O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), conta com um Ambulatório de Reumatologia Pediátrica para atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O ambulatório atende crianças e adolescentes de todas as idades, na identificação, internação e tratamento de doenças reumatológicas. A equipe atende em torno de 80 pacientes por mês durante quatro dias na semana.
A médica reumatologista responsável pelo atendimento, Gabriela Balbi, cita alguns sintomas comuns, que devem ser observados pelos pais e médicos: dores e inflamações nas articulações, durante e após um período de repouso, inchaço nas juntas e dificuldades de movimentação. Mas ela reforça também outros sinais menos evidentes, como queda de cabelo, perda de peso, manchas na pele, aftas recorrentes e febre arrastada, que podem ser indícios de problemas reumatológicos na infância. “Esses sintomas podem significar, isoladamente, várias condições diferentes. Por isso, quando aparecem ao mesmo tempo e por períodos prolongados, principalmente quando não há uma explicação, é importante buscar um profissional”, enfatiza.
Durante seus quatro anos de funcionamento, os casos que se mostraram mais frequentes no ambulatório são os de artrite idiopática juvenil. Essa doença é caracterizada por dores crônicas, inflamações nas articulações e restrições do movimento. Gabriela assegura que, com o tratamento adequado e precoce, é possível atingir remissão e o paciente voltar à sua rotina sem sequelas. “Quando os pacientes demoram a buscar atendimento, eles podem apresentar danos permanentes na mobilidade, mesmo com o tratamento. Daí a importância de manter consultas regulares”, esclarece Gabriela.
Mesmo o ambulatório sendo de caráter pediátrico, pacientes que já atendidos não são dispensados ao completarem 18 anos. Isso porque a continuidade dos tratamentos é de grande importância. Segundo a profissional, “chega um momento em que se passa a ter uma prevalência de doenças relacionadas à fase adulta, mas é comum alguns pacientes ficarem bastante tempo conosco”. Normalmente os tratamentos são realizados à base de medicamentos imunossupressores no caso de doenças autoimunes, mas também há possibilidade do paciente ser encaminhado para outras especialidades médicas, como ortopedia, dermatologia ou cirurgia dependendo do quadro. Também há um apoio na parte de reabilitação, com apoio da psicologia, fisioterapia e terapia ocupacional.
Caio Nicollas Ferreira, de 15 anos, está sendo tratado pela equipe do ambulatório há dois anos. Um certo dia, ele sentiu uma grande dificuldade de movimentar as pernas, acompanhada de dores fortes e manchas pelo corpo. Ednéia Ferreira, a avó do jovem, conta que a família suspeitou ser uma alergia, até receber o diagnóstico de púrpura de Henoch-Schönlein, uma condição rara. Após o tratamento inicial e com o acompanhamento regular, Caio relata não ter mais crises de dor, “hoje consigo viver meu dia a dia como uma pessoa normal”. Ednéia também comenta sobre o atendimento que recebeu no hospital ao longo desses dois anos, “sempre fomos muito bem recebidos, o HU se tornou uma segunda casa para nós. É um serviço importante e que merece ser mais conhecido pela população”.
Também participam dos atendimentos os alunos da Faculdade de Medicina da UFJF que estão realizando estágios nas áreas de pediatria e reumatologia no Hospital Universitário. Wives Toledo, estudante do 11° período do curso, comenta: “por ser um tipo de atendimento ainda escasso no Brasil, nós conseguimos acompanhar muitos casos raros”. Como o ambulatório faz parte do Serviço de Referência em Doenças Raras, não é incomum aparecerem pacientes com problemas cuja incidência é de um em 100.000. “Essa experiência é muito rica para quem está entrando na área. O contato direto com os pacientes traz dificuldades que não conseguem ser simuladas em sala de aula”, reflete o estudante.
Serviço de Referência
O HU-UFJF/Ebserh está autorizado pelo Ministério da Saúde a atuar como Serviço de Referência em Doenças Raras desde 2021. Trata-se do primeiro na cidade e região, e o terceiro no estado de Minas Gerais a oferecer cuidado integral e totalmente público. Isso significa que, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), os pacientes com doenças raras poderão ter acesso ao diagnóstico, aconselhamento genético, exames laboratoriais e de imagem, tratamentos específicos (quando disponíveis) e reabilitação. Para ser classificada como rara, a Organização Mundial da Saúde (OMS) entende que uma doença deve afetar até 65 pessoas em 100 mil.
Saiba mais sobre o Serviço de Referência em Doenças Raras no HU-UFJF.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.