por Jaime Ulisses
O pedreiro Heleno Garcia de Oliveira é o supervisor de obras civis do setor de manutenção da Pró-reitoria de Infraestrutura e Gestão (Proinfra) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Assim como seus irmãos Lenito (já falecido), Edilene e Lenilce, nasceu em Paraíso Garcia, distrito do município de Santa Rita de Ibitipoca que leva o nome de sua família.
Heleno mudou-se para o Bairro Linhares de Juiz de Fora, em 1977, quando tinha 11 anos. Alguns anos depois, já ajudava o pai dele na construção da casa própria da família no Bairro Retiro.
O servidor conta que, em Paraíso Garcia, os pais dele, Alécio e Maria da Penha, moravam um ao lado do outro. Isso trouxe outra facilidade como consequência. “Na infância, eu visitava meus avós maternos e paternos na mesma hora. Eram vizinhos de parede”, recorda Heleno.
Aos 18 anos, ingressou no 4º GCA (Grupamento de Artilharia de Campanha). Depois de dois anos, quando deixou o serviço militar, Heleno passou a exercer o ofício de pedreiro como autônomo.
O servidor lembra emocionado de um momento de sua vida do qual nunca se esquece. Em 1987, estava em frente à sua casa, dentro da Brasília de seu primo, com a mala já acomodada no carro. Ia para Volta Redonda trabalhar como terceirizado na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Ao ver sua mãe chorando no portão por causa de sua partida, desistiu da viagem. “Não posso deixar minha mãe chorando”, disse Heleno descendo do carro.
Em 1988, foi contratado pela antiga Prefeitura da UFJF para trabalhar como pedreiro. Depois de dois anos, voltou a trabalhar somente como autônomo. Precisava de uma renda maior para se casar com Neusa – o que aconteceu em maio de 1991, quando Heleno também passou a morar na casa do sogro.
Em 1992, Heleno voltou a trabalhar para a Prefeitura da UFJF, dessa vez, através da “verba de obra” – nome popular de um extinto modelo de contratação de pessoal. No ano seguinte, passou em primeiro lugar no concurso para pedreiro da universidade, ocupando a única vaga oferecida para o cargo.
Em todos estes anos como servidor da UFJF, fatos inusitados também fazem parte das memórias de Heleno. Ele conta que, no período da construção do galpão que abriga o escritório da SM21, próximo à oficina de marcenaria da PROINFRA, um dos funcionários reclamou durante alguns dias que não havia uma passagem, sem lama, para o “quartinho” onde guardavam materiais e trocavam de roupa. Um dia, ouviram um grande barulho vindo desse local. O mesmo funcionário havia quebrado uma das paredes feita de isopor e amianto para sair por um lugar onde não havia barro.
Em relação à sua família, o servidor se sente realizado. Com a ajuda da esposa, realizou alguns sonhos, como ter a casa própria. “Ter um bom casamento é melhor que ganhar na loteria. O retorno dos juros é bem maior”, afirma Heleno.
Desse relacionamento nasceram três filhos: Hyago, de 10 anos, Taynar Caroline, 21, que cursa pedagogia na UFJF e Tayla Cristina, 24, aluna do curso de Administração Pública da Unopar.
Heleno também decidiu investir em sua formação. Terminou o ensino médio através da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Colégio João XXIII e hoje faz o curso de Recursos Humanos da Universidade de Franca (UNIFRAN) na modalidade à distância através do pólo da cidade de Muriaé.
Há mais de 25 anos na UFJF, o servidor conta que nasceu em Paraíso Garcia e, hoje, trabalha em um local que também o faz muito feliz. “O paraíso da gente quem faz é a gente mesmo. Onde você chega, você precisa ter amizades. Meus companheiros de trabalho também são uma família pra mim”, declara Heleno.