Celebrando a diversidade, a resistência e o legado africano, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reafirma o compromisso em promover o conhecimento sobre o continente, oferecendo gratuitamente obras que exploram a história e a cultura africanas. Na esteira do Dia Internacional da África, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 25 de maio, a Editora UFJF destaca três e-books que trazem reflexões mais aprofundadas sobre a importância da história da África, assim como seu impacto profundo no contexto brasileiro.
As três obras são assinadas pela pesquisadora Fernanda Thomaz que, atualmente, é coordenadora geral da Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas, setor ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Ela explica que as celebrações feitas durante o mês de maio são uma forma de rememorar as diferentes formas de resistência contra o colonialismo e a exploração econômica dos povos africanos. “E é importante também celebrar a importância da África para a humanidade”, reforça. “O Brasil foi o país que mais recebeu africanos durante o tráfico de pessoas escravizadas. É preciso reconhecer o quanto essas pessoas trouxeram de conhecimento e cultura – e o quanto tudo isso é importante para a nossa sociedade.”
Afrikas: histórias, culturas e educação
O livro é uma coletânea de artigos que explora as diversas realidades do continente africano, abordando culturas e histórias de diferentes regiões, bem como o impacto do colonialismo, as relações de poder e religião e o papel da literatura e do cinema na formação de imaginários sociais. Além disso, discute e a inserção da história africana no currículo escolar brasileiro.
A grafia “Afrika” é adotada para refletir a diversidade linguística e cultural do continente. A obra é resultado do projeto Pós-Afrikas, financiado pelo Ministério da Educação (MEC), com foco na formação de professores para o ensino de estudos africanos na rede básica.
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Um breve passeio pela história e culturas africanas
A obra descreve, de forma sintetizada, a história e a cultura da África, evidenciando a influência que o continente teve para a formação sócio-histórica do Brasil – além de influenciar diretamente em saberes relacionados à dança, música, culinária e práticas religiosas.
No livro, a autora reforça que a África deve ser estudada não apenas pela conexão histórica com a escravidão, mas também por suas contribuições culturais, tecnológicas e ideológicas à humanidade. Além disso, critica a visão eurocêntrica predominante na historiografia, ampliando o debate sobre a relevância da África no contexto global.
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Casaco que se despe pelas costas: história do colonialismo, justiça e agências africanas em Moçambique
Para entender as agências africanas diante da imposição colonial, a autora Fernanda Thomaz realizou uma pesquisa de campo se deslocando até a região do norte de Moçambique. Durante sua estadia, mergulhou na vida local, morando na periferia de Maputo e participando ativamente da vida comunitária. Nesse e-book, está documentada uma série de aspectos culturais – especialmente amparadas pelas ações judiciais realizadas entre os macondes, sob a jurisdição de um tribunal colonial português.
O interesse pelo tema surgiu após a autora ter contato com a obra Os Macondes de Moçambique, do antropólogo português Jorge Dias.
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Sobre a autora
Fernanda Thomaz é pesquisadora do departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). No ambiente acadêmico, ela pesquisa temas ligados ao colonialismo, aos estudos africanos, às relações raciais e gênero, à história e à memória afro-brasileiras. Em 2023, ela passou a integrar a coordenação de Memória e Verdade sobre a Escravidão e o Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas, a convite do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), comandado por Silvio Almeida.
Sua trajetória acadêmica teve início na Universidade Federal Fluminense (UFF) com a conclusão da graduação em História, instituição em que também cursou mestrado e doutorado. Além disso, é pós-doutora pela Universidade de Ibadan (Nigéria) e pelo Instituto Max Planck (Alemanha).