinto modelo de contratação de pessoal.
Ele relata emocionado que foram os senhores José Gomes e José Roberto, antigos servidores da UFJF, que o ensinaram o ofício com muito carinho e atenção: “com a ajuda deles, em 1983, eu já dominava as funções pertinentes à hidráulica, sempre fui muito esforçado e logo já sabia o ofício de bombeiro hidráulico”.
Ao longo dos 38 anos como servidor, se dedicou ao trabalho com muito afinco, sempre valorizando o serviço que executa, afinal, “foi através deste trabalho que graças ao bom Deus, sustentei toda a minha família”, diz com os olhos marejados.
Ao falar da universidade, ele se alegra e recorda dos supervisores Bruno Fernandes, Hélio Fadel Araújo e Luiz Fernando Sureros: “eles me ensinaram que não adianta fazer o serviço correndo, para depois ter que refazê-lo, assim como hoje, sempre tivemos uma administração compreensiva”.
O momento mais apreensivo vivido pelo servidor na universidade foi em meados da década de 90, quando era necessário que todos os servidores possuíssem cursos de especialização. Ele lembra que na época foi decidido em assembleia por uma comissão vinda de Brasília pela revogação dessa ordem, “foi considerado a experiência e o tempo de trabalho dos servidores”.
Ele reitera que, atualmente, o serviço melhorou muito, “antigamente nós trabalhávamos 12 horas por dia, depois passamos a fazer 40 horas semanais, hoje a logística está mais dinâmica”.
Ele se entusiasma ao falar da família, casado há 38 anos com Ângela Maria Pereira da Silva, 56 anos, tem três filhas, “graças a Deus pude contribuir para o estudo das minhas filhas, hoje as mulheres estão mais avançadas nos estudos do que os homens”. Leide Otávia da Silva, 33 anos, é formada em enfermagem e direito, Leidiana Carla da Silva, 31 anos, formou-se em pedagogia pala UFJF e a caçula, Letícia Maria da Silva, 24 anos, cursa o 3° período de fisioterapia.
Perto de aposentar, o servidor afirma que deixa a UFJF de cabeça erguida e terá saudades do serviço que desenvolveu durante todos esses anos: “aqui é minha segunda casa, tenho muitos amigos aqui e sou grato a Deus por tudo”. Engana-se quem pensa que depois da aposentadoria Waltencyr pretende ficar parado: “já avisei para minha esposa, nós iremos aproveitar mais a vida e vamos viajar”, diz ele todo alegre.