No centro da foto, Murílio Hingel participa da cerimônia da Pedra Fundamental, marco da construção da UFJF, em meados da década de 1960 (Foto: Roberto Dornelas)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lamenta o falecimento de Murílio de Avellar Hingel, ocorrido na madrugada desta quarta-feira, 4, na França, onde se encontrava em viagem. Nascido em 5 de abril de 1933 em Petrópolis, Hingel dedicou sua vida à educação e deixou um legado significativo para a comunidade acadêmica, tanto da UFJF quanto do próprio Brasil. Em respeito à sua contribuição notável, a UFJF decreta luto oficial na instituição por três dias.

Além da própria Universidade, o professor lecionou em outras instituições de ensino em Juiz de Fora, contribuindo para o desenvolvimento acadêmico e cultural da região. Nacionalmente, a dedicação de Hingel foi reconhecida quando ocupou o cargo de ministro da Educação no Governo Itamar Franco, entre os anos de 1992 e 1995.

O reitor da UFJF, Marcus David, destacou que, quando ministro, Hingel estabeleceu uma prática comprometida com “uma educação transformadora”. “Além de ter sido um professor com papel fundamental na criação da própria universidade, do Colégio de Aplicação João XXIII e da nossa Faculdade de Educação, é importante destacar também que, como ministro, Hingel foi responsável por permitir que a UFJF passasse a dispor de dois dos maiores equipamentos culturais da nossa cidade: o Cine-Theatro Central e o acervo do poeta Murilo Mendes, que hoje está no Museu de Artes Murilo Mendes (Mamm).”

História de Hingel se confunde com a da UFJF

Hingel graduou-se em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia e Letras (Fafile) da UFJF, onde posteriormente atuou como diretor durante o período da ditadura militar, sendo um dos marcos de sua carreira a defesa pelo regime democrático. Outro ponto de destaque da trajetória de Hingel foi sua participação como um dos mentores responsáveis pela criação do projeto que resultou no primeiro campus-avançado da UFJF em Tefé, no estado do Amazonas.

Em entrevista ao portal da UFJF na ocasião dos 60 anos da instituição, o professor  compartilhou suas reflexões sobre a Reforma Universitária, iniciada em 1968, e apontou, entre outros, motivos para a construção de uma cidade universitária distante do Centro da cidade, destacando os desafios enfrentados pela UFJF na época. Clique aqui para ler na íntegra.

Gestão como ministro

O período em que Hingel ocupou o cargo de ministro da Educação (1992 – 1995) foi marcado pelo maior direcionamento de recursos para as universidades registrado até então, totalizando R$ 2,5 bilhões para investimentos em equipamentos e espaços como bibliotecas e hospitais universitários. A abordagem do ministro foi voltada para o esforço para promover o diálogo com as instituições de ensino, independentemente de seu porte, contribuindo para uma fase de cooperação e expansão no cenário acadêmico brasileiro.