https://youtu.be/qNeIoSYNeD8
Tradutor Intérprete de Libras – Gabriel Martins
“Me lembro do primeiro dia em que entrei na UFJF. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Entrei com muitos sonhos”. Prestes a colar grau na cerimônia que acontece nos dias 14 e 15 de outubro, Erliandro Felix Silva será o primeiro aluno negro e surdo a se formar no curso de Letras-Libras. Nestes cinco anos de UFJF, ele destaca que, além das muitas amizades, a participação em programas de extensão, monitorias e em outros setores da Universidade foram primordiais para sua formação acadêmica e humana.
Silva, que sempre teve o sonho de ser professor, conta que conheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) por meio da comunidade surda. Tendo vindo de uma família ouvinte, seu primeiro contato com a UFJF e com o curso de Letras-Libras foi em 2016, através de uma publicação da Universidade que anunciava a abertura de três vagas no curso. (No momento, a UFJF conta com um edital exclusivo para que pessoas surdas ingressem na graduação de Letras-Libras. As inscrições se encerram no dia 12 de outubro e devem ser realizadas pela Central de Atendimento).
“Eu vivi bastante a graduação e fiz muitas coisas na Universidade. Na parte da extensão, participei do projeto Libras e Saúde: Acessibilidade no Atendimento Clínico e do Bate-Papo em Libras. Também fui monitor de várias disciplinas. Ainda fui o representante discente do grupo de trabalho “Acessibilidade e Pessoas com Deficiência”, no Fórum da Diversidade”, comenta Silva, que também participou de componentes curriculares de outros cursos do Instituto de Ciências Humanas (ICH) e do Instituto de Artes e Design (IAD).
Apoios institucionais e pioneirismo da UFJF
Silva destaca a importância de todas as contribuições que recebeu durante o período de sua graduação: “Eu sempre tive muito apoio, seja dos amigos ou professores, assim como da Universidade, com as bolsas de Assistência Estudantil e com o Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI). Eu agradeço a todos pela paciência. Tive muitos professores queridos na Letras, além da professora Fernanda, de História da África, e o professor Rodrigo, da Faculdade de Educação. Gostaria de agradecer a todos”.
Hadassa Rodrigues, vice-coordenadora do curso de Letras-Libras, comenta sobre a importância da formatura do estudante: “O discente Erliandro sempre manteve um interesse aguçado pelo curso de Letras-Libras, e bastante envolvido nas atividades curriculares e extensionistas. Ao longo de sua formação, buscou a garantia de seus direitos quanto à acessibilidade linguística e exerceu papel fundamental na ampliação do atendimento da interpretação Libras-Português no curso. Apresentou um ótimo desempenho acadêmico, além de criar vínculos importantes entre os colegas do curso, surdos e ouvintes”, explica.
Quando perguntado sobre a importância do curso de Letras-Libras para a sociedade, Silva explica que a UFJF aceitou a responsabilidade do papel de fazer a inclusão e de ser um modelo. “Eu mudei muito e vi a Universidade mudar muito também. Quando entrei, só existiam quatro intérpretes de Libras, hoje, temos mais de dez, todos ótimos. No momento do meu ingresso, não existia o NAI, que é de suma importância. A UFJF é uma maravilhosa universidade”.
Importância da formação de futuros docentes
Depois de ingressar na UFJF, Silva conta que concluiu sua graduação em Logística, realizada em outra instituição particular, por meio de Ensino a Distância (EaD). “Eu tinha começado antes de entrar na UFJF, mas havia desistido porque faltavam intérpretes de Libras no curso. Depois de dois anos na UFJF, decidi voltar a estudar EaD, mas sei que tudo o que aprendi de verdade foi na UFJF”, aponta. Atualmente, ele também está matriculado no Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), com a defesa de sua dissertação prevista para o próximo ano.
Hadassa comenta que a formação de discentes que atuarão na educação de Surdos é de suma importância, tendo em vista que eles irão promover a inclusão de pessoas que têm a Libras como língua compatível no desenvolvimento da socialização e da linguagem. “A manutenção do curso de Letras-Libras na UFJF, além de fortalecer as políticas inclusivas, atende a demanda advinda com a recém aprovação da Lei Estadual 23.773/2021 que regulamentou a criação de escolas bilíngues em Minas Gerais. No âmbito nacional, a inclusão da Educação Bilíngue como modalidade de Ensino na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional expande a demanda por licenciados em Letras-Libras, o que nos faz, além de pioneiros na oferta desta formação no Estado, alvo de interesse de pessoas que buscam essa formação com qualidade, visto que fomos o único curso de Letras-Libras avaliado em cinco estrelas na pelo Guia do Estudante em 2021″, explica a professora.