por Adriely Furtado
Alunos do curso de Engenharia de Produção da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresentaram na terça-feira, dia 02, uma dinâmica voltada para a segurança do trabalho e suas implicações. O evento, organizado por Antonio Dias, Guilherme Moreira, Higor Coimbra, José Eduardo e Pedro Cerveira, faz parte do projeto de extensão “Teatro na Segurança do Trabalho”, coordenado por Ana Flavia Barroso para a disciplina Tópicos especiais em Engenharia e contou com a participação efetiva dos funcionários da SM21, empresa terceirizada responsável pela manutenção na UFJF.
A primeira etapa do evento contou com a palestra do servidor Rogério Rodrigues de Araujo, técnico de Segurança do Trabalho da PROINFRA. Ele apresentou os equipamentos de segurança indispensáveis para os trabalhadores presentes, além de ressaltar a importância dos mesmos para a integridade de quem atua na área.
A segunda etapa ficou por conta da apresentação teatral de Max André de Cerqueira Faria, também aluno da UNIVERSO. O ator interpretou Pedro, um ex-funcionário que havia perdido a visão e ficara paraplégico em um acidente de carro ocasionado pelo excesso de álcool. A partir daí, Max comoveu o público em um intenso monólogo que durou aproximadamente vinte minutos, com uma atuação impecável, provocando grande emoção nos trabalhadores presentes.
Em entrevista, o ator revela que atua no ramo teatral há algum tempo e, aos poucos, surgiu a ideia de trabalhar com um projeto que integrasse o teatro ao meio corporativo. “Através de um vídeo que assisti e através do pai de uma amiga que pediu a adaptação, organizamos esses textos e as coisas foram fluindo”. Max afirma que a fórmula tem dado certo: “Já fiz apresentações em algumas empresas. Assim, os meninos (alunos da UNIVERSO que precisavam de apoio para o projeto de extensão) ficaram sabendo do projeto e pediram para que eu participasse”.
Quando questionado sobre a importância do teatro no meio, Max não hesita: “O teatro em si acrescenta muito para qualquer tipo de palestra. Você vê as pessoas gastando horas para falar algo. Mesmo sendo otimista, daí alguns dias o público já esqueceu. O teatro fica marcado, principalmente quando o público descobre que é uma ficção, que foi o que aconteceu. Depois que descobriram que se tratava de uma encenação, ficou muito mais interessante”.
Em relação aos resultados, Max comemora: “Eles se sensibilizaram e se conscientizaram. Quando eles sentem a dor do personagem é porque de alguma forma você conseguiu transmitir a mensagem. Brincando eles conseguem entender que aquilo é sério, mas percebem que não era tão drástico. Depois a peça foi comentada e é isso que queríamos: nosso objetivo foi alcançado”.
A entrevista com Higor Coimbra, um dos organizadores do projeto, encontra-se na íntegra a seguir:
De onde surgiu a ideia do projeto?
É uma disciplina que fazemos no oitavo período, chamada Tópicos de engenharia. Nela, a coordenadora pede para que o grupo monte um projeto de extensão ou pesquisa. Optamos por dar continuidade ao projeto “O Teatro na Segurança do Trabalho” voltado para a segurança do trabalho, outra disciplina do curso de engenharia de produção. Como a gente tinha o Max, que também é uma pessoa que já tem a formação na área do teatro, nós sabíamos que poderia agregar ao nosso trabalho, por isso demos preferência ao projeto de extensão e não ao científico.
O feedback foi o esperado?
Foi! Como é um planejamento amador, a gente correu muito atrás pra dar tudo certo. Fizemos folder, montamos o projeto, escrevemos o que aconteceria na palestra… Não imaginávamos que daria tão certo assim, gostamos muito da ideia.
Por que a área da segurança do trabalho?
A professora deu a ideia de fazermos algo voltado para uma matéria do curso. Nós tínhamos a oportunidade de dar aula em algumas escolas públicas de matemática financeira ou planejamento, mas optamos por esse projeto porque vimos que isso também faz a diferença. No início, o pessoal estava se perguntando onde iríamos realizá-lo. Eu disse que trabalhava no setor de manutenção da universidade e afirmei que isso seria de grande importância para os trabalhadores daqui. Então, a escolha se deu por conta disso: a gente trouxe justamente para compartilhar com a SM21 e também porque sabíamos que agregaria valores. Eles tiveram um avanço muito grande na parte de segurança com essa fiscalização, algo que nos contratos anteriores não era tão atuante. Agora que esse quadro mudou, é importante a gente sempre fazer algo diferente, por isso essa ideia.
Foi um choque de realidade para o público.
Na verdade até para nós mesmos que fizemos e montamos o projeto. Nós achamos interessante porque o pessoal não está acostumado; o Max é um bom ator e possui uma noção muito boa. A ideia de trazê-lo foi fundamental.
Como o roteiro foi elaborado?
Eu auxiliei o Max no sentido de vincular um pouco à realidade da PROINFRA. Não era possível incorporar todas as áreas, teria que ser algo mais específico. Quando ele começou a falar que trabalhava na parte agrícola fazendo inventários, nós conversamos sobre isso e eu falei que aqui nós tínhamos uma área verde muito grande. Falei que aproximadamente 34% dos funcionários eram dessas áreas. Então eu disse que seria o ideal, pois são pessoas que dão pouca importância para a área de segurança. Ele, então, montou o roteiro dessa forma voltado para isso. Tanto que uma das falas era justamente: “eu não usava isso”, “saí com o facão na mão”. Isso serviu para puxar um pouco o pessoal para a palestra.
O vídeo da palestra pode ser conferido aqui e as fotos podem ser vistas aqui.