Compondo parte do calendário oficial de Juiz de Fora, a II Semana de Comunicação Professor Márcio Guerra teve a abertura desta edição na última segunda-feira, 4, em solenidade realizada no Plenário da Câmara Municipal. A programação de abertura recebeu as convidadas Iluska Coutinho, Christina Musse, Fernanda Lília e Gilze Bara para discutir os 50 anos do Jornal Nacional.
Presidindo a solenidade, o vereador Wanderson Castelar ressaltou a importância do homenageado, professor Márcio de Oliveira Guerra, para o campo da comunicação, tanto na atuação profissional, quanto como formador de jornalistas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “A comunicação é um tema que permeia nosso trabalho cotidianamente e pode ser debatida e estudada em diversas vertentes. É um fator importante, pois estrutura ações da vida pública e particular em todo o mundo.”
O secretário de Comunicação Pública, Ricardo Miranda, representando o prefeito Antônio Almas, apontou o quanto o processo comunicativo precisa ser trabalhado na atual conjuntura política do país. “Ao estarmos reunidos para discutir o tema com o professor Márcio Guerra, nós valorizamos a importância de resistir. Essa semana representa a resistência. Trazer a Comunicação para a câmara, e debatê-la em aspectos variados, tem trazido muita coisa boa e transparência para toda Juiz de Fora”.
Dando nome à semana de comunicação social, o homenageado fez uma saudação aos presentes e abordou a importância do trabalho das pessoas que transmitem o que sabem para as outras e o quanto ela forma pessoas de bem. “Eu penso na história que cada um de nós, que vive no magistério, passa diariamente. Somos humilhados pelo salário, pelos dirigentes, pelas conjunturas que temos para ensinar, e ainda assim, o quanto professores e professoras são pessoas do bem por acreditar que uma aula bem dada pode construir uma pessoa e a história dela. Quando vemos no aluno a vontade de seguir nosso caminho, ali vemos o quanto somos pessoas de bem”, comenta Guerra.
Apontou também que a construção da Semana de Comunicação foi pensada nos diversos públicos que a compõem e agradeceu as pessoas que se empenharam para que ela pudesse acontecer. “Hoje eu empresto meu nome para o evento, mas represento a Faculdade de Comunicação da UFJF. Há mais de 30 anos trabalho formando alunos, vendo guerreiros e guerreiras superando barreiras, e isso me deixa revigorado. Tenho a certeza que a Educação é a melhor coisa que podemos oferecer a alguém.”
Promovido pela Câmara Municipal de Juiz de Fora, o evento tem entrada franca e está aberto para todos os interessados.
50 anos de Jornal Nacional
Criado por Armando Nogueira e Alice-Maria, o Jornal Nacional (JN), lançado em 1º de setembro de 1969, é considerado o principal telejornal brasileiro. Exibido no horário noturno, de segunda-feira a sábado, nele são apresentadas notícias do Brasil e do mundo, e estão em pauta as atualidades, matérias de denúncia e investigação, séries especiais, os fatos mais importantes do dia e os acontecimentos que têm repercussão em âmbitos nacionais e internacionais. Após chegar à final do Emmy Internacional sete vezes em nove anos, em 2011 o “Jornal Nacional” ganha o primeiro prêmio na categoria “notícia” pela cobertura da expulsão dos traficantes e a ocupação policial do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010.
“O Jornal Nacional representa resistência por estar há 50 anos no ar e se reinventando sempre”, apontou a jornalista Fernanda Lília. Destacou que o JN sempre teve uma postura de jornalismo inatingível e, ao longo dos anos sofreu mudanças, inclusive tecnológicas, mas nunca perdeu o compromisso e a ética. “O JN veio para unir o país, pois o Brasil não se conhecia. Foi o primeiro a transmitir notícias para todo o território nacional, e isso foi muito importante para a Comunicação. É um jornal que se reinventa e agora traz membros e apresentadores de outras regiões para valorizar a diversidade e mostrar como o jornalismo é feito em cada localidade.”.
A professora da Faculdade de Comunicação da UFJF, Christina Musse, trouxe uma perspectiva diferenciada ao relatar como foi a primeira vez que o noticiário foi ao ar, apresentando a conjuntura política – Regime Militar – ao qual se encontrava, a forma como o jornal ganhou destaque a nível nacional e a criação de um espaço mercadológico. “Havia um acordo tácito entre o jornal emergente e o governo. A proposta era integrar vários lugares do Brasil, mas existia algo de impositivo por conteúdos gerados, em sua maioria, em São Paulo e Brasília. Quando falamos que representa um marco da nossa memória é preciso atentar na formação de algo que é ideológico. Além disso, tem uma maneira de contar o que acontece no mundo de forma eficiente, mas também tem interesses próprios como qualquer empresa deste país.
O Jornal Nacional foi o primeiro telejornal brasileiro a trabalhar em rede, produzir reportagens em cores, enviar conteúdo via satélite, ter enviados internacionais e é o que está a mais tempo no ar, se tornando um modelo a ser confundido com os gêneros telejornalísticos. A professora do curso de Jornalismo do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (Ces/JF), Gilze Bara, apontou dados da pesquisa de mestrado que indicam que 64,62% dos enquadramentos feitos sobre a bancada de apresentadores são realizados em planos abertos e, deste percentual, 69% das vezes apenas um dos apresentadores fala. “Há uma opção em mostrar os dois juntos, revelando que o JN mostra sempre o casal, seja um homem e uma mulher, ou, às vezes, dois homens ou duas mulheres. Mesmo com a existência de um predomínio de notícias factuais e hard news, que pedem um enquadramento fechado, ainda assim, vão contra essa tendência. Esse recurso traz uma intimidade com o público que se acha íntimo ao receber o famoso ‘Boa noite!’ do William Bonner.”
O telejornal também representa a transformação histórica e de identidades constituídas ao longo dos anos, além de criar um diálogo entre as experiências de quem o faz, de quem o assiste e das pessoas que o estudam. A professora da Faculdade de Comunicação da UFJF, Iluska Coutinho, reitera que o JN traz uma perspectiva educativa para o público não letrado que o acompanha, e para o telejornalismo ensina a produzir uma informação que seja acreditada ao dar voz à autoridades legitimadas. “Precisamos mudar nosso olhar, e reconhecer a democratização da informação no telejornalismo. O Jornal Nacional implementa uma linguagem televisiva, uma espécie de dramaturgia do telejornalismo, onde a empatia e os personagens das matérias afetam o público por meio de suas edições. Ele inspira outras emissoras e estabelece uma maneira de fazer jornalismo. Quando o Bonner diz que apresenta as notícias mais importantes do Brasil e do mundo, nossaa lentes também são guiadas a termos essa visão”, finaliza a pesquisadora.
O homenageado
Márcio Guerra é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É docente e pesquisador do curso de Comunicação Social da UFJF e, atualmente, exerce o cargo de diretor de Imagem Institucional da UFJF.
Começou sua jornada profissional atuando nas rádios da cidade, o Diário da Tarde e PRB-3, principalmente na área de jornalismo esportivo. Nessa época pôde conviver e aprender com profissionais de destaque, como João Batista de Paula, Mário Helênio, Dirceu Costa Ferreira, Paulo César Magela, entre outros.
Trabalhou e ajudou a consolidar o jornal Tribuna de Minas, além de ter sido repórter da TV Globo. No final da década de 80, ingressou na carreira de professor e hoje é titular do curso de Jornalismo da UFJF.
Outras informações: (32) 3313-4734/4941- Câmara Municipal de Juiz de Fora