Funcionários da Proinfra recolhem “lixo verde” no campus que será direcionado para a composteira da UFJF. (Foto: Alexandre Dornelas)

Você já ouviu falar sobre “lixo verde”? Esse termo está relacionado à sustentabilidade e descreve o processo de reaproveitamento dos resíduos resultantes da poda de árvores, buscando um destino ambientalmente responsável para galhos, troncos e folhas. Com o objetivo de implementar esse serviço no campus, bem como promover a reutilização desse substrato, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) construiu uma composteira em suas instalações, que está em funcionamento desde 2022.

Localizada no segundo pátio de estacionamento da Pró-Reitoria de Infraestrutura e Gestão (Proinfra), a composteira ocupa uma área de 4.000 m². Desde a sua construção, a equipe de paisagismo da UFJF, responsável por esse trabalho, já produziu aproximadamente 30 toneladas de produtos orgânicos para serem utilizados nas instalações internas.

Para o gerente de paisagismo da Universidade, Reinaldo Chagas, a criação da composteira facilita a logística de armazenamento e também resulta na economia de gastos. “O trabalho pode ser feito duas vezes por dia, gastando menos combustível, manutenção nos veículos e a quantidade de servidores. Apesar de ser um trabalho recente, evidencia a preocupação da nossa instituição em gerir adequadamente seus resíduos verdes.”

Anteriormente, os materiais recolhidos eram destinados aos aterros sanitários da Universidade, localizados na BR-040, ou armazenado no Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF), juntamente com outros tipos de lixo, como materiais de construção.

“Lixo verde” é tratado na composteira, revirado semanalmente por retroescavadeiras e irrigado com água proveniente do lago da Universidade. (Foto: Carolina de Paula)

Processo de compostagem
Estima-se que, semanalmente, sejam colhidos 100 m³ de folhas e galhos provenientes do campus da UFJF e instituições ligadas à ela, como Jardim Botânico, Parque Tecnológico, CAEd, Fazenda Experimental e Hospital Universitário (HU/UFJF). O processo tem início com a poda, capina e varrição, responsáveis pelo recolhimento desses resíduos verdes. Após a coleta, o “lixo verde” é depositado nas cinco estações de coleta de folhas localizadas no anel viário e, em seguida, direcionado para a composteira. 

O material é revirado semanalmente por retroescavadeiras e irrigado com água proveniente do lago da Universidade, por meio de um caminhão-pipa. Os servidores da UFJF controlam o tempo de armazenamento do material e a temperatura para evitar a fermentação do composto no solo. Todo o processo é concluído em um período de seis meses. “É um trabalho ainda inicial, mas significativo”, destaca Evandro Barbosa, encarregado sobre parques e jardins da UFJF e um dos responsáveis pela coleta dos resíduos sólidos. 

O servidor explica que a quantidade de lixo verde coletado varia de acordo com a estação do ano. Em dias normais, são recolhidos em média de 8 m³ a 40 m³ de lixo verde por semana, o que equivale a cinco caminhões. Em dias mais chuvosos, essa quantidade pode chegar a 64 m³, ou seja, oito caminhões. Em períodos de ventania, com quedas de galhos e árvores, a coleta é realizada diariamente e pode chegar a 40 m³ em um único dia, também equivalente a oito caminhões. 

Inicialmente, o material está sendo utilizado como adubo para o reflorestamento de mudas no próprio campus da universidade. Segundo Evandro Barbosa, com a produção atual, já foi possível utilizar o adubo em todo o canteiro do anel viário da UFJF. O próximo passo será expandir esse processo para outras áreas do campus que também possuam jardinagem e arborização. Além disso, para o futuro, o objetivo é disponibilizar esses adubos para a comunidade externa.

Resultado de um projeto de mestrado

Material, após tratado na compostagem, é utilizado como adubo para o reflorestamento de mudas no próprio campus da universidade. (Foto: Alexandre Dornelas)

O projeto contou com o apoio da mestre Isabela Vargas, que desenvolveu a dissertação de mestrado intitulada como “Análise de viabilidade técnica da compostagem de resíduos de poda, capina, varrição e roçada: estudo de caso na Universidade Federal de Juiz de Fora“.

De acordo com Isabela, a pesquisa teve como ponto de partida uma avaliação sobre a possibilidade de realizar esse trabalho na Universidade, bem como em outras instituições públicas. Para realizar o estudo, foram construídas três leiras (montes) na UFJF, com dimensões de seis metros de comprimento, dois metros e meio de largura e 1,6 metros de altura. Cada leira correspondia, aproximadamente, a três caminhões de resíduos.

O trabalho foi bem recebido pelo gerente de paisagismo, pois, segundo ele, serviu como um ponto de partida para a continuação do cuidado da composteira até os dias atuais. “O estudo nos permitiu considerar pequenos detalhes do processo, desde o espaço disponível até os tipos de materiais que deveriam ser utilizados”.

Ainda na visão da pesquisadora, os resultados foram satisfatórios e comprovaram que este trabalho pode trazer grandes frutos, além de dar uma destinação correta para esses resíduos. “É importante que a Universidade dê continuidade ao projeto e continue melhorando a sua  estrutura, como questões de segurança e cobertura das compostagens, principalmente no período de chuva. É uma simples ação que pode, futuramente, se tornar um ponto de visitação e servir de exemplo para outras instituições”, destaca Isabela.

Descarte incorreto

Lixo descartado de forma irregular prejudica processo de compostagem e podem causar enchentes, contaminação do solo e a aparência desagradável do espaço público. (Foto: Carolina de Paula)

Uma dificuldade enfrentada pelos servidores é a mistura desse material com os resíduos descartados incorretamente no campus. Ainda de acordo com levantamento feito pelo setor de paisagismo, são retirados nas canaletas e bueiros do anel viário da Universidade até 40 m³ de lixo semanalmente, equivalente a oito caminhões. Entre estes resíduos, são encontrados papel, garrafas, potes de plásticos, garrafas pets, papelão, entre outros. 

Além dos riscos que esses descartes irregulares podem causar, como enchentes, contaminação do solo e a aparência desagradável do espaço público, há também o atraso no início do processo de compostagem. 

“Esse número é bastante significativo se considerarmos que a limpeza é realizada constantemente. Além disso, dificulta todo o nosso trabalho, uma vez que todo o material recolhido precisa passar pelo processo de separação. É importante que a população colabore e faça o descarte correto”, enfatiza o gerente de urbanismo. 

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