Em termos de inovação, é como estar com a faca e o queijo na mão: de um lado, a ciência e a clínica; de outro, o setor produtivo. De acordo com representantes dessas áreas, a colaboração entre elas impacta diretamente na capacidade de implementação e melhoria de serviços, tecnologias e tratamentos de saúde. Atento ao potencial dessa articulação para a região da Zona da Mata, o diretor de Inovação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ignácio Delgado, organiza o evento on-line “Inovação em Saúde a partir da interação universidade, empresa e hospitais”, que acontece na próxima quarta-feira, 30, às 14h.
Inspirado pela experiência bem sucedida do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde do Porto (i3S), Delgado convidou três pesquisadores vinculados à iniciativa para apresentá-la durante a transmissão on-line e, ao final do evento, reservou um espaço para um debate aberto para todos os participantes. Organizado em conjunto pelo Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), o Hospital Universitário (HU) da UFJF, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Programa de Pós-Graduação em Saúde da UFJF e o próprio i3S, o evento é gratuito e está com inscrições abertas por meio do Sympla.
Faca e queijo na mão
“Na Universidade, nós temos uma grande densidade de ensino e pesquisa na área de saúde e suas correlatas – como Química, Biologia, Ciência da Computação, Robótica e Ciências Sociais. Nós já contamos com uma grande produção de conhecimento, bem como uma rede reconhecida de serviço, o Hospital Universitário. Falta a conexão com o setor produtivo na área de medicamentos e equipamentos para, então, ser possível a formação de uma parceria que sustente um complexo econômico e social voltado para a saúde na região, atraindo e germinando projetos desse setor”, justifica Ignácio Delgado. De acordo com o diretor de Inovação, a ideia do evento é também sensibilizar atores relevantes para a criação dessa articulação local.
O superintendente do Hospital Universitário da UFJF, Dimas Araújo, ressalta que uma colaboração responsável entre clínica, ciência e indústria abre espaço para inovação não somente no tratamento, mas também na prevenção e no diagnóstico de doenças. “Durante esta pandemia, está ainda mais evidente como uma gestão adequada de saúde significa menos mortes e, ainda, como é grande a necessidade de adaptações de acordo com o cenário imposto e o que a população demanda. Os avanços propostos por meio de pesquisas clínicas, com o acesso à tecnologia para implementá-los, têm potencial para impactar na melhora e na ampliação de diagnósticos, tratamentos, prevenções e até mesmo do tempo de espera para consultas.”
O coordenador do Programa de Pós-graduação em Saúde da UFJF, Fernando Colugnati, pondera sobre a importância do desenvolvimento de pesquisas cujos resultados dialoguem diretamente com o setor produtivo. Segundo o professor, essa parceria também impacta positivamente na formação de próprios estudantes e pesquisadores. “Anteriormente, buscamos esforços para a criação de um centro de pesquisa clínica da UFJF, o que já agregou demais interessados. Desde então, enxergamos a necessidade de um centro de pesquisas translacional, que passe pela clínica e seja capaz de viabilizar a produção de novas tecnologias. Uma organização nesse sentido seria um ganho muito grande não apenas para a UFJF, mas para a cidade e para a região.”
Já a gerente de Propriedade Intelectual e do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFJF, Ana Carolina Viddon, revela que, no cotidiano do seu trabalho, é possível constatar o potencial de uma parceria semelhante à concretizada pelo i3S. “Temos uma quantidade significativa de projetos na área de saúde e parte dos grandes empecilhos é a falta de oportunidade para a aplicação de testes clínicos. Uma colaboração que viabilize esta finalização, atendendo a todos os protocolos e exigências necessárias, seria um divisor de águas.”
Outras informações:
Programação e inscrição do evento