Em um cenário de intensos debates sobre políticas públicas e o papel do serviço social, a Editora UFJF, em parceria com o Selo Serviço Social, lança sete obras que abordam temas cruciais da área. Conservadorismo, interseccionalidade e mercado de trabalho são alguns dos desafios contemporâneos abordados nas publicações, todas disponíveis gratuitamente on-line, em formato de e-book. Confira detalhes sobre os lançamentos e como acessar diretamente cada um desses títulos.
Conservadorismo e políticas de saúde
Um acontecimento recente na política brasileira exemplifica como a temática do livro “Serviço Social, política de saúde e conservadorismo” está atual. Trata-se da votação da PEC 164/12, que expande a proibição do aborto para casos de estupro, risco de vida para a gestante ou anencefalia do feto. Aprovada pela Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados no fim de novembro, a PEC é alinhada aos preceitos publicamente defendidos por parlamentares e ativistas que se denominam conservadores – como a crença na vida desde o momento da concepção e a restrição dos direitos reprodutivos de mulheres conquistados nas últimas décadas.
“Identificamos claramente um espraiamento de tendências conservadoras e neoconservadoras em todos os âmbitos da vida social, com ênfase acentuada no primeiro quadrante do século XXI”, contam as organizadoras do livro, Adriana Ramos, Letícia Silva e Luciana de Paula. Como o campo da saúde é um dos que mais empregam assistentes sociais no Brasil, elas acreditam que os conteúdos abordados na obra, de maneira atualizada, oferecem importantes subsídios para esses profissionais.
“Esperamos que também sirvam como um bom material de leitura e estudos, especialmente para aqueles que se dedicam às pesquisas nesta área de conhecimento.” O livro ainda traz temas como a política nacional de saúde mental e o racismo estrutural, passando por resistências organizadas, como a Frente Nacional contra a privatização da saúde.
Clique aqui para acessar a obra na íntegra.
Olhar interseccional e decolonial sobre saúde mental e drogas
De acordo com os pesquisadores Marco José Duarte, Sabrina Paiva e Elizete Menegat, organizadores, a obra é pioneira na área do Serviço Social por tratar os temas de saúde mental e drogas sob a perspectiva interseccional, intersetorial e decolonial. O livro “Saúde mental, drogas e interseccionalidades” divulga pesquisas que contribuem diretamente para o debate teórico e político no Brasil.
Duarte, Paiva e Menegat frisam, em entrevista, que a coletânea de textos inaugura, nas análises, “as interseccionalidades com marcadores sociais de diferença, desigualdade e opressão”. “É um livro que se constitui como um marco de um debate fundamental”, explicam. Eles ainda definem o desafio da obra como o de articular aspectos historicamente determinados e socialmente construídos com elementos que compõem as entrelinhas das políticas públicas de saúde mental e drogas e seus campos de intervenção correlatos. “Para tanto, fundamenta-se em teorias críticas sobre essa realidade.”
Os textos são resultados de pesquisas desenvolvidas por membros do grupo de pesquisa Gedis e por estudantes e professores do curso de Serviço Social da UFJF. Além disso, conta com a colaboração de uma rede nacional de pesquisa composta por estudiosos nos temas de sexualidade, gênero, diversidade, saúde, políticas públicas e direitos.
Clique aqui para acessar a obra na íntegra.
Humanização na saúde pública: lições e desafios atuais
Como garantir uma saúde verdadeiramente humanizada no SUS, em um cenário marcado por desafios e crises, como a pandemia de covid-19? A obra “Humanização em saúde: intencionalidade política e fundamentação teórica”, escrita por Marina Monteiro de Castro e Castro, atual diretora da Faculdade de Serviço Social da UFJF, aborda diretamente essa questão crucial.
O livro, fruto de sua pesquisa de doutorado, aprofunda a discussão sobre os desafios da política de humanização e sua efetivação no sistema público de saúde. Em sua segunda edição, Castro analisa o impacto da pandemia no contexto da humanização, buscando “despertar novas pesquisas e ser um instrumento de defesa de um trabalho em saúde humanizado e da política pública de saúde”.
Clique aqui para acessar a obra na íntegra.
Transformações no trabalho e neoliberalismo
Em um contexto marcado por intensas transformações tecnológicas e pelo avanço do neoliberalismo, a obra “Serviço Social, questão social e políticas públicas”, organizada pelas pesquisadoras Ednéia Oliveira e Carina Moljo, reúne artigos que analisam o impacto dessas mudanças – principalmente nas organizações da economia e nas relações de trabalho contemporâneas.
“Artigos sobre trabalho, teoria social, políticas públicas, sexualidade, drogas, entre outros, podem ser encontrados na obra”, adiantam Oliveira e Moljo. “É uma oportunidade de acesso a novos conhecimentos e de incentivo à reflexão sobre aspectos da realidade brasileira que extrapolam o debate interno do Serviço Social, alcançando diversas áreas do conhecimento.”
Clique aqui para acessar a obra na íntegra.
De Vargas a Bolsonaro: uma análise das políticas de emprego e renda brasileiras
A pesquisadora Ednéia Alves de Oliveira volta nesta nova obra, e agora como autora aprofunda sua análise sobre as políticas de emprego e renda no Brasil, fruto de mais de uma década de pesquisa. Dando continuidade a um estudo iniciado em 2017, que abordava o tema na Itália e no Brasil, ela concentra sua atenção no contexto nacional. “Como as mudanças são constantes, pois seguem a dinâmica da acumulação de capital, sentimos a necessidade de organizar outra obra com as atualizações mais recentes”, explica.
Desta vez, com foco somente no contexto nacional, a obra investiga as políticas implementadas no país desde o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) até a gestão de Jair Bolsonaro (2018-2022).
A pesquisadora destaca a importância de analisar a superexploração presente na história do país, remetendo à escravidão de indígenas e negros africanos e sua persistência na atualidade. Oliveira enfatiza que a crise e a ofensiva do capital para recuperar sua lucratividade intensificam essa exploração. “Nossa análise, portanto, está condicionada à dinâmica do modo de produção capitalista e às suas expressões no capitalismo brasileiro.”
Clique aqui para acessar a obra na íntegra.
Ao explorar esse tema no contexto de Brasil e Portugal, a obra oferece subsídios para a construção de processos de supervisão mais estruturados, ampliando as análises teóricas e metodológicas e incorporando experiências de outros países ibero-americanos. Além de atender às demandas da comunidade acadêmica, o livro reflete sobre o papel do ensino superior como bem público e direito humano fundamental em um cenário global de conservação política. Para as organizadoras, é uma leitura essencial para professores, estudantes, assistentes sociais e também para quem busca compreender as transformações nas configurações profissionais.
Clique aqui para acessar a obra na íntegra.
Pensadores do Brasil: uma jornada pelas raízes do pensamento crítico brasileiro
Organizado por Diogo Prado Evangelista e Fernando Guadereto Lamas, o livro “Pensadores do Brasil: notas introdutórias sobre a interpretação da realidade brasileira” apresenta as ideias de sete intelectuais — Caio Prado Júnior, Octávio Ianni, Florestan Fernandes, entre outros —, destacando suas contribuições para o pensamento crítico brasileiro entre as décadas de 1930 e 1980. Ao fazer isso, a coletânea oferece uma visão abrangente sobre subdesenvolvimento, ideologia, classe social, racismo e gênero.
Os capítulos são divididos por autores e têm o recorte entre as décadas de 1930 e 1980, destacando a integração de pensadores marxistas no Brasil e suas implicações para o pensamento crítico brasileiro.