A série audiovisual Traduções-Gambiarras, uma parceria entre a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), fecha a segunda temporada do projeto com reflexões sobre a defesa das diversidades de existência. No último episódio, com o tema “O futuro é um remake”, o artista plástico e indígena, Denilson Baniwa, propõe-se a refletir sobre as narrativas e os modos de existência e resistência. O conteúdo, apresentado pelos pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCom da UFJF) Lara Linhalis e Evandro Medeiros, poderá ser conferido nesta quinta-feira, dia 8, a partir das 18h, por meio do canal, Jornalismos.
Para o episódio de fechamento da segunda temporada, Lara Linhalis, explica que Denilson Baniwa é um artista indígena que, a todo momento, provoca reflexões sobre o nosso senso comum, a respeito das coisas e sobre aquilo que imaginamos como universal. “Nós, ocidentais, ‘filhos’ do que convencionou-se chamar de modernidade, entendemos, por muito tempo, que tínhamos a melhor régua para medir todas as coisas e os melhores óculos para ver o mundo. Muita gente ainda entende assim.”
Diante desta perspectiva, Lara reitera que conversar com o artista plástico provoca uma torção nesta visão de mundo. “E, mudando o ponto de vista sobre o mundo, corremos o bom risco de mudá-lo e, na melhor das hipóteses, inventar outras existências possíveis”, acrescenta a professora.
Segundo Medeiros, o mais importante é saber que Denílson faz parte de um movimento cada vez maior de integrantes de etnias originárias do Brasil que têm encontrado espaço para criar narrativas autônomas sobre si próprios, seus modos de existência e de resistência, “em um momento fundamental de recrudescimento das políticas públicas brasileiras em defesa da diversidade de existências, seja em termos de liberdade de expressão, seja nos direitos civis, mas também na diversidade de plantas e animais humanos e não humanos.”
Além disso, para Medeiros o projeto visa conversar com o pensamento dos povos originários do Brasil em todas as produções da série. “No entanto, a segunda temporada teve a intenção de expandir as possibilidades de diálogo desta abordagem com muitas outras, no campo da Comunicação e em outros, no sentido de consolidar a construção de um conceito que é a Comunicação pelo Equívoco, grosso modo, a ideia de que podemos nos comunicar pela diferença. Os diálogos têm sido muito proveitosos neste sentido”, finaliza.
Denilson Baniwa
Denilson Baniwa, 37 anos, nasceu em Mariuá, no Rio Negro, Amazonas. Sua trajetória como artista inicia-se a partir das referências culturais de seu povo já na infância. Na juventude, o artista começa a caminhada na luta pelos direitos dos povos indígenas, e transita pelo universo não-indígena, apreendendo referenciais que fortaleceriam o palco dessa resistência.
Baniwa é um artista antropófago, pois apropria-se de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. O artista contemporâneo consolida-se como referência, rompendo paradigmas e abrindo caminhos ao protagonismo dos indígenas no território nacional.
Série Traduções-Gambiarras
A discussão proposta passa ao largo de alguns conceitos que orientam o pensamento sobre jornalismo, já desde meados do século XX, geridos a partir da perspectiva dos Estudos Culturais e de paradigmas comunicativos latino-americanos. A ideia é mobilizar outras epistemologias para pensar o trabalho de tradução de mundos realizado pelos jornalistas. Trabalho que faz proliferar jornalismos no plural, tecido como rede sociotécnica.
A atividade é uma parceria entre o Núcleo de Jornalismo e Audiovisual do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com o Observatório Jornalismo(S) da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
Episódios da segunda temporada
Apresentação da segunda temporada da série Traduções – Gambiarras
Ep.1: Net-ativismo, Arte e Algoritmos
Ep.3: Audiovisual, Estética e Direitos digitais
Ep.4: Comunicação como direito, vídeo como prova
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Youtube: Jornalismos
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