Foto tirada por um microscópio de uma amostra de medula óssea. (© OGphoto via Canva.com)

O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF, sob gestão da Ebserh) acaba de alcançar uma marca histórica: a realização de 500 transplantes de medula óssea. O médico hematologista Abrahão Hallack Neto, responsável pelo Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) da instituição, enfatiza a importância desse número, destacando-o como a consolidação de um programa robusto de transplantes em um hospital público de ensino.

A 500ª paciente a receber o transplante foi Thaís Araújo da Silva, uma estudante de Nutrição de 22 anos, nascida na cidade de Muriaé. Diagnosticada com leucemia mieloide aguda recidivada, Thaís não encontrou um doador 100% compatível na família ou no banco de medula. Dessa forma, o transplante foi realizado com sua irmã, que possuía 50% de compatibilidade, utilizando um método de transplante com doador haploidêntico, conforme explicou o médico.

A médica Kátia Regina Alves, hematologista atuante no TMO desde 2021, destaca a importância da realização de 500 transplantes pela instituição. Segundo ela, esse marco é significativo não apenas para o HU-UFJF e a região de Juiz de Fora, mas também para aumentar o acesso a cuidados avançados na área de saúde. “Ainda existem poucos centros transplantadores no Brasil, e o Serviço de Transplante de Medula Óssea do HU-UFJF amplia em número e qualidade a possibilidade de tratamento para os pacientes que precisam deste tratamento especializado”, pontua.

A profissional também participou ativamente no transplante de Thaís, um caso marcado por sua complexidade devido ao tipo de transplante e à compatibilidade parcial da irmã, exigindo cuidados adicionais. “Ela segue se recuperando muito bem”, relata a médica. Ela ainda aponta o crescimento contínuo da equipe em termos de experiência e especialização, o que tem possibilitado a execução de transplantes mais desafiadores, como os haploidênticos e os não aparentados. “A marca de 500 transplantes traz cada vez mais solidez ao serviço.”

Thaís Araújo da Silva conta que vai voltar para a rotina, buscar novas experiências e “aproveitar ao máximo tudo que puder” (Foto: Arquivo pessoal)

A enfermeira oncológica Maria Carolina Pires ressalta a importância da assistência humanizada e especializada oferecida pelo serviço. “Faço parte da equipe há três anos e pude vivenciar momentos ímpares com nossos pacientes. A dedicação de toda e equipe multidisciplinar contribui para o sucesso que estamos alcançando. O enfermeiro atua desde a avaliação inicial (pré-TMO), com realização de reuniões e consultas de enfermagem, coleta de células tronco de sangue periférico, processo intra e pós-transplante. Essa assistência requer uma enfermagem treinada e especializada, e grande parte dos bons resultados do transplante depende da qualidade dos cuidados de enfermagem nas diversas fases. Estamos muito felizes em celebrar essa conquista dos 500 transplantes”, comemora.

Serviço completará 20 anos em 2024

O Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) completa 20 anos em 2024. O médico Abrahão Hallack Neto, médico responsável pelo serviço, frisa a meta de aumentar a quantidade de transplantes realizados, visando agilizar e aprimorar o acesso a este tratamento essencial. A expectativa de ampliação não se restringirá apenas à região da Zona da Mata mineira, mas também contemplará o estado do Rio de Janeiro. “O serviço de TMO do HU-UFJF faz todos os tipos de transplantes de medula óssea, desde os mais simples aos mais complexos, sendo um campo importante não apenas para o tratamento dos pacientes, mas para o treinamento de profissionais da área de saúde e para a pesquisa”, reforça.

Para o superintendente do HU-UFJF, Dimas Araújo, o sucesso alcançado ao longo desses vinte anos estabelece o hospital como um centro de referência em transplantes de medula óssea. “Ações como a deste transplante, além de demonstrar a excelência na assistência, é de grande importância na formação de nossos alunos e residentes, e abre espaços importantes para nossos pesquisadores”, finaliza.

Conheça a 500ª pessoa a receber o transplante

Thaís Araújo da Silva contou um pouco da sua história: em janeiro de 2023, começou a sentir fortes dores abdominais e foi diagnosticada com uma infecção renal. Ao ser internada, descobriu uma anemia por meio de exames de sangue. “Tentamos tratar a anemia, sem sucesso, daí fiz uma biópsia de medula e, em março, veio o diagnóstico de leucemia mieloide aguda com indicação de transplante. A minha cidade não faz o transplante alógeno haploidêntico, por isso transferiram para o HU. Meu procedimento foi dia 18 de outubro, e a pega da medula, dia 4 de novembro. Deu tudo certo e estou muito bem”, relata.

A jovem segue em acompanhamento periódico no Hospital. Sobre os projetos daqui pra frente, ela diz que pretende retomar a vida de onde parou: “voltar minha rotina e faculdade, além de aproveitar ao máximo tudo que puder, procurar experiências novas, porque nunca se sabe quando é a última vez.”

Para a equipe do TMO, Thais deixa uma mensagem: “Gostaria de agradecer de todo meu coração a forma como fui tratada, todo carinho, atenção e paciência. Obrigada por terem deixado esse processo que é tão complicado mais leve e mais fácil. Vou ser eternamente grata por terem salvado minha vida e cuidado de mim com tanto amor. Em especial, Dr. Abrahão, por acreditar que eu conseguiria”.

Rede Ebserh

O HU-UFJF faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde novembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.