O projeto de extensão “Encontro Temático da Comunidade Negra de Juiz de Fora”, em parceria com a Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), definiu, na última segunda-feira, 25, o tema da V Semana de Consciência Negra da UFJF. A Semana irá abordar os 20 anos da Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira.
Além da definição do tema, que contou com a colaboração de coletivos, grupos e movimentos negros, o evento já tem data para acontecer. Será entre os dias 13 e 30 de novembro, com inscrições entre 1º e 15 de outubro.
De acordo com o professor do Departamento de Matemática, coordenador do projeto, Willian Cruz, um edital será divulgado no dia 1º de outubro, onde será possível anexar outras propostas para a construção do evento. A ideia é que a Semana conte com feiras, workshops, palestras e atividades culturais, e tenha a participação de alunos de escolas públicas locais.
“Conversamos, apresentamos as ideias e chegamos a uma conclusão de que a temática escolhida é algo que a gente ainda precisa reforçar. Nela, vamos agregar todas as ideias que foram debatidas nesse encontro e outras que vierem no edital que iremos lançar. Entendemos que as nossas lutas são complexas em uma sociedade racista como nós vivemos, mas esse debate nos deu a esperança de que é possível mudar.”
Para o membro do coletivo Descôlonia e estudante do curso de Cinema da UFJF, Leonardo Marques, a escolha do tema é importante por conta da participação escolar. Durante os níveis fundamental e médio, ele não teve muito contato com o ensino sobre história e cultura africana. Por isso, para ele, ações como essas do projeto trazem a possibilidade de expandir o conhecimento sobre o assunto. “Eu só fui ter aula em África aqui na Universidade. Essa aulas e essas ações do projeto servem para descolonizar a nossa mente e também celebrar os 20 anos dessa lei e fortificá-la.”
Para a estudante de Moda da UFJF e também membro do coletivo Descôlonia, Maria Eduarda Oliveira, uma das ideias trazidas pelo coletivo é mobilizar os estudantes para que haja maior conscientização sobre pautas sociais e raciais. “Pretendemos fazer uma feira com exposições artísticas, além de promover um baile ao fim do evento. Nesses espaços, haverá a troca de saberes. Além da formação política e social, queremos trazer a cultura através da festividade no último dia de evento, justamente para que todos tenham esse contato com a cultura negra.”
Já a professora da Educação Básica, nas áreas de Filosofia e Ensino Religioso, Cláudia Oliveira, relata que existe a necessidade de uma formação de professores sobre a temática dentro das escolas, já que muitos alunos não se reconhecem como negros. “Eu quero contribuir para esse evento dentro do campo da religião no contexto do ambiente escolar. Algo que chegasse até as escolas, principalmente as periféricas. Tudo o que se propõe, o que se discute aqui na UFJF, tem que chegar até nós que estamos nas periferias e nos bairros.”