Pesquisadora Heloisa D´Ávila ICB alerta sobre a importância de manter níveis normais de vitamina D para contribuir com tratamento, juntamente com os medicamentos tradicionais. (Foto: Twin Alvarenga)

A doença de Chagas, causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, ainda representa um importante desafio para a saúde pública, principalmente na América Latina. Caracterizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença tropical negligenciada (DTN), cerca de 7 milhões de pessoas no mundo são afetadas pela doença, que é responsável por aproximadamente 14 mil mortes anuais. 

Motivada pela busca de novas respostas para o combate à Doença de Chagas, a professora Heloísa D’Ávila, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), coordena a pesquisa “Efeito da vitamina D durante infecção experimental por Trypanosoma cruzi em macrófagos”. O estudo é desenvolvido no Laboratório de Biologia Celular, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Compreender como a vitamina D interfere nos processos inflamatórios e imunológicos pode abrir caminhos para novas abordagens terapêuticas contra a doença de Chagas”, Heloísa D’Ávila

A vitamina D como aliada da imunidade

O projeto estuda de que forma a vitamina D pode atuar na resposta inflamatória e imunológica durante a infecção pelo T. Cruzi. Realizados in vitro, os experimentos indicaram que o nutriente possui um efeito protetor, que fortalece a atuação dos macrófagos, células de defesa do organismo, de maneira mais eficaz contra o protozoário.

Nesse caso, a vitamina D capacita a resposta das células do hospedeiro de forma mais eficiente, promovendo a eliminação do parasita e impedindo a sua replicação no organismo. Os resultados indicam que níveis adequados ou a suplementação controlada da vitamina podem auxiliar no tratamento convencional da doença, ao potencializar a resposta imune. 

Do laboratório à sociedade 

Além de sua relevância científica, a pesquisa contribui para a formação de novos pesquisadores e para o fortalecimento da ciência colaborativa na UFJF. O projeto envolveu estudantes de iniciação científica e pós-graduação, além de estabelecer parcerias com a professora Patrícia Bozza , da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ) e com o professor Niels Olsen Saraiva Câmara , da Universidade de São Paulo (USP), ampliando o diálogo entre instituições de referência na área biomédica.

Segundo Heloísa, compreender como a vitamina D interfere nos processos inflamatórios e imunológicos pode abrir caminhos para novas abordagens terapêuticas contra a doença de Chagas, que continua sem cura definitiva. “Nosso objetivo é contribuir para a elucidação de novos alvos terapêuticos, ajudando a compreender como o organismo pode se defender de forma mais eficiente contra o parasita”. 

Ciência com impacto social

No caso do Brasil, a doença de Chagas está associada a condições de vulnerabilidade socioeconômicas, sendo mais comum em áreas rurais com deficiências de saneamento e habitação. Para a professora, esse cenário reforça a importância do investimento em pesquisas de caráter social e estratégico.

“A doença continua incurável e se estabelece nas regiões mais subdesenvolvidas do país, onde muitos pacientes ainda morrem em decorrência dela. Investigar mecanismos que possam auxiliar na resposta imune é também uma forma de contribuir com a saúde pública e com a qualidade de vida dessas populações”, destaca a pesquisadora.

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