Mulheres negras, quilombolas, indígenas e ciganas poderão obter bolsas de doutorado e pós-doutorado sanduíche no exterior, por meio do “Programa Atlânticas – Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência”. A previsão é que, pelo menos, 45 bolsas sejam concedidas nacionalmente. Desta forma, estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que se enquadrem no perfil da iniciativa, terão a oportunidade de concorrer com alunas e pessoas tituladas em outras instituições. 

A novidade, anunciada pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, na última quinta-feira, 13, aponta que o Governo Federal irá investir, aproximadamente, R$ 7 milhões no programa. A iniciativa será realizada por meio de parceria entre os ministérios da Igualdade Racial (MIR); da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI); das Mulheres; e dos Povos Indígenas; além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência vinculada ao MCTI.

Como participar 

O lançamento do programa será realizado em 20 de julho, em Belém, no Pará. Interessadas em participar deverão estar regularmente matriculadas em curso de Doutorado, reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ou terem concluído programa de pós-graduação reconhecido pela autarquia, em qualquer área de conhecimento.

De acordo com a coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFJF, Priscila de Faria Pinto, após o lançamento do edital, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp) poderá oferecer suporte relacionado à inscrição no programa, para as estudantes da Universidade. 

“O número de alunas negras na UFJF tem crescido a cada ano. Mas ainda não havia sido lançada nenhuma iniciativa específica para bolsas de doutorado e pós-doutorado, voltadas para este grupo. O programa irá proporcionar um aumento da oferta de bolsas de doutorado e pós-doutorado sanduíche no exterior”, destaca. Ainda de acordo com Priscila, o edital irá estimular junto às estudantes, “a continuidade das suas formações e do vínculo com o desenvolvimento da ciência e da pesquisa.”

Dados coletados na Plataforma Sucupira, vinculada à Capes e disponíveis na página da Propp, demonstram que em 2022, a UFJF contava com 244 estudantes pardas, 124 alunas pretas e uma estudante indígena entre os discentes dos cursos de pós-graduação.

Beatriz Nascimento

O programa leva o nome da historiadora sergipana radicada no Rio de Janeiro e ativista do movimento negro Beatriz Nascimento (1942-1995). Professora de História na rede estadual de ensino fluminense e pesquisadora, a intelectual se dedicou ao estudo de temas como os sistemas sociais alternativos organizados por pessoas negras, como os quilombos e as favelas. 

Beatriz Nascimento é narradora e roteirista do documentário “Ôrí” (1989), dirigido por Raquel Gerber. O longa retrata o processo de libertação do povo negro brasileiro e como essa população organiza seus territórios. A pesquisadora faleceu, vítima de feminicídio, em janeiro de 1995. Na época, ela cursava mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2021, Beatriz Nascimento se tornou doutora honoris causa in memoriam pela UFRJ. 

Outras informações: (32) 2102-3780 – Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa