A Semana Mundial da Prematuridade faz referência ao Dia Mundial, lembrado anualmente no dia 17 de novembro, desde 2008. E, segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, tornou-se um movimento intercontinental, no qual inúmeros indivíduos e organizações de mais de 100 países unem forças com atividades, eventos especiais, e se comprometem com a ação para ajudar a abordar a questão do nascimento prematuro e melhorar a situação dos bebês e de suas famílias.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), cerca de 340 mil bebês nascem prematuros no Brasil por ano. A pesquisa “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre o parto e o nascimento”, um estudo de base hospitalar com abrangência nacional, coordenado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP-Fiocruz), teve a cidade de Juiz de Fora como campo de trabalho e levantou que o Brasil é um dos países de maior ocorrência relacionada à prematuridade. “Nossa taxa de nascimento prematura é de 11,5%, que é uma taxa alta”, informou o médico neonatologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), Vitor Fernandes Alvim.
O HU-UFJF, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), possui Ambulatório de Follow Up, que oferta o acompanhamento do recém-nascido de alto risco, tanto o bebê que nasceu prematuro, quanto outros bebês que não nasceram prematuros, mas ficaram internados. Atualmente, o ambulatório funciona às quintas-feiras à tarde, recebendo pacientes egressos das UTIS de toda cidade de Juiz de Fora e da região, através do encaminhamento pela Central de Regulação da Prefeitura.
Ainda segundo o especialista, o ambulatório realiza o encaminhamento para fisioterapia, oftalmologia, além de outras especialidades recém-chegadas e mais abrangentes, como neuropediatria, para bebês com atraso no desenvolvimento, e pneumologia pediátrica, para os bebês com doença respiratória.
É considerado prematuro o bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação. Há uma classificação mais detalhada das idades gestacionais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): entre a 34ª e 36ª semana e seis dias, o bebê é considerado prematuro tardio; de 32 a 33 semanas e seis dias, prematuro moderado; é muito prematuro quando nasce entre 28 e 31 semanas e seis dias; e prematuro extremo abaixo de 28 semanas de gestação. Quanto menor a idade gestacional, maiores são os riscos.
Ana Cristhiane Amaral Wolff, moradora de Juiz de Fora, é uma das mães de bebês prematuros que tiveram esse acompanhamento no HU-UFJF. Ela é mãe do Vinícius, que nasceu com 24 semanas (5 meses) e 1 quilo. “Foi muito difícil, por ser meu primeiro filho, e você nunca espera ter um prematuro extremo, sair de um hospital sem seu filho, e deixar ele dentro de uma UTI, sabendo que cada segundo é fundamental para ele sobreviver. Nunca uma mãe está preparada para se tornar ‘mãe de UTI’. Até hoje acordo de madrugada para ver se ele está respirando. E o som da UTI vem na minha cabeça”.
O paciente prematuro é um paciente complexo e os cuidados quanto à prematuridade envolvem principalmente cuidados relacionados à equipe multidisciplinar da área médica e dos outros profissionais que se relacionam no cuidado, como enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais e técnicos. “O bebê prematuro pode ter questões já logo no início do nascimento. Existe uma variedade enorme de doenças que tem como fator de risco a prematuridade. Então são necessários, após o nascimento, esses cuidados especializados dentro do ambiente da UTI Neonatal. A acessibilidade ao sistema de saúde para cuidado é um diferencial enorme para a diminuição da taxa de mortalidade e das comorbidades associadas ao bebê prematuro”, salientou o médico.
Ana descobriu que estava grávida com 20 semanas. “Fui em duas consultas pré-natal e ele nasceu com 24 semanas, de parto normal. Foram 128 dias de UTI e 65 dias de pediatria. Até hoje agradeço o atendimento de todos do Hospital Universitário. Hoje, Vinícius está com 8 anos e 10 meses e só está assim saudável e muito inteligente por estes profissionais, realmente anjos que salva vidas e famílias inteiras”, relatou a mãe. Vinícius é um dos pacientes que fizeram acompanhamento no HU-UFJF, até os 4 anos.
“Cada mãe de um prematuro, tenha fé na criança que está na sua frente, e que tudo vai dar certo. Acredite e lute junto com a equipe e médicos. Nunca chore na frente de seu filho. Sempre converse com ele, e conte como ele tem um mundo todo aqui fora, que você vai estar pronta para ele, juntos vão viver tudo. Ser mãe de um prematuro é viver cada segundo, mas no final a recompensa é muito maior. Você vai ter o amor de sua vida”, finalizou Ana.
Rede Ebserh
O HU-UFJF faz parte da Rede Ebserh desde novembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.